Metrópoles Fashion & Design fala sobre biomateriais e tecnologia
O segundo dia do festival foi marcado por rodas de conversa que apresentaram ferramentas para deixar a moda mais sustentável
atualizado
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O Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 ofereceu, nesta sexta-feira (15/9), duas rodas de conversa sobre experimentação na moda. Uma delas teve como tema as descobertas com biomateriais. Outro talk abordou tecnologia, sustentabilidade e trabalho manual.
Vem saber os detalhes!
Biomateriais: evolução e descobertas
No bate-papo sobre biomateriais, os convidados foram Raquel Bogéa, idealizadora da Bosque Ateliê e especialista em tingimento natural, Sarah Magalhães, criadora da marca de joias Urbanoise, e Sérgio Calado, estilista e fundador da marca homônima. A mediação ficou por conta de Breno Abreu, professor de design de moda, e da jornalista Sabrina Pessoa.
Sérgio Calado explicou na roda de conversa como a moda pode incorporar materiais inovadores em roupas. O designer utiliza o salmão, que é um resíduo da indústria alimentícia. Ele transforma a pele do peixe em elemento para criar os produtos da etiqueta.
“Gosto de tentar olhar a moda como um lugar em que é possível encontrar possibilidades de materiais, seja de resíduos, como a gente fez um jaqueta de couro de salmão, ou um casaco feito de auréolas de algodão, que é um resíduo da indústria têxtil”, explica Calado.
O assunto gerou ainda uma dúvida sobre o que, de fato, pode ser considerado um biomaterial. Breno Abreu, com a expertise no assunto, levou ao público uma explicação aprofundada. “O termo está sendo usado de maneira vazia, mas ele possui várias classificações. A gente pode ter os biomateriais vegetais, que podem ser usados em estampadas, e os biossintéticos, que são materiais naturais, mas que passam por processos químicos para produção.”
Na conversa, Sarah Magalhães compartilhou detalhes do processo da própria marca de joias, chamada Urbanoise. Ela explicou que as peças são feitas com prata reciclada, a partir de chapas de radiografia.
Magalhães ressaltou que a indústria tem evoluído em relação à necessidade do reaproveitamento, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Eu acho que hoje a gente já possui muita informação para essa luta, é um trabalho de formiguinha, mas ainda é possível chegar lá.”
Raquel Bogéa, que inclusive realizou junto ao MFDF uma oficina de tingimento, expressou a própria visão do futuro no cenário fashion em relação ao uso e consumo de produtos feitos com materiais naturais. “Para mim, essas pessoas, ao consumirem essas iniciativas, de alguma forma, estarão se sentindo incentivadas e ainda mais engajadas no assunto, o que vai gerar continuidade ao movimento e ações”, refletiu.
Tecnologia, sustentabilidade e trabalho manual
Outra roda de conversa que atraiu o público para o centro do museu foi a sobre tecnologia, sustentabilidade e trabalho manual na moda. A conversa foi mediada pelo repórter Luiz Maza e a consultora Samanta Faria. As convidadas foram a artista Bruna Zanatta, Ana Cláudia Braga, estilista e professora do projeto CustomizArte DF, e Rachel Bessa, fundadora da marca Potira.
As participantes falaram sobre os desafios e as oportunidades do mercado. Para as três, a sustentabilidade é um tema fundamental na moda. Rachel, inclusive, que trabalha com bordado, destacou que a indústria precisa ser mais transparente sobre os processos de produção.
“É importante saber de onde vêm as matérias-primas, como elas são produzidas e quais são os impactos ambientais e sociais”, disse Rachel. “Precisamos tomar escolhas conscientes sobre os insumos que usamos”, completou.
Bruna, que trabalha com tufting, concordou com o raciocínio. Ela também acredita que é fundamental educar o consumidor sobre a relevância da sustentabilidade. Outro ponto central foi a necessidade de pesquisas e inovação.
“Podemos usar a tecnologia para mostrar as pessoas como a indústria da moda impacta o meio ambiente”, opinou Bruna. “Também podemos usar a tecnologia para conectar pessoas e compartilhar ideias”, finalizou a artista.
Metrópoles Fashion & Design Festival 2023
Para movimentar a moda brasiliense, Ilca Maria Estevão promoveu a segunda edição Metrópoles Fashion & Design Festival. A iniciativa foi realizada com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O evento, que ocorreu de forma gratuita nos dias 14 e 15 de setembro, também proporcionou experiências musicais e gastronômicas.
Neste ano, o foco do MFDF foram brechós locais. Com a proposta de impulsionar a economia criativa e circular, o Museu Nacional da República recebeu 15 empresas do segmento. São elas: To Face, Bullseye, GG Garimpei, Reetiqueta, Bela Shop, Desapeguei Bonito, Choose Vintage, Reciclando Luxo, Lixo Mania, Pretty New, Peça Rara, Tela Ambulante, Brechó dos Óculos, Não Kero Maix e Bem QT Quis.