Conheça cinco estilistas emergentes que investem na sustentabilidade
Olivia Rubens, Autumn Adeigbo, Bethany Williams, Felipe Fiallo e Cameron Williams são designers que vale a pena conferir o trabalho
atualizado
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Uma das pautas mais relevantes e promissoras da moda atualmente é a sustentabilidade. Não à toa, os brechós conquistam cada vez mais adolescentes e jovens. Em geral, o grupo de consumidores com idade até 22 anos está com maior disposição para pagar mais por marcas eco-friendly, em comparação com outras faixas demográficas. Segundo pesquisa da First Insight, realizada nos Estados Unidos e divulgada neste ano, 73% dos entrevistados abririam o bolso por produtos ambientalmente éticos. Diante desse cenário, as etiquetas estão cada vez mais engajadas na proteção da natureza e investem em inovações tecnológicas para garantir um presente e um futuro mais consciente ecologicamente. Por isso, a coluna elencou cinco estilistas emergentes que caminham nesse sentido, e vale a pena conhecê-los.
Vem descobrir!
Olivia Rubens
Além de designer, a canadense Olivia Rubens é consultora de sustentabilidade e sourcing (método de mapeamento e pesquisas com foco no desenvolvimento de canais de abastecimento com o menor custo total). Formou-se em design de moda na Universidade Ryerson. Em 2018, a estilista se mudou para a capital britânica, para fazer mestrado na London College of Fashion.
O foco principal do trabalho de Olivia são malhas e o tricô. A estilista trabalha apenas com fios certificados. Segundo a própria profissional, as criações são excêntricas, lúdicas, vibrantes e misteriosas.
Em entrevista ao portal Fashionista, a designer explicou de onde tira inspiração. “Costumo buscar na natureza humana: discurso, nossas peculiaridades, a interseccionalidade das pessoas, cultura ou questões sociais. Eu também cutuco coisas que normalmente são tabu, e é por isso que meu trabalho pode ser sombrio e divertido de uma forma colorida”, assinalou.
No ano passado, a jovem recebeu o Prêmio de Moda Responsável da plataforma International Talent Support. Constantemente, Olivia Rubens desenvolve colaborações com desenvolvedores de novos materiais, que são circulares ou ambientalmente positivos. Além disso, garimpa e reaproveita roupas de estoque morto de lojas e de brechós de caridade.
Autumn Adeigbo
Moda colorida e comunicativa: é assim que Autumn Adeigbo define a própria grife. Nascida na Nigéria e naturalizada norte-americana, ela mora em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde fundou o negócio.
“Como orgulhosa proprietária de uma empresa negra, Autumn se dedica a impactar positivamente as vidas das mulheres em todas as culturas, utilizando instalações de produção de propriedade de representantes femininas nos Estados Unidos e fornecendo aos artesãos globais empregos significativos e salários justos”, explica o site da designer.
Da produção à entrega, a marca da estilista nigeriana-americana adota práticas sustentáveis. Para isso, compra materiais em quantidade limitada e confecciona apenas sob demanda. A ideia é não gerar desperdício de tecido e estoque excedente.
No DNA da label, estão principalmente as estampas chamativas. Animal print, xadrez, elementos da natureza e formas geométricas dão tom às coleções. As modelagens são clássicas, delicadas e modernas, ao mesmo tempo. A etiqueta já vestiu personalidades como Mindy Kaling, Kerry Washington e Busy Philipps.
Bethany Williams
Um dos nomes que mais merece destaque atualmente é o de Bethany Williams. A irlandesa mescla práticas eco-friendly com cunho beneficente, ao incluir grupos comunitários no processo de confecção. Ela venceu o segundo prêmio Queen Elizabeth II por Design Britânico. Também já foi finalista do Prêmio LVMH.
A estilista tem MBA pela London College of Fashion. Em entrevista ao FFW, contou que a vontade de colaborar com projetos sociais nasceu na faculdade. “Enquanto eu elaborava a minha dissertação, entendi que o meu trabalho poderia causar um efeito político e socioeconômico em uma proporção maior”, destacou.
As peças da marca homônima de Bethany Williams são vibrantes, coloridas e oversized. “Todos os meus tamanhos são ‘masculinos’, mas é uma marca agênero. Prefiro as formas da moda masculina, e o caimento, mesmo nas mulheres”, afirmou à Vogue Brasil.
Felipe Fiallo
Outra grife sustentável para conquistar o coração é a do equatoriano Felipe Fiallo, especializada em calçados. Com conceitos provocadores, o latino-americano combina “estética, função, ética e inovação”. “Eu imagino novas tendências da moda que aumentem a conscientização em todas as camadas sociais”, apontou em comunicado.
O designer se formou no Istituto Marangoni, de Florença, na Itália. Pelo trabalho responsável, já foi reconhecido por premiações como ITS Fondazione Ferragamo Award e ITS People’s Choice Award. Ao longo da carreira, o profissional também fez projetos para etiquetas renomadas. Entre elas, Puma e Stella McCartney.
A marca homônima de Fiallo é dividida em três linhas. Uma delas é Bio-Future, destinada à experimentação com materiais que vêm diretamente da natureza. O resultado são sapatos biodegradáveis feitos de algas marinhas e micélio de fungos, por exemplo. A segunda vertente é a Eco-Future, que traz princípios de zero resíduos e upcycling. Já a seção Future aponta a manufatura local e a economia circular como pilares centrais.
Cameron Williams
O britânico Cameron Williams fecha a lista. Idealizador da grife Nuba, o designer estudou na Central Saint Martins, em Londres, na Inglaterra. Autêntico, o jovem aposta em modelagens nada convencionais, com assimetrias e caimentos diferenciados. Também cria um estilo de alfaiataria cool.
No processo criativo, Williams leva em consideração a desconstrução de estereótipos e preconceitos. “Historicamente, as culturas ocidentais conceitualizam a negritude – tanto o termo quanto a cor – com conotações prejudiciais ou ameaçadoras. Eu uso o preto e outros tons de terra escuros para transmitir o fascínio da cultura africana, bem como a situação emocional vivida pelos grupos indígenas, e para subverter o significado do preto”, declarou ao Fashionista.
No quesito sustentabilidade, a Nuba é referência. Usa tecidos proporcionados por organizações que apoiam comunidades de Uganda. Os materiais vêm de casca de árvore e até de lodo, por meio de “processos culturalmente significativos que existem há centenas ou milhares de anos”.
É fato que há diversas formas de aderir à sustentabilidade, seja como profissional da moda, marca ou comprador. Ficar de olho em designers que estão em ascensão é uma boa maneira de saber o que há de mais atual no mercado fashion. O ecologicamente correto já deixou de ser apenas uma tendência: atualmente, trata-se de uma questão de sobrevivência.
Colaborou Rebeca Ligabue