Conheça as peças conceituais e politizadas da Quero Melancia

Com a cor vermelha como destaque, a melancia é uma fruta constituída principalmente por água: mais de 90%. O gosto doce e refrescante dela é consumido em períodos quentes, como o verão, mas o seu sabor se torna irresistível o ano inteiro. As principais características do alimento são as mesmas da Quero Melancia. A marca brasiliense, fundada em 2013, firma-se cada vez mais como uma etiqueta divertida, autoral e, acima de tudo, politizada.

Vem conhecer mais!

Vai uma melancia aí?

É difícil ir até a Quero Melancia e não sair atravessado pelas mais diversas sensações. Localizada ao lado de um espaço referência da luta LBGTQIA+ em Brasília, o Objeto Encontrado, na 102 Norte, a marca proporciona um atendimento afetuoso, a começar pela dupla responsável.

Thais Madureira e Kaique Paloschi não escondem o entusiasmo ao falar do projeto. Os dois dividem, em completa sintonia, todos os aspectos que cercam o universo da Quero Melancia. Com cerca de 10 anos de existência, a marca nasceu sem pretensões grandiosas, pelo menos é o que revela Thais.

“Sempre amei costurar, prática que meus pais me incentivaram desde a infância. Então, era comum eu mesma fazer as minhas roupas. A Quero nasceu a partir de uma camisa que costurei para o antigo sócio da marca, que deu a ideia de abrir o negócio”, explica à Coluna Moda Fora dos Padrões.

Assim, desde 2013, a Quero Melancia tem se transformado ao passar dos anos. O estilo mutável é defendido como um princípio pela dupla. Se, no início, era marcada por camisas feitas à mão, sob encomenda e vendidas em feiras na capital, agora a marca aposta em peças em itens diversificados, além de ter espaço físico e on-line.

O aspecto divertido e descontraído já começa pelo nome. A origem vem do primeiro e-mail que Thais teve na adolescência e é cercado de lembranças afetuosas. “Comia muita melancia com a minha mãe. Era uma fruta presente no meu dia a dia, além de ser fácil, refrescante e que denota ser verão sempre”, relembra.

Kaique, que entrou na Quero Melancia há cerca de dois anos, complementa ao dizer que a rigidez não é algo que combina com a etiqueta. “O nosso compromisso é apenas com o que a gente pode vir a ser, e não com o que estamos sendo agora”, afirma.

Mudança constante

A partir da entrada de Kaique, a Quero Melancia começou a se fortalecer cada vez mais no on-line, pelo site da marca e as redes sociais. Com um jeito próprio de se comunicar, a etiqueta cria uma relação com os consumidores também fora do Distrito Federal. “É muito legal ver gente do Brasil usando as nossas peças. Toda compra que vem do site, eu entro ansioso para ver de onde veio”, conta.

A marca disponibiliza peças como macacões, vestidos, shorts e camisas de linho, além de acessórios que vão desde boné a porta-isqueiro. O compromisso da Quero Melancia é com o que faz bem, em meio a uma troca de valores. “A gente não se divide, a gente se diverte. A criação é toda em conjunto. As ideias geralmente surgem de conversas descompromissadas e com trocas de memes. É catártico, uma grande troca”, detalha Thais.

Moda é política

Dissociar o contexto social de uma marca com os responsáveis por ela parece ser uma tarefa bastante difícil. Com a Quero Melancia, esse é um ponto que não se discute. Desde o começo, Thais Madureira reflete aquilo que acredita — e defende no cerne da marca.

“A gente não tem problema com o público em relação ao nosso posicionamento político. Quem nos procura são pessoas que estão alinhadas com o que defendemos. A nossa intenção é essa mesmo”, pontua.

Em 2022, a marca ficou reconhecida com um espaço no qual os consumidores poderiam se expressar por meio do vestir em defesa da democracia. “Tivemos um ano incrível com o apoio muito grande do público. Não havia maneira de não nos posicionarmos e encontramos a nossa. Foi muito lindo ver as pessoas recorrendo a nós para também fazer isso”, relembra Kaique.

Os dois defendem que não é preciso se moldar para caber em um público que pensa diferente. Para eles, é possível fazer a mudança de dentro do próprio nicho. Em resposta, o ano foi considerado um dos mais importantes para a marca até aqui.

Com orgulho, ambos ressaltam a importância da capital para a marca. “A gente quer ser reconhecido como uma marca de Brasília para que as pessoas saibam que aqui se produz, sim. Afinal, o nosso propósito é ser atemporal, democrático e durável”, finaliza Thais.

Moda Brasília

A Coluna Moda Fora dos Padrões deu início à série Moda Brasília em 2021. Toda semana, apresentamos marcas, designers e etiquetas locais, a fim de dar ênfase à moda criada no Distrito Federal, no Centro-Oeste.

O objetivo é compilar iniciativas e empresas que atuam em prol da cadeia produtiva regional de maneira criativa, sustentável e inovadora. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna, a partir de critérios como diferencial de mercado, pioneirismo e ações que valorizem a comunidade.