Conheça a House of Gaia, marca de vestuário artesanal em fios naturais
Fundadora de uma escola on-line de crochê, a empreendedora Catharinna Oliveira conta os detalhes de seu novo projeto, lançado neste mês
atualizado
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Peças de roupa inteiramente feitas pelas mãos humanas, por mais que sigam os mesmos pontos e modelagens, são sempre únicas. O apreço por essa exclusividade e personalidade que o trabalho artesanal carrega motivou Catharinna Oliveira a lançar a marca de vestuário House of Gaia, no último dia 15. Dona de uma escola on-line dedicada ao empreendedorismo com técnicas manuais, a empresária conta os detalhes sobre seu novo capítulo à coluna.
Vem saber mais!
Design feito à mão
O maior desejo de Catharinna Oliveira com a House of Gaia é mostrar todo o potencial das peças de roupa artesanais, muito além do “tradicional quadradinho de crochê”, e valorizar o design, a sofisticação e a apresentação dos produtos. Os itens são feitos sob demanda, em crochê e tricô, utilizando três materiais naturais, de fornecedores locais: lã, seda e algodão orgânico, todos sem tingimento. Futuramente, há intenção de trabalhar com bordado, mas Catharinna faz questão de enfatizar que a marca não se resume às técnicas que utiliza.
“A House of Gaia não é sobre crochê. É sobre o design que é feito à mão, com fios naturais que também foram fiados manualmente. Uma frase muito forte na empresa é ‘de Gaia para Gaia’. O que vem da Terra passa pelas mãos das pessoas que moram nela para vestir pessoas que moram nela”, explica a fundadora. “Fui entendendo que o nome Gaia é o nome energético do planeta”, acrescenta. Dessa forma, o nome da marca remete à ideia de “Casa da Terra”.
O site da marca estreou com blusões, casacos e um gorro, todos feitos de tricô e crochê, com fio de lã natural. A empresa não trabalha com coleções sazonais, por isso, a ideia é sempre oferecer peças atemporais, para todas as estações. Os itens de seda, por exemplo, serão opções para um clima mais leve.
“Eu entendo que a Gaia é uma marca que não tem limitação territorial. Estamos no inverno aqui, mas posso ir para o verão em outro país. Acredito que o público com quem eu quero falar seja viajante”, diz ela.
Jornada no artesanato
Catharinna é paulistana e tradutora por formação, mas nunca exerceu o ofício. Durante anos, trabalhou com comércio e chegou a comandar um brechó on-line, em 2009, que fechou as portas por falta de maturidade na parte administrativa, na avaliação da própria empresária. Após o nascimento do segundo filho, a empreendedora redescobriu a paixão pelo crochê, que aprendeu com a mãe e praticava desde os 8 anos de idade.
“Peguei uma fase muito boa. Todo mundo estava começando no fio de malha, o crochê mais grosso”, lembra. Em 2016, abriu a escola on-line Crochê Moderno, dedicada ao empreendedorismo criativo com artesanato. Desde então, conquistou 37 mil inscritos no YouTube e mais de 1 milhão de visualizações, além de quase 70 mil seguidores no Instagram. Os cursos e as mentorias são o foco do CM atualmente, mas, no começo da plataforma, Catharinna fez um pouco de tudo.
“Naquela época, eu fabricava e vendia agulhas artesanais, produzia e vendia peças em feiras e dava aula de crochê. Criei um canal no YouTube e ele cresceu de uma forma muito rápida, digamos”, comenta. “Em 2019, dei uma baixada, foi um ano ruim para mim, emocionalmente, mas foi essa virada que fez a Gaia nascer. Fiquei frustrada ao pensar que estava fazendo muita coisa, mas não construía nada. Eu tinha que focar em alguma coisa.”
Uma das lições ensinadas no Crochê Moderno é, justamente, ter um foco e evitar “fazer de tudo”. Por isso, a House of Gaia se tornou um exemplo prático dessa teoria. Todo o processo de desenvolvimento da marca levou mais de um ano, incluindo uma primeira tentativa de lançamento, em dezembro de 2020. Porém, a estreia foi adiada para que algumas ideias fossem amadurecidas – como, por exemplo, o site. No dia 15 de julho deste ano, a marca começou a operar oficialmente.
Processo criativo
Catharinna Oliveira desenha todas as peças-piloto e receitas da House of Gaia. O processo criativo de cada produto dura cerca de uma semana, com intenso trabalho de “desmancha e faz”, testando a modelagem, o caimento e o material. O design sempre começa na prática, nunca no papel, e as inspirações fluem de acordo com os acontecimentos na vida da empresária. A ideia do “Blusão Nórdico” que está à venda no site, por exemplo, veio da série Outlander, ambientada no século 18.
Depois que o piloto é finalizado, a empresária explica todo o processo em receitas com dois padrões diferentes: uma contagem em pontos e outra, em centímetros. Como o tamanho dos pontos varia de acordo com cada artesã, as duas medidas ajudam a uniformizar o tamanho das peças, sem perder a característica única do trabalho handmade. Uma blusa pode levar 10 horas para ser feita.
Atualmente, Catharinna trabalha com sete artesãs e pretende expandir a rede, mas quer continuar produzindo sob demanda, sem grandes estoques. “Imagino uma teia, com uma cadeia de produção. Várias pessoas trabalhando pelo Brasil inteiro. Não tem uma limitação territorial. Eu estou com base no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas posso ter gente trabalhando na Bahia”, explica.
A seleção das artesãs envolve encontros virtuais e análise criteriosa de habilidades manuais e familiaridade com os materiais, a partir de peças feitas pela pessoa. Se alguma candidata trabalha melhor na lã do que na seda, por exemplo, passa a se encarregar apenas de peças de lã. Ao receber os fios dos pequenos produtores, Catharinna os envia por correio para as artesãs, que mandam de volta a peça pronta.
Consciência coletiva
Sobre a situação atual do mercado de moda, Catharinna observa que o trabalho manual está em alta e não deve sumir do radar tão cedo. “Tem um pano de fundo social global, muito maior do que a Gaia, que faz com que ela se encaixe nessa situação de forma muito positiva.”
Porém, ela não acredita que a relevância da empresa dependa apenas do handmade. “A diferença da Gaia é que ela já nasce com esse propósito. Não é uma marca de vestuário que vai colocar uma blusa de crochê ou tricô na coleção, ela é 100% artesanal”, enfatiza.
Neste primeiro momento, as vendas focam no comércio eletrônico, mas o varejo físico está entre os objetivos. A médio prazo, Catharinna quer levar os produtos para as prateleiras de multimarcas ligadas ao propósito da label. Só depois pensa em abrir uma loja própria, além de um ponto de encontro para as artesãs. “Vou trazer pessoas do Brasil todo para algumas reuniões e treinamentos, para alinhar todas as técnicas”, adianta.
Serviço:
House of Gaia
Instagram: @houseof.gaia
Site: houseofgaia.com.br
Colaborou Hebert Madeira