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Conheça as poucas mulheres em cargos de chefia na indústria da moda

Entenda o cenário atual de desigualdade de gênero e conheça o perfil de profissionais que comandam grifes

atualizado

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Christopher Kane – Front Row – LFW F/W 2013
1 de 1 Christopher Kane – Front Row – LFW F/W 2013 - Foto: Getty Images

A indústria da moda, há décadas, é majoritariamente direcionada a mulheres. Historicamente, o público feminino é quem mais consome e sustenta o ramo fashion. Salto alto, vestidos de festa, bolsas e outros acessórios sempre foram itens de desejo. No entanto, em termos de poder, a desigualdade de gênero ainda fala mais alto. 

As mulheres são minoria nos cargos de chefia no mundo das roupas, calçados e acessórios. Grifes renomadas, como Ralph Lauren, Dolce & Gabbana, Moschino, Bottega Veneta e Gucci, nunca tiveram uma representante do sexo feminino como diretora criativa. Outras marcas foram criadas por mulheres, mas hoje são dirigidas por homens: Chanel, Carolina Herrera, Nina Ricci, Diane von Fürstenberg e Schiaparelli, por exemplo.

Felizmente, vivemos um momento de inclusão e quebra de barreiras, e o debate sobre diversidade tem ganhado espaço no universo da moda. Embora os cargos de chefia sejam predominantemente ocupados por homens, algumas mulheres se destacam.

Vem comigo conferir as cinco it women que se sobressaem na indústria!

 

Maria Grazia Chiuri
Primeira mulher no comando da Dior, Maria Grazia Chiuri assumiu o cargo em 2016. Antes disso, ficou na Valentino por 16 anos, dos quais nove foram como codiretora criativa. Conhecida por usar a passarela como palco para manifestos políticos, Chiuri é feminista ativa e seus desfiles sempre carregam uma mensagem subliminar. 

Em sua estreia no Paris Fashion Week comandando a Dior, ela mostrou que a moda tem algo a dizer. Inspirou-se no manifesto estudantil da França, ocorrido no ano de 1960, e lançou camisetas com a frase “We should all be feminists” (em tradução livre, “todos nós deveríamos ser feministas”).

Arte de Stela Woo com fotos Getty Images
Maria Grazia Chiuri

 

Pascal Le Segretain/Getty Images for Dior
Fall Winter Dior 2017/18

 

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Dior comandada por Maria Grazia Chiuri, no Paris Fashion Week

 

Divulgação/Dior
Campanha Primavera Verão 2018

 

Donatella Versace
Donatella Versace é uma das estilistas mais renomadas da atualidade. Ela se tornou diretora criativa da grife italiana depois da morte do irmão Gianni Versace, assassinado em 1997. Atualmente, é também vice-presidente do grupo.

Quando assumiu o negócio da família, ficou conhecida por criações exuberantes e firmou a assinatura da Versace como uma das mais sólidas do mercado. Em entrevista ao L’officiel, no ano passado, Donatella afirmou que, apesar das melhorias conquistadas, as mulheres ainda precisam lutar para serem ouvidas. “Assim como qualquer outra, enfrento suposições sobre quem eu sou e sobre a minha capacidade”, destacou a designer.

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Donatella Versace

 

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Donatella Versace

 

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Donatella Versace com look da própria marca

 

Kim Kardashian vestiu Versace para o evento no Met Gala

 

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A modelo Gigi Hadid de Versace


Anna Wintour
Editora-chefe da edição norte-americana da Vogue, Anna Wintour construiu um legado. Começou no jornalismo de moda aos 20 anos, na Harper’s & Queen, em Londres. Em 1983, ela entrou para a área de criação da publicação. Assumiu o cargo atual em 1988 e, de lá para cá, conquistou um salário anual milionário, além de ter feito grandes trabalhos para consagrar a revista como a mais reconhecida no segmento fashion. Marcou uma era e demonstrou que as mudanças de apostas e opiniões são naturais.

Com decisões provocadoras, Anna mostra força e talento. Na sua primeira capa, por exemplo, colocou uma modelo vestindo uma peça de alta-costura com jeans, algo ousado para a época. A editora sempre viu a moda como arte e, hoje, o núcleo fashion do Museu Metropolitan de Nova York leva o nome dela. Ao longo dos anos, aprendeu a usar as mudanças tecnológicas a favor do seu trabalho: sabe bem como utilizar o meio digital para criar tendências e burburinhos nas redes sociais.

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Anna Wintour

 

Anna Wintour

 

Jacopo Raule/Getty Images for the Novak Djokovic Foundation
Anna Wintour e Serena Wiliams

 

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Anna Wintour em 2015

 

Victoria Beckham
Antes de criar a própria grife, Victoria Beckham fez sucesso com o grupo Spice Girls. Na moda, vem expandindo a carreira cada vez mais e se transformou em um ícone fashion. Fundada em 2008, a label que leva o nome da designer atualmente vende em mais de 50 países.

Para comandar e cuidar da própria marca, Victoria optou neste ano por morar longe do marido, David Beckham, com quem é casada há duas décadas. Agora, ela passa a maior parte do tempo sozinha no Beckingham Palace, em Londres.

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Victoria Beckham

 

Victoria Beckham

 

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Victoria Beckham

 

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New York Fashion Week em setembro de 2016

 

Dados importantes
De acordo com a pesquisa The Glass Runway, divulgada pelo Conselho de Estilistas Norte-Americanos (CFDA), 59% das maiores marcas do mundo são comandadas por homens. O estudo foi baseado em publicação do Business of Fashion sobre as 50 maiores labels mundiais.

A pesquisa concluiu que, no começo das carreiras, as mulheres têm 17% mais probabilidade de chegarem ao topo, em comparação aos homens e em termos de capacitação. Ou seja, elas são mais preparadas, porém continuam ganhando menos.

Especialista em mulheres no mercado de trabalho, Marjorie Chaves destaca que o corpo discente dos cursos de moda é quase todo composto por elas e, ainda assim, quando vão para o mercado de trabalho, têm mais dificuldades para alcançarem prestígio. “É necessário mudar as estruturas de poder que fazem os homens serem representados por uma ideia de força e liderança, enquanto recai sobre as mulheres o lugar da subalternidade, fazendo-as se sentirem incapazes”, explica a professora da Universidade de Brasília (UnB).

O sexismo também está muito ligado à precarização das relações profissionais, isso caracteriza o fenômeno denominado feminização do trabalho. “O aumento do acesso pelas mulheres não significou maior equidade entre os sexos”, esclarece a pesquisadora. “Persiste uma cultura machista impedindo grande parte das mulheres de alcançar o topo das carreiras, o chamado teto de vidro, no qual sua capacidade profissional é associada a papéis de gênero, de forma hierarquizada”, complementa.

A desigualdade é percebida de modo unânime pelas trabalhadoras. Das mulheres entrevistadas, 100% afirmaram existir um problema de desigualdade na moda. Quando o mesmo foi perguntado a homens, menos da metade deles concordou que há essa discrepância.

Os homens estão nos cargos de comando da indústria da moda porque este nicho reproduz a desigualdade presente no mundo do trabalho de forma geral. No entanto, algumas atitudes podem ser tomadas para melhorar o cenário.

A empresária Lenny Niemeyer, referência em moda praia no Brasil, é outra grande mulher em cargo de chefia. Ela comanda a própria grife e afirma que prefere contratar profissionais do sexo feminino. “Minha empresa é composta 85% pela força feminina, presente em todos os departamentos, inclusive com política salarial de igualdade com os homens”, destaca.

Divulgação/Lenny Niemeyer/Camilla Maia
Lenny Niemeyer abriu a própria marca em 1991

 

Recentemente, Lenny foi selecionada como Designer do Ano na feira Mode City, em Paris. A carreira no ramo de beachwear foi construída com esforço e dedicação. O caminho foi longo, com muito aprendizado e superação.

A estilista diz não ter enfrentado grandes obstáculos pelo fato de ser mulher. Por outro lado, percebe que a desigualdade ainda existe. “Espero que esse tipo de atitude fique escassa no mercado. Meu posicionamento hoje é privilegiado, pois já obtive o reconhecimento da minha marca”. Para ela, é uma questão cultural ainda em transformação.

Mais dificuldades
A maternidade dificultou o avanço na carreira de 50% das mulheres que estão no nível de vice-presidência e têm filhos, de acordo com a The Glass Runway. Ou seja, a entrada delas no mercado de trabalho não as desobrigou das tarefas domésticas.

Segundo Marjorie Chaves, o trabalho realizado no espaço privado não é contabilizado em termos de uso do tempo. “Este contexto dificulta que mulheres sejam cotadas para ocuparem espaços de poder. A mesma sociedade que valoriza a maternidade como uma ‘dádiva’ própria delas, ao mesmo tempo, as pune por isso”, explica. “A realidade de competitividade no mundo do trabalho torna incompatível a relação entre essas duas esferas: as mulheres somente podem ocupar o espaço público se outras assegurarem as tarefas domésticas e de cuidado”, observa a historiadora.

Para ampliar a participação e a permanência das mulheres no mundo do trabalho, ainda há um longo caminho. As consumidoras podem aos poucos contribuir para que a realidade mude. Uma estratégia possível é comprar apenas de marcas comandadas por elas.

“É preciso promover políticas que visem o compartilhamento das responsabilidades domésticas e contribuam para a superação da divisão sexual do trabalho”, acrescenta Marjorie. Segundo a especialista, quando essas condições forem acessadas pela maioria das mulheres, o resultado será maior equidade também na indústria da moda.

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Colaborou Rebeca Ligabue

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