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Brazil R$ 1,99: documentário explora moda e cultura local

Com tema que aborda feiras, coletivo brasiliense quer gerar questionamento sobre a valorização de produtos e consumo de culturas regionais

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Brazil R$ 1,99: documentário explora moda e cultura local
1 de 1 Brazil R$ 1,99: documentário explora moda e cultura local - Foto: @brazil1.99/Instagram/Reprodução

Quem procura e quem consome a cultura brasileira? Esses questionamentos e provocações são levantados pelo coletivo Brazil R$ 1,99, que coloca a temática em evidência no primeiro documentário da iniciativa idealizada pela dupla Savio Drew e Pedro Hermano. As feiras populares são o cerne da produção, batizada de Feira Popular Brasileira Digital, e que estreou na última segunda-feira (02/03).

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O tema inaugural, Feira Popular Brasileira Digital, refletiu no nome e na identidade visual do grupo de criativos. 
Evidenciando a cultura nacional, o projeto estuda formas de entender como o público vive a realidade das feiras brasileiras e como elas são traduzidas em produtos e comportamentos. O resultado é entregue por meio do audiovisual, da moda e, principalmente, em depoimentos.  

“Compreendemos que a feira é o coração da cultura popular brasileira”, esclarece Pedro Hermano. “O intuito é pesquisar, falar e questionar o que é cultura nacional e o que é regional. Mostramos cada região e trazemos os olhares desses lugares para o documentário e editorial fotográfico”, complementa o stylist.

Trechos do curta-metragem foram capturados em Alexânia, em Goiás, para registrar as vendas de um ambulante que oferece caju na beira da estrada. Outra realidade mostrada foi a Feira do Produtor, localizada em Ceilândia, no Distrito Federal. Depois, o olhar se volta à Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa – DF).

“Queríamos registrar três momentos de vendas: o ambulante superimprovisado, que vende a fruta da estação; a ‘bagaceira’ que é uma feira, onde o próprio produtor fornece itens para demais trabalhadores e mercados; e o Ceasa, com um público mais intelectual, clientes brancos consumindo orgânicos e grandes restaurantes ou cafés”, esclarece Savio.

O vídeo está disponível no IGTV do Instagram do Brazil R$1,99. Como uma conversa acelerada, o documentário fala sobre economia, venda e consumo, como se o telespectador estivesse presencialmente em uma feira. Paralelamente, um editorial de moda também foi produzido para personificar o conceito.

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Coletivo brasiliense Brazil R$ 1,99 lança o primeiro documentário e editorial de moda

 

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O grupo coloca a cultura brasileira “em oferta”

 

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O material visual aborda a temática das feiras populares

 

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Feira Popular Brasileira Digital

 

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O trabalho evidencia a cultura e moda locais

 

O fenômeno da desvalorização dos produtos nacionais faz parte dos questionamentos de Savio Drew há quatro anos. O designer de moda tirou do papel as pesquisas sobre o mercado e idealizou o projeto Brazil R$ 1,99 após retornar de uma viagem a Paris, no fim do ano passado.

“Eles [os franceses] são incríveis, amam e compram a cultura, fazendo de fato a economia circular. Isso é um comportamento deles e diversos países também consomem o que vem de lá. Enquanto isso, em Brasília, estão querendo consumir a moda de São Paulo, Rio de Janeiro e de fora”, observa.

Foi em outubro que o projeto recebeu a expertise de Pedro Hermano e tomou a forma atual. No Instagram, a feira digital foi desenvolvida para vender a ideia de “cultura à preço de banana”.

“Consuma a sua cultura enquanto é de graça e ainda não foi para fora! A nossa economia só vai ser forte quando pararmos de enxergar o Brasil apenas quando ele atravessa a fronteira”, afirma Savio.

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Orlando over Olinda. Mcqueen over Herchcovitch. Coq au vin over pato no tucupi. O que é que o gringo tem? Esquecemos da baiana? O coletivo barraca itinerante Brazil 1,99 procura estudar as diversas formas como o brasileiro vive a realidade nacional e como essa vivência é traduzida em produto, narrativa e cultura overall. Procura questionar, por meio do audiovisual, da moda e de relatos dos brasileiros reais, porque costumamos dar mais valor ao externo se o interno é tão rico e multicolorido. E não foi necessário ir longe para começar a pesquisa. Na feira de qualquer estado, em qualquer cidade do continente Brasil percebemos uma amostra desse lugar. Encontramos a geografia, o bioma e a cultura materializados de múltiplas formas e em movimento: à venda – preço de banana, baby. A feira é, então, a síntese desse projeto: como é que o brasileiro compra (assimila) e vende (propaga) a cultura popular brasileira? Direção de Arte: Savio Drew Direção: Elvis Stils: Vinícius Martins e Luiza Herdy Styling/Design de Moda: Pedro Hermano Beleza: Bianca Anderes Modelo: Luther Rocha Trilha sonora: Luiza Pessoa Arte Gráfica: Marina Sofia Bandeira Botêlho Personagens: Thaynan Cecília Izidro dos Santos Ruan Carlos Cristiane Félix Romildo da Rocha Francisco Paulista Lenderson Sousa João Maciano Kelvis Duran Anthony Boateng Estefânia (Família Buscapé)

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Na feira, também há moda, um resultado de comportamentos e política. Por lá, o consumo é diferente por conta do público. “Nós sempre vamos puxar para a moda, é a nossa casa, mas vamos trazer sem glamour e com a estética mais próxima da realidade”, ressalta Savio.

Roupas produzidas com retalhos de chita, sacolas plásticas viraram adorno de cabelo e sacos de laranjas protagonizam mangas bufantes nos looks. O visual aponta uma crítica do projeto para o público adotar a cultura e se vestir de Brasil.  “‘Eu me visto de feira e estou indo embora’. Essa é uma resposta para a pergunta: se você fosse embora do país, o que levaria?”, explica.

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Sacos de laranjas viraram mangas bufantes com transparência e textura

 

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Tecido chita foi usado na gola do blazer

 

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Sacolas plásticas viraram adornos de cabeça

 

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Bag de farinha de trigo

 

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O projeto instiga o público a adotar a cultura e se vestir de Brasil

 

Novos projetos

Com DNA itinerante, o Brazil R$ 1,99 oferecerá todos os produtos que criar de forma gratuita. A dupla criativa já traçou a próxima rota. Em julho, o próximo editorial de moda e documentário será produzido no Piauí. 

Na data, festejos para Nossa Senhora Aparecida irão tomar conta da cidade durante nove dias. Além das comemorações e orações, as pessoas que residem nos vilarejos próximos caminham para o centro e, por lá, o comércio da moda também funciona.

“É o único mês do ano que as pessoas compram roupas e toda a população passa o ano guardando dinheiro para a festa”, adianta Savio.

 

Colaborou Sabrina Pessoa

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