Cartier e joalherias cortam relação com órgão do setor devido à Rússia
Gigantes do segmento deixaram o Conselho de Joalheria Responsável após recusa de posicionamento contra a invasão russa à Ucrânia
atualizado
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O conglomerado suíço Richemont, dono de marcas como Cartier, Mont Blanc e Van Cleef & Arpels, deixou o Conselho de Joalheria Responsável (RJC, na sigla original) após o órgão se recusar a cortar relações com a Rússia. As informações são da agência Reuters, que esteve presente na Watches and Wonders, uma das feiras mais importantes do setor, na última quarta-feira (30/3).
Membros do Conselho não estavam contentes com a participação da Alrosa, empresa estatal russa que saiu voluntariamente do órgão no começo do mês. O grupo de mineração de diamantes tem como atual presidente Sergei Ivanov, definido pela inteligência dos Estados Unidos como um dos aliados mais próximos de Vladimir Putin, informou a Reuters.
O presidente do Conselho, David A. Bouffard, disse em comunicado à agência que, desde o começo da invasão da Rússia à Ucrânia, a saída da Alrosa do órgão já era avaliada como uma possibilidade. O problema, porém, é que esse empreendimento russo é a maior produtora de diamantes do mundo.
Apesar desse poderio, o Reino Unido e os Estados Unidos já impuseram sanções à Alrosa. O conglomerado Richemont – que suspendeu atividades como o comércio eletrônico na Rússia – também parou de comprar diamantes russos desde 24 de fevereiro.
Cyrille Vigneron, presidente e CEO da Cartier, mostrou-se favorável à represália. “Não faz parte dos nossos valores integrar uma organização na qual alguns membros estão apoiando conflitos e guerras”, afirmou.
Joias como moeda
Durante os últimos meses, as joias adquiriram um novo status na Rússia. No começo de fevereiro, quando os países europeus começaram a impor sanções econômicas ao país, joalherias, como a Bulgari, viram as vendas aumentarem.
Segundo a Bloomberg, isso se deve aos mercados fechados e à desvalorização da moeda local. “Os russos ricos estão se voltando para joias e relógios de luxo, em uma tentativa de preservar o valor de suas economias”.
Marcas de moda de diferentes preços, do segmento de luxo ao fast fashion, anunciaram o fechamento de lojas na Rússia como uma forma de pressionar o país a recuar nas investidas contra a Ucrânia. Além do boicote das joalherias, grandes empresas de tecnologia e entretenimento também tomaram medidas contra o país.
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Colaborou Carina Benedetti