Brasileiros criticam Rihanna por usar pele nas criações da Fenty
Cantora apresentou novidades de sua grife de luxo nesta semana, mas peças feitas com couro de cordeiro não agradaram a alguns fãs
atualizado
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Desde que chegou ao mercado da moda com sua etiqueta de lingeries Savage x Fenty, a cantora Rihanna tem sido apontada como um ícone da inclusão. No entanto, para alguns fãs brasileiros, a imagem que a artista construiu nos últimos 18 meses pode estar em risco. Na última terça-feira (12/11/2019), a estrela de Barbados anunciou a nova coleção da Fenty, sua grife de luxo. Para a surpresa de muitos internautas, o trabalho chegou ao e-commerce da label com pelo menos quatro peças de pele animal, levando a estrela a enfrentar uma enxurrada de críticas na internet, com direito a uma aparição nos Trending Topics do Twitter.
Vem dar uma olhada comigo!
A nova polêmica envolvendo Rihanna começou quando os fãs da cantora foram ao e-commerce da Fenty dar uma olhada em suas novas criações.
Por lá, encontraram quatro produtos com pele de cordeiro em sua composição: um volumoso casaco branco, uma jaqueta oversized marrom e um cachecol, todos 100% feitos com matéria-prima animal, e um mule com aplicações felpudas na gáspea e no salto.
Não demorou muito para que os defensores dos animais criticassem os itens no Twitter. “Desculpa, gente, mas casaco de pele em pleno 2020 é um baita retrocesso. Rihanna, mulher, tu és inteligente demais pra isso. Dá tempo de deletar essa linha de produção e começar outra mais sustentável”, sugeriu uma fã.
Desculpa gente mas casaco de pele em pleno-quase-2020 é um baita retrocesso
Rihanna mulher, tu és inteligente demais pra isso, dá tempo deletar essa linha de produção aí e começar outra mais sustentável, bixa
— Sandra Costa (@bySandraCosta) 13 de novembro de 2019
Querendo mostrar que estão superantenados com as atuais mudanças no segmento têxtil, alguns seguidores pediram à estrela que ela invista mais em soluções que não agridam os animais, aos moldes do que, supostamente, fazem grifes como Chanel, Gucci, Versace, Prada e Burberry.
“Em pleno 2020 usar pele 100% animal, com tantos avanços tecnológicos? Não tem como fazer uma pele sintetizada, não?”, indagou outro usuário.
a gay branquela querendo me esmurrar pq eu estava reclamando do erro da Rihanna em pleno 2020, usar pele 100% feita de animal, com tantos avanços tecnológicos, não tem como fazer uma pele sintetizada não???
— ??????? ?️? (@Douglsx) 13 de novembro de 2019
De fato, existem muitas soluções para o uso de peles e couros animais. Como noticiamos em novembro passado, cascas de abacaxi e bagaços de uva são utilizados como alternativa para o problema, ao passo que cientistas mexicanos apresentaram, em outubro, uma pele artificial feita de cactos.
Contudo, diferentemente do que muitos fãs acreditam, as concorrentes de Rihanna não são tão evoluídas assim. A Gucci abandonou o uso das peles de mamífero, mas ainda usa couro de cobra em suas peças. A Chanel e muitas outras labels baniram os couros exóticos, mas as matérias-primas bovinas continuam a todo vapor.
Até mesmo a rainha Elizabeth II não deixou de usar peles, como foi amplamente noticiado no início do mês. As próximas roupas criadas para a monarca não terão tecido animal em sua composição, mas ela não deixará de vestir as que já existem em seu closet, como fez Kim Kardashian ao substituir seus casacos antigos por versões sintéticas.
O estado da Califórnia, nos EUA, baniu a venda e comercialização de peles. Porém, a lei assinada pelo governador Gavin Newson não se aplica às práticas religiosas e exclui as peles de cachorro, gato, vaca, veado, ovelha e cabra, bem como qualquer item preservado por taxidermia.
Outro fator que vale a pena levar em consideração diz respeito à técnica usada nos produtos da Fenty. O processo de shearling, no qual a pele de novilho ou cordeiro é tosquiada de forma que o material final tenha uma profundidade uniforme, muitas vezes é feito em animais que já serão abatidos para consumo.
A etiqueta brasileira Osklen, por exemplo, ganhou selo internacional de sustentabilidade por reaproveitar o couro dos pirarucus que alimentam as comunidades ribeirinhas da Amazônia.
É importante lembrar, também, que o movimento fur free tem incomodado a comunidade negra norte-americana. Nomes como Cardi B e Safaree Samuels, ex-noivo de Nicki Minaj, alegam que o fim do uso de peles chega em um momento no qual os negros têm poder aquisitivo suficiente para comprá-las, algo intragável pelo ponto de vista caucasiano.
“Há um sentimento entre muitas mulheres negras de que essa rejeição cultural das peles coincidiu com nossa maior capacidade de comprá-las”, escreveu a colunista Jasmine Sanders no New York Times.
Esta não é a primeira vez que Rihanna se vê em uma polêmica envolvendo o uso de matéria-prima animal. Em 2017, ela foi criticada, em carta aberta, pela organização de defesa dos animais PETA, após por usar um casaco de pele de raposa durante um desfile da Dior. A ONG até enviou uma roupa feita de material sintético para a cantora.
Colaborou Danillo Costa