Clare Waight Keller: relembre looks icônicos para a Givenchy
A estilista deixou a direção artística da marca após três anos. Agora, fica legado de modernidade, delicadeza, volumes dramáticos e texturas
atualizado
Compartilhar notícia
No último dia 10, a indústria da moda acordou com a notícia de que Clare Waight Keller estava deixando a direção artística da Givenchy. Durante seus breves três anos na casa, a estilista fez história: reinterpretou clássicos do arquivo, com direito a muitos volumes dramáticos, texturas inteligentemente trabalhadas e recortes modernos.
Nesse período, a designer vestiu várias celebridades de Hollywood em grandes eventos. Além do mais, conquistar um membro da realeza, como ocorreu com Meghan Markle, não é para qualquer um. Vem comigo conferir looks icônicos criados por Clare Waight Keller!
A proximidade entre a marca e as celebridades começou com a própria relação do fundador, Hubert de Givenchy, com a atriz Audrey Hepburn, cujo vestido preto do filme Bonequinha de Luxo virou um marco, entre vários outros visuais. Sob a direção de Riccardo Tisci, não foi diferente. Ele cativou nomes como Beyoncé e Kim Kardashian.
Clare Waight Keller foi a primeira mulher a comandar a etiqueta de luxo, fundada em 1952. Na grife, ela cuidou das linhas de prêt-à-porter feminina e masculina, infantil, alta-costura, perfumaria e até eyewear.
No quesito celebridades, ela também se destacou: Cate Blanchett, Gal Gadot, Julianne Moore, Charlize Theron e Rihanna são alguns exemplos de personalidades notáveis fidelizadas durante seu comando artístico.
A cereja do bolo na breve passagem pela casa francesa foi a criação do vestido de Meghan Markle para o casamento com o príncipe Harry, em maio de 2018. O modelo minimalista com decote canoa e mangas 3/4, supostamente inspirado em Audrey Hepburn, foi assunto no mundo inteiro.
Ali, começou uma relação que rendeu looks em diversas aparições oficiais da duquesa de Sussex. Com os holofotes internacionais voltados para Meghan, a estilista de 49 anos chamou atenção não só para a marca, mas também para si mesma.
Clare Waight Keller nasceu em Birmingham, na Inglaterra, no dia 19 de agosto de 1970. Ela é casada com o arquiteto norte-americano Philip Keller, com quem tem duas garotas gêmeas e mais um filho. Formada pelo Royal College of Art, tem experiências em grifes como Calvin Klein, Ralph Lauren e Gucci. Seu primeiro trabalho como diretora criativa foi na marca Pringle of Scotland, na qual ficou entre 2005 e 2011, até ir para a Chloé.
Por onde passou, a estilista deixou uma forte marca. Na Chloé, explorou um romantismo com toques dos anos 1960 e 1970. Na Givenchy, experimentou estruturas imponentes, volumes exagerados, plumas e plissados que dançavam a cada movimento. Os vestidos com capa e os terninhos de ombro marcado são algumas de suas principais assinaturas.
Subestimada pela crítica no início da carreira, a designer surpreendeu com coleções de couture consistentes e sofisticadas. Entre todos os diretores criativos que passaram pela label, Waight Keller foi a única a conhecer pessoalmente o designer, morto em março de 2018, e dele resgatou a elegância burguesa parisiense.
A britânica soube explorar bem os contrastes, sobretudo entre o moderno e o tradicional. Muitas vezes, as silhuetas dramáticas ganharam suavidade em peças monocromáticas e minimalistas. Enquanto a alfaiataria tinha estruturas rígidas, os plissados traziam movimento, delicadeza e fluidez.
Waight Keller usou a alta-costura como laboratório e vitrine de suas inspirações para a casa. Especialmente, para abordar sua ideia de feminilidade e força. O romantismo surgia na forma de estampas florais e rendas, à medida em que o trabalho com látex e tecidos metalizados garantia produções ousadas.
Roupas de festa luxuosas e imponentes dividiam o protagonismo com composições que funcionavam perfeitamente para a rotina de trabalho. Waight Keller também desafiou as noções de gênero: ela introduziu looks masculinos na alta-costura e colocou mulheres para desfilarem peças nos shows de menswear.
“Moda masculina sempre foi algo que infundiu enormemente minhas roupas femininas. Estou sempre pedindo emprestado aos meninos. Passei a maior parte do fim da adolescência parecendo um menino, com cabelos super cortados, coturnos Dr. Martens e sempre com calças masculinas. Então, na Givenchy, isso encontrou caminho em todas as minhas coleções”, publicou, no Instagram.
Nos últimos dias, Clare Waight Keller usou a rede social para destacar alguns de seus detalhes e momentos favoritos na Givenchy. Entre eles, o uso de degradês coloridos, tons de roxo e azul, seu apreço por joias finas e pela delicadeza das penas.
Vendida para o grupo LVMH em 1988, a marca é uma das menores do conglomerado de luxo, que também detém etiquetas como Louis Vuitton, Dior e Fendi. Diferentemente de Tisci, que deixou os arquivos de lado e introduziu o streetwear de luxo, Waight Keller foi diretamente às origens para dar o tom a suas coleções.
“Todos nós incorporamos algum tipo de streetwear em nossos guarda-roupas. Mas também há uma elegância pela qual acho que você veio a uma marca francesa, e que eu realmente amo. Se vou a uma casa de luxo, quero sentir elegância”, disse, em entrevista à Vogue britânica.
Uma de suas realizações pessoais na Givenchy foi poder trabalhar a alfaiataria, experimentada a fundo durante sua experiência na Purple Label da Ralph Lauren.
“É essa sensação de poder, drama e confiança. Acho que isso aparece nas coleções masculina e feminina, sinto muito isso”, disse ela ao site How To Spend It, do Financial Times, no início de 2019. Entretanto, a estilista acrescenta que a pegada esportiva também tem seu espaço, com nas camisetas.
Mesmo com todo o hype em torno das celebridades e de Meghan Markle, até uma casa à altura da Givenchy precisa equilibrar o artístico e o comercial. Na grife, como apontam veículos como The Telegraph e Business of Fashion, as vendas sob direção de Waight Keller não obtiveram o sucesso comercial da era Riccardo Tisci, nem o hype que a própria estilista levou à Chloé.
Apesar desse detalhe, que possivelmente levou à não renovação de seu contrato, a estilista declarou-se feliz pela oportunidade, enquanto o mundo da moda agradece pelas referências deixadas. Os próximos passos da designer ainda não foram definidos, tampouco qual será a próxima “organização criativa” da label. Clare Waight Keller, porém, deixou uma pista em sua despedida: “Vejo vocês em breve”.
Colaborou Hebert Madeira