Clare Waight Keller deixa direção criativa da Givenchy
Chegou ao fim o contrato da estilista britânica, primeira mulher à frente da grife e criadora do vestido de Meghan Markle no casamento real
atualizado
Compartilhar notícia
A estilista Clare Waight Keller anunciou, nesta sexta-feira (10/04), que está deixando a direção criativa da Givenchy, após três anos no cargo. O motivo da partida é o fim de seu contrato inicial com a grife francesa. Durante esse período, a designer britânica revigorou o status internacional da marca. Um dos pontos altos foi a criação do vestido de casamento de Meghan Markle para a troca de alianças com o príncipe Harry, em maio de 2018.
Vem comigo saber mais detalhes!
Waight Keller fez história ao ser a primeira estilista mulher ao comandar a etiqueta francesa e se destacou pela relação com Meghan Markle, que vestiu looks da marca em várias ocasiões oficiais. Inclusive, a ex-atriz entregou em suas mãos o troféu de Estilista de Womenswear Britânico do Ano no palco do Fashion Awards 2018.
A britânica desembarcou na label em março de 2017. O outono/inverno 2020, apresentado na Semana de Moda de Paris no início de março, foi a última coleção prêt-à-porter desenhada por Waight Keller.
No período em que comandou a etiqueta, ela renovou clássicos do arquivo da grife e explorou estruturas, silhuetas marcantes, recortes modernos e texturas. O trabalho baseado no universo da alta-costura, na opinião da estilista, foi um marco em sua trajetória. Inclusive, ela foi a responsável pela retorno dos desfiles de couture da Givenchy.
Pelo Instagram, ela homenageou o trabalho em equipe da marca. “Seu talento e dedicação excepcionais permanecerão para sempre em minhas memórias. Meus sinceros agradecimentos a cada um dos heróis e heroínas desconhecidos nos bastidores, por sua contribuição do produto à comunicação e ao varejo, e a todos os membros da equipe global, parceiros e fornecedores no meio”, agradece.
Fundada por Hubert de Givenchy (1927-2018) em 1952, a grife pertence ao portfólio do grupo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton desde 1998. O fundador conduziu a direção artística até se aposentar, em 1995. Desde então, o cargo foi ocupado por designers como John Galliano, Alexander McQueen, Julien MacDonald e o italiano Riccardo Tisci, antecessor de Waight Keller.
Até o momento, a Givenchy não informou como será a nova “organização criativa” e está com fábricas fechadas devido à pandemia de Covid-19. Por isso, vai pular a temporada Resort e não produzirá a coleção de alta-costura referente ao outono/inverno 2020, mas ainda apresentará uma coleção pre-spring masculina em showroom, no mês de junho. A marca planeja ainda estender a venda das duas últimas coleções de prêt-à-porter (SS20 e FW20).
“Sob sua liderança criativa e em grande colaboração com seus ateliês e equipes, a maison se reconectou aos valores fundamentais de Hubert de Givenchy e seu senso inato de elegância. Desejo a Clare tudo de melhor em seus futuros empreendimentos”, agradece o presidente e CEO do LVMH Fashion Group, Sidney Toledano.
Apesar de seu vestuário ter agradado a imprensa especializada, especialmente com as coleções de couture, a direção de Clare Waight Keller não teve um grande destaque com artigos de couro, principal segmento de várias marcas de luxo.
Na alta-costura, ela introduziu looks masculinos e homenageou o fundador da casa em algumas temporadas, incluindo a mais recente, apresentada em janeiro.
Uma das últimas campanhas da marca foi estrelada pela cantora Ariana Grande. Entre as celebridades, o trabalho de Waight Keller foi admirado por atrizes de Hollywood como Gal Gadot, Julia Roberts e Julianne Moore. Já entre os grandes designers de moda, ela cultivou amizades com Karl Lagerfeld, Marc Jacobs e Pierpaolo Piccioli.
Antes de desembarcar na Givenchy, Clare Waight Keller foi diretora criativa da Chloé entre 2011 e 2017. Por lá, trouxe uma pegada dos anos 1960 e 1970 sem ser nostálgica, com um ar rejuvenescido e alegre. Seu currículo inclui experiências em grifes como Ralph Lauren e Calvin Klein. Ela atuou como designer sênior de womenswear na Gucci, durante a era Tom Ford, e ocupou a cadeira de diretora criativa da Pringle of Scotland por seis anos.
“Estou ansiosa para embarcar no próximo episódio”, continua o comunicado divulgado pela estilista. “O amor e a criatividade permanecem centrais no que eu faço e quem sou, assim como a crença na bondade e na coragem de ser fiel à sua arte.”
Outra grife francesa com uma essência que tem tudo a ver com Waight Keller é a Celine, que está sob os cuidados de Hedi Slimane desde 2018. Se continuarmos com a tendência de direções criativas curtas, apontada pelo WWD, será que podemos cogitar que ela substitua Slimane entre os próximos anos?
Colaborou Hebert Madeira