Camisa branca: veja como combinar a peça que faz toda diferença no visual
Símbolo de quebra de padrões históricos, o item clássico pode ser o protagonista do look ou usado em composições com sobreposições
atualizado
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Algumas peças têm o poder de elevar qualquer look. É o caso da camisa branca. Por ser clássica, ela garante um visual elegante, quando protagonista. Ao ser combinada com outros itens de sobreposição, o resultado pode ser ainda mais descolado e até ganhar um toque de casualidade. O item social serve para variadas ocasiões, da reunião de trabalho aos momentos informais.
Vem comigo!
História
A camisa branca surgiu no vestuário conhecido tradicionalmente como masculino. A historiadora e pesquisadora de moda Maíra Zimmermann, professora na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e na Faculdade Santa Marcelina (FASM), explica que, inicialmente, a peça fazia parte da veste do homem dos anos 1950, que a utilizava anteposta a terno e gravata. “Não era bem visto um homem usar o que se chamava ‘mangas de camisa’, sem o terno. Então, ele precisava estar com o terno, inclusive, tinha toda a etiqueta do chapéu”, esclarece.
Para contextualizar, é importante ressaltar ainda o uso do tailleur (saia e blazer), que vem do século 18. “Era utilizado como roupa de esporte, para equitação, por exemplo, porque as mulheres andavam a cavalo de lado, para não abrir as pernas. Depois, isso passa a ser uma roupa daquelas mulheres que eram profissionais liberais e que trabalhavam.”
Segundo a especialista, já no século 19, era possível encontrar, esporadicamente, representantes do sexo feminino saindo por aí com camisa e gravata, um “símbolo do masculino”. Nos anos 1920, a estilista Coco Chanel deu personalidade ao item. “O que aconteceu é que as elas começaram a usar a camisa branca sem essa composição do terno. Algumas até saíam de terninho com a camisa, mas, na realidade, essa peça de roupa começou a ser usada de uma forma mais despojada”, aponta.
Em seu site e blog, a consultora de imagem Isabella Fiorentino compartilhou que, depois da Primeira Guerra Mundial, o cenário mudou. “Com uma grande crise instalada, foi o momento em que as mulheres, até então donas de casa, precisaram literalmente arregaçar as mangas e sair em busca de trabalho. Então fizeram da camisa branca um uso mais constante e comum, devido à sua praticidade e imagem elegante”, escreveu. “Nesse momento, ela era usada em looks mais ‘masculinizados’, combinada a calças de alfaiataria e blazers”, completou.
Nos anos 1940, as divas – principalmente europeias – popularizaram de vez a camisa nos looks femininos. Greta Garbo, Katharine Hepburn e Marlene Dietrich são personalidades mencionadas pela historiadora Maíra Zimmermann, em entrevista à coluna. “Elas apareciam com camisa branca tanto nos figurinos de alguns filmes, quanto nas roupas do dia a dia, e eram muito fotografadas”, observa. Vale citar também personalidades como Audrey Hepburn e Sharon Tate, precursoras do fenômeno.
A pesquisadora classifica a difusão da camisa como uma transposição de estilo. Nos anos 1950, a white shirt ganhou adeptas da juventude, como uma forma de quebrar estigmas e questionar padrões de classe.
Maíra Zimmermann cita ainda a personagem Carrie Bradshaw (interpretada por Sarah Jessica Parker), de Sex and the City, que trouxe muitos elementos para a moda no fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000. “Em uma cena que ficou muito famosa, ela sai da casa do Big, seu namorado e ‘rolo’. E a Carrie usa uma camisa dele, sai simplesmente com a peça, sem nada embaixo e um cinto. Então, é isso, essa coisa de se apropriar desse universo, por ser um símbolo ‘masculino’, e criar uma linguagem fashion”.
Atualmente, há uma liberdade significativa no uso da camisa. “Ela não é mais uma peça apenas associada ao universo social; é utilizada em qualquer tipo de ocasião. Houveram algumas mudanças na modelagem. Você encontra modelos oversized, mais assimétricos, com golas diferentes, camisas superlongas que podem ser usadas como vestidos”, exemplifica a especialista.
Atualmente, Isabella Fiorentino é uma das adeptas da camisa social. Ela defende que o item faz parte do conceito de “guarda-roupa inteligente”. “Falando dos básicos, a camisa branca é um dos meus essenciais: já usei fechada com colar, com nozinho na barra, com o colarinho virado, de várias formas”, compartilhou no Instagram recentemente.
Básico
O jeito mais simples e certeiro, porém não menos sofisticado, de usar a camisa branca é como highlight no visual. Sozinho, o item assegura charme e deixa o outfit com uma vibe executiva. As opções aparecem básicas e completamente lisas, ou com bolsos, babados e aplicações.
O truque de styling varia conforme o jeito como a camisa é colocada: por dentro da cintura alta, aberta para proporcionar um decote, amarrada ou soltinha. O comprimento também é algo a ser observado. No street style, é possível reparar visuais com estética oversized e até cropped.
Vale juntar com calça jeans ou de alfaiataria, short ou saia. Também há quem prefira usar apenas a camisa, como se fosse um vestido. A proposta é despojada e tem um toque sensual.
Sobreposição
Para quem curte looks mais elaborados, a sobreposição é uma ótima pedida. A mistura surge com colete, top, pullover, vestido e corpete. Por baixo, a camisa branca pode parecer bastante ou apenas com a gola de fora.
O contraste de um item preto com a white shirt fica sóbrio, mas também é interessante se jogar em outras tonalidades. O tamanho da manga da camisa também faz diferença na escolha.
Com blazer ou jaqueta
O jeito mais tradicional de usar a camisa branca é com blazer. A combinação traz uma pegada genderless, principalmente se uma gravata for acrescentada. A alfaiataria não tem erro quando a intenção é passar um ar rebuscado. O sobretudo também é superválido.
Aqui, a dica é construir camadas. Se o propósito é uma roupa mais casual, a jaqueta cai muito bem, pois ocasiona um mix de texturas. O que importar é usar a criatividade! Afinal, a white shirt oferece muita versatilidade.
A melhor parte é que é possível encontrar opções de camisas brancas em todo tipo de marca: das grifes mais luxuosas às lojas de departamento. Escolha a modelagem de sua preferência, agarre as inspirações e monte um look próprio com a clássica peça!
Colaborou Rebeca Ligabue