Conheça cinco coleções de estilistas brasilienses recém-formados
No trabalho de conclusão de curso, os estudantes de design de moda do Iesb desenvolveram peças autorais. Confira os projetos apresentados
atualizado
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A capital do país é um celeiro de talentos. Seja na música, seja na arte, diversos criativos destacam-se em seus segmentos. No universo da moda, não seria diferente. Todos os semestres, o Centro Universitário Iesb lança novos profissionais da área por meio do curso de design de moda. Consagrando o trabalho dos jovens talentos, a coluna elencou cinco coleções desenvolvidas pelos estilistas recém-formados na instituição.
Vem conferir!
Em tempos de pandemia, os criativos precisaram se adaptar ao momento. A professora Rafaella Lacerda, responsável pela disciplina de projeto integrador, conta que durante a criação das coleções as orientações foram feitas conforme a necessidade dos projetos. A comunicação iniciou remotamente no primeiro momento, mas, logo depois, foi necessário o retorno presencial — que foi de grande importância para o desenvolvimento dos alunos.
“Cada aluno trouxe suas identidades, seus propósitos e valores únicos. Foi muito interessante. Tivemos trabalhos sobre a resiliência dos fungos, fluidez de gênero, body positive, ativismo, conforto, alfaiataria, moda brasileira e afrofuturismo. Foi muito lindo ver a diversidade de temas e narrativas”, destaca.
A seguir, confira cinco coleções criadas pelos estudantes que se formaram em design de moda:
Sinergia
A sinergia pode ser definida como o esforço simultâneo, cooperação e coesão. É quando um grupo abdica de vontades individuais em prol de um bem maior, ou seja, quando o todo se torna maior do que as partes. Inspirada pela potência da expressão, a estilista Karyn Sousa desenvolveu uma coleção de moda sem gênero e techwear, com a proposta de inclusão e quebra de rótulos.
“Na concepção, eu busquei criar algo que atendesse às necessidades de identificação da geração Z. Para combinar com a imagem, que traz essa irreverência presente nas produções dos jovens, eu optei por uma técnica que reflete este momento tecnológico”, explica.
Adaptar, expandir, explorar: as peças foram pensadas para expandir as possibilidades. Com modelagens que evidenciam os corpos, a assinatura desta coleção são os detalhes de amarrações. Dessa forma, o cliente consegue estilizar a peça de acordo com as suas preferências. Além disso, a designer trouxe para as criações uma tendência absoluta: recortes, também conhecidos como cut-out.
Pilotto
Do trabalho ao happy hour; de um jantar à balada. Traduzindo as últimas novidades de moda, a coleção Emmecè, criada por Manuela Couto, apresentou vestidos fluídos, recortes sensuais, transparências e detalhes pensados para imprimir a personalidade de cada mulher.
Nas peças desenvolvidas, a estilista uniu as preferências profissionais e pessoais. “A coleção é um mix do meu gosto pessoal com as tendências em alta no momento. Eu sempre fui fã da alfaiataria, por exemplo. É uma técnica milenar que imprime um DNA muito sofisticado às roupas”, detalha Manuela Couto. “Hoje em dia, vemos uma alfaiataria bem mais desconstruída, com shapes, tamanhos e tecidos diferentes. Quis trazer esse frescor e inovação para as minhas peças”.
Para ela, o conceito de que roupas com brilhos ou aplicações são destinadas somente para ocasiões festivas ainda é muito presente. No entanto, tudo depende da forma como são somadas. “Nós estamos saindo de um momento de grande ruptura no mundo, e isso está refletindo na forma em como as pessoas se vestem. Elas estão em busca de opções mais coloridas, ousadas, alegres e anseiam por diversão. Isso reflete nas peças criadas, seja pelas cores, seja pelas modelagens diferentes”, descreve.
Villain
Com inspiração nos vilões mais conhecidos da história, a coleção Villain inova ao trazer elementos criativos à alfaiataria clássica. Com foco na dramaticidade, a estilista Rhana Neves trouxe para as peças golas trabalhadas, mangas bufantes e, como não poderia ser diferente, cores sóbrias.
Com características particulares de cada personagem, as peças, de forma não caricata e figurativa, integram as referências de forma reformulada. “A coleção Villain não se trata apenas de peças de vestuário, mas sim, de uma atitude, com roupas que chamam bastante atenção e auxiliam suas consumidoras na conquista por seu espaço de forma única e diferente”, pontua.
Inspiração histórica
“As tendências são releituras do que já foi criado. Sendo assim, eu busquei referências desse passado renascentista e quis trazer de uma forma moderna. A minha interpretação atrela tecnologia e trabalho manual, mostrando que na moda o passado e o futuro estão conectados”, descreve Letícia Faria. Sob o tema “A influência da arte renascentista na moda”, ela apresentou uma coleção inspirada em um dos maiores gênios da arte: Leonardo da Vinci.
As roupas estampam curiosidades sobre o artista, desde o hábito de escrever de trás para frente até a sua paixão por anatomia. Em uma das peças, por exemplo, foi criada uma costela em 3D. Já em outros itens, houve a inspiração no livro O Código da Vinci e em toda história por trás de uma das principais obras, como A Última Ceia.
Sarvit
O que acontece quando são unidos elementos de design, arquitetura e história de Bauhaus? O resultado pode ser conferido na coleção Sarvit, proposta por Sarah Vitória. Com gancho no legado de quatro mulheres que se destacaram na escola, a estilista quis homenageá-las com elementos característicos do trabalho das artistas.
“Eu coloquei referências de projetos delas em elementos de estilo: metais, madeira e estampas. Todo o processo de pesquisa foi um momento de reflexão e reconexão para mim. Essa pesquisa me fez me sentir mais segura, afinal, eu também sou mulher. Ler e entender um pouco da história delas, de toda a dedicação que elas tinham mesmo sendo desvalorizadas, foi um ponto de reflexão sobre a minha própria trajetória”, compartilha.
A coleção representa a Bauhaus por meio de detalhes. O trabalho impecável de Marianne Brandt, na oficina de metal, ganha lugar em aplicações nas roupas; os traços precisos de Alma Siedhoff-Busher são vistos em adornos de madeira; já a tecelagem de Gunta Stölzl e Anni Albers é representada em bordados caprichados.
“Este é o objetivo da primeira coleção da Sarvit: provar que a moda vai além do look. Ela tem o poder de transmitir mensagens, ensinar e conectar. E poder contar a história de mulheres que, literalmente, fizeram história, foi um processo muito interessante”, reflete.
Moda Brasília
A coluna Ilca Maria Estevão deu início à série Moda Brasília em 2021. Toda semana, apresentamos marcas, designers e etiquetas locais, a fim de dar ênfase à moda criada no Distrito Federal e no Centro-Oeste.
O objetivo é apresentar iniciativas e empresas que atuam em prol da cadeia produtiva regional de maneira criativa, sustentável e inovadora. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna, a partir de critérios como diferencial de mercado, pioneirismo e ações que valorizem a comunidade.
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!
Colaborou Marcella Freitas