Collections Brasília: programa promete reacender a moda do DF em 2021
Iniciativa do Sindiveste-DF com Fernando Lackman inclui quatro eventos. O primeiro chegará em abril, em formato digital
atualizado
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O calendário de 2021 terá novidades que prometem agitar a moda brasiliense. Até o fim do ano, o programa de aceleração de marcas Collections Brasília realizará quatro eventos para levar ao grande público o trabalho de empreendedores locais. Cada um deles terá um foco: moda feminina, profissional, masculina e beachwear. A iniciativa, que não se resume apenas aos eventos, ajudará a desenvolver empresas de moda dentro das necessidades específicas de cada setor, com ações de médio a longo prazo.
Vem saber mais detalhes!
Collections Brasília
O Collections Brasília é uma realização do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste-DF) com o jornalista e consultor de moda Fernando Lackman, idealizador do programa. A proposta, que também inclui um grupo de parceiros, surgiu a partir do Summer Collections, evento de moda praia criado por Lackman em 2018.
“O Summer nasceu da necessidade de fazer com que setores, de maneira separada, conseguissem produzir material para mostrar para o público que existem boas marcas na cidade”, conta o comunicador. “Começamos a ouvir reclamações de outros segmentos que queriam ser contemplados. Resolvemos abrir e criar o Collections Brasília, que vai mostrar essas coleções a partir de áreas bem distintas.”
Um ano atrás, a coluna mostrou como vários eventos de moda previstos para 2020 foram adiados devido à pandemia. Entre eles, ações que agora estão reunidas no Collections Brasília, como o salão de moda masculina e o de roupas profissionais. Porém, acompanhando a própria reinvenção da indústria com a chegada da Covid-19, as iniciativas sairão do papel, em formatos que devem variar de acordo com as condições sanitárias de cada data.
Formatos individuais e diferenciados
A primeira movimentação entre os eventos é o Winter Collections, dedicado a marcas femininas premium. Focado nas vendas para o Dia das Mães, a programação deve ocorrer entre o fim de abril ou início de maio, com desfiles gravados e transmitidos por alguma plataforma parceira. A lista de grife participantes já inclui Lu Garcia, Zinc, Confraria, Laboissiere, Avanzzo e 2Tempos.
As edições seguintes, cada uma dedicada a um segmento específico, terão formatos completamente distintos. Para junho, a expectativa é realizar o Uniforms Collections, direcionado às empresas de vestimentas profissionais. Em agosto, será a vez das marcas masculinas no Men’s Collections, voltado para o Dia dos Pais. Nessa iniciativa, várias vertentes serão contempladas, do sportswear ao vestuário executivo.
A terceira edição do Summer Collections fechará o calendário em novembro. Para 2021, a proposta é de um lineup até três vezes maior do que o da última edição, realizada em 2019, com público estimado em 570 pessoas. Após o último evento, as marcas participantes esgotaram os estoques em uma semana.
A depender do controle da pandemia, Fernando Lackman quer que os quatro eventos tenham desfiles, pois acredita que a passarela é a melhor vitrine para as marcas. “Em Brasília funciona, é o que traz o olhar do público. Nos últimos anos, viemos trabalhando em formação de plateia novamente. Desde a extinção do Capital Fashion Week, o público foi se esvaindo”, argumenta.
Mais do que “só eventos”
Além dos eventos, o Collections Brasília vai reunir ações que aprimorem a presença comercial das marcas, já que se trata de um programa de aceleração. Isso inclui, por exemplo, um curso de comunicação virtual, para alavancar a presença de cada uma no meio digital, incluindo as redes sociais.
Plataformas on-line se tornaram ainda mais necessárias com a chegada da pandemia, mas não são suficientes sem uma boa criação de imagem. “As pessoas acham que basta vestir uma pessoa, fotografar e colocar no Instagram. Se não tem uma produção, um olhar artístico, você não convence o consumidor de que aquele produto é bom”, adverte Lackman.
Outro aspecto fundamental que está entre as prioridades do sindicato é o trabalho com viés sustentável, seja no aspecto ambiental, seja no social. As marcas contempladas pelo programa devem se adequar aos novos comportamentos dos consumidores, cada vez mais preocupados com a durabilidade e procedência dos produtos.
Participação gratuita
O Sindiveste-DF tem feito uma curadoria de marcas para definir o lineup dos eventos. Neste primeiro momento, devido às dificuldades da crise da Covid-19, a participação é gratuita, feita por convite. Assim, cada empresa deve concentrar recursos na produção das coleções.
“Lucro não é o objetivo do sindicato. Queremos trabalhar a potencialidade de cada marca. A empresa recebe o convite, apresentamos as condições e, em contrapartida, ela só tem que investir no seu melhor produto”, observa Walquiria Aires, presidente do Sindiveste-DF.
A entidade está de olho em marcas com DNA diferenciado, CNPJ e inscrição estadual, que tenham a confecção de roupas como atividade principal. Para participar, precisam ser filiadas ao sindicato. Uma vez selecionada, a marca tem direito a cursos e ações gratuitas, além da oportunidade de desfilar.
Em todos os Collections, as empresas terão contato com especialistas de cada segmento. Lackman espera dar a elas novo olhar sobre o mercado, com um produto mais aprimorado em mãos e um público mais definido. “Em cinco anos, queremos estar com marcas formadas e internacionalizando”, explica. No caso da moda praia, uma das propostas é levar marcas do DF para eventos de beachwear em Miami.
Olhar segmentado
Grandes empresas têm mais facilidade para transitar em categorias diferentes. Já no caso dos microempreendedores individuais e dos pequenos negócios, que formam a maioria da indústria de vestuário do DF, focar em um ponto segmentado é a melhor estratégia, na avaliação de Walquiria Aires e Lackman.
No Distrito Federal, os uniformes representam a categoria mais forte de vestuário, incluindo vestimentas profissionais e uniformes escolares. Com o Uniforms Collections, a intenção é atrair compras de empresas do setor privado e dos governos local e federal. Para isso, o evento se concentrará em rodadas de negócio com compradores, palestras, lançamentos de coleção e desfiles.
“Queremos mostrar o potencial desse mercado”, defende Walquiria. “A rede hospitalar compra muito, mas não compra nada de Brasília. Ano passado, esse setor sofreu um desgaste muito grande com o fechamento das escolas e não conseguiu comercializar aquilo que faz todo ano. A rede pública não comprou uniforme”, pontuou.
Projetos futuros
Lackman e o Sindiveste-DF têm outros projetos a longo prazo para movimentar a moda local, como a coluna já havia adiantado. Entre eles, a plataforma de novos talentos Ateliê Brasília – nome sugerido por Ronaldo Fraga – e o Fashion For All, que promete reunir moda independente e impacto social.
O sindicato também tem interesse em fazer movimentações para que novos designers da capital federal consigam se apresentar na Casa de Criadores. Outra proposta é a de criar um coletivo para levar o beachwear brasiliense a São Paulo.
Em abril, o Sindiveste-DF lançará o livro Brasília Capital de Criadores, que aborda parte da história da indústria da moda do Distrito Federal. Já no mês de setembro, peças de 10 profissionais brasilienses serão apresentadas em um desfile em Milão. Os itens são resultado de um curso realizado em parceria do sindicato com a ação Moda Connect.
Colaborou Hebert Madeira