Cintura marcada, maxibolsas e pelúcia são hits do outono/inverno 2023
Nas últimas semanas de moda, etiquetas das quatro capitais fashion ilustraram as tendências do setor para a próxima temporada
atualizado
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Muito mais do que espetáculos orquestrados pelas grifes mais relevantes do mundo, as semanas de moda que percorrem as quatro capitais fashion — Nova York, Londres, Milão e Paris — são um termômetro fashion. Elas apontam o que se pode esperar nas ruas e nas vitrines de lojas de departamento ao redor do globo. Cintura marcada, blazers oversized, maxibolsas, estilo escolar e pelúcia nos pés foram tendências do outono/inverno 2023 nas passarelas internacionais.
Vem conferir!
Para levar tudo
Se as pochetes e bolsas pequenas reinaram por muitas temporadas, agora é a hora de abrir alas para as versões “adultas” do acessório. Como a moda se mostra um reflexo comportamental, as grandes casas identificaram que o público que sai de casa e se desdobra em várias funções até gosta das bolsas pequenas para ir a uma festa, mas as peças maiores têm espaço para carregar tudo o que precisa.
Ainda em maio de 2022, a Saint Laurent lançou a Icare, uma bolsa grande que foi vista nos braços de Zoe Kravitz, Miley Cyrus e Hailey Bieber. A prova do sucesso foi reforçada pelo relatório Lyst Index. De acordo com a plataforma, o modelo teve um aumento de 46% nas pesquisas, justamente num período de muitas vendas: o Natal.
Outras casas não ficaram atrás e o resultado foi a enxurrada de maxibags desfiladas nas passarelas. Há as versões mais sóbrias, como as apresentadas pela Loewe e Ferragamo, que trazem tons neutros. Mas não faltam opções descontraídas, como as propostas pela JW Anderson e a Tommy Hilfiger.
Menos pode ser mais
A atmosfera de escapismo se instaurou na moda nos últimos dois anos. No retorno à vida fora de casa, as pessoas começaram a usar a vestimenta como uma ferramenta otimista em meio a um futuro ainda incerto. Nesse contexto, tons saturados, peças ousadas e todas as configurações de brilho passaram a compor os visuais das fashionistas. Essa tendência foi batizada de dopamine dressing, ou estilo dopamina, em tradução livre.
Passada essa temporada mais festiva no vestir, presencia-se um momento mais quieto na moda. O vibrante se acalmou, o maxi abriu espaço para o minimalismo e o excesso ganhou mais reservas. Tal mudança foi materializada nas passarelas de Nova York a Paris, traduzida por meio de tons neutros, cortes retos, alfaiataria estruturada e camisas brancas.
No entanto, menos se mostra antônimo de básico. Ao apostar em clássicos do guarda-roupa, os estilistas acrescentam a sua assinatura. Na Prada, por exemplo, Miuccia deu o destaque para lapelas acentuadas e golas com design mais trabalhado. Sob o tema Clássicos Redescobertos em Novos Contextos, a Valentino adiantou para o público qual será o acessório da vez: a gravata.
Terno do vovô
Sabe aqueles ternos enormes, vistos em filmes dos anos setentistas? Bom, se você se interessa por esse modelo de casaco, o momento não poderia ser mais oportuno. Ao lado da camisa branca com gravata, os blazers reinaram em sua versão oversized, aquela com modelagem ampla. Mais do que nunca, os ombros da peça aparecem marcados e, por vezes, até desproporcionais.
O momento de glória do blazer foi no desfile da Saint Laurent, na capital francesa. A marca fez uma ode à sofisticação atemporal, e colocou a peça como estrela da coleção de outono/inverno 2023. As tonalidades neutras predominaram, mas opções xadrez e risca-giz também tiveram o seu momento. Já na Louis Vuitton, o styling arrematou o casaco com cintos finos.
De acordo com dados do Pinterest Brasil, ainda na Semana de Moda de Milão, a busca por ternos com calças largas e ternos dos 1970 subiu 110% e 40%, respectivamente. O mesmo aconteceu com peças xadrez. Na fashion week londrina, a procura dos usuários por roupas xadrez para mulheres cresceu mais de 55%. Não há garantias de que as estéticas se tornarão tendências afetivas, mas o público que acompanha o segmento se mostra interessado.
Moda escolar
A estética escolar não parou nas minissaias de pregas e nos suéteres. Após o mais recente desfile da Prada, as pesquisas por sapatilhas pontudas, com as apresentadas pela etiqueta, cresceram 30%, segundo o Pinterest Brasil.
No terceiro trimestre de 2022, o relatório Lyst elencou as sapatilhas estilo balé da Miu Miu como o item de moda mais desejado. Outro indicativo de que o visual colegial foi renovado para mais uma temporada foi o aumento das pesquisas por uniformes escolares e roupas escolares coquette, que subiram 40% e 90%, respectivamente.
Estilo nos pés
Além das peças de roupa, os calçados também chamaram atenção. Nesta temporada, marcas como Stella McCartney e Heron Preston apostaram em calçados felpudos, como pantufas de salto. Feitos com materiais fofos, os modelos são como um abraço de urso.
Na versão by Stella, as peças apareceram em tons terrosos e no vermelho. O scarpin nada convencional ganhou contornos arredondados na ponta e salto mais baixo. Apesar da estética de pelinhos, o material está longe de ser de origem animal. “A coleção prêt-à-porter foi elaborada com 92% de materiais responsáveis. Essa é a nossa oferta de inverno mais consciente de todos os tempos”, contou a estilista nas redes sociais.
Uma semana antes da apresentação da britânica, esse modelo macio de calçado já havia dado o ar da graça na Semana de Moda de Nova York, nos desfiles de Eckaus Latta e Heron Preston. A primeira marca repaginou os clogs com uma penugem verde musgo, enquanto botas de cano alto ganharam estampas de animais. Por sua vez, Heron Preston propôs um modelo de scarpin de salto fino que trazia pelos longos. Um modelo similar ao de Preston também surgiu no desfile da Loewe.
Ainda com foco nos pés, o styling da Dior sugeriu uma combinação que tem tudo para bombar no inverno: salto com meias. Em toda a apresentação, modelos usaram diferentes versões de meias, que foram somadas com sandálias abertas, mary janes e sapatos de saltos finos com amarração nos tornozelos.
Ao contrário do que muitos pensam, as peças desfiladas nas semanas de moda não são reproduzidas pelo varejo ao pé da letra. As modelagens, cores, detalhes e atualizações são não somente estudadas, como também adaptadas para o público geral de acordo com a realidade de cada lugar. Por isso, mesmo inconscientemente, ao comprar uma roupa em uma loja de departamentos, o cliente está consumindo a tendência em seu estado efetivo: o de produto de moda.