Beijo entre Bella Hadid e modelo virtual é motivo de polêmica
Trecho da campanha Minha Verdade #MyCalvins, da Calvin Klein, não agradou ao público LGBTQ
atualizado
Compartilhar notícia
Ninguém pode definir nossas próprias verdades. Essa é a reflexão levantada em um trecho recente da nova campanha da Calvin Klein, com a modelo Bella Hadid e a “robô” Lil Miquela. No vídeo publicado nas redes sociais, as duas se beijam. Será que a interação entre pessoas reais e digitais vai virar tendência?
No vídeo de 30 segundos, a CK diz que a influenciadora virtual de 19 anos “borra as linhas” entre o real e virtual. Em determinado momento, Bella aparece narrando: “A vida é sobre abrir portas, criar novos sonhos, que você nunca soube que poderiam existir”.
O vídeo é parte da nova campanha Eu Falo a Minha Verdade com #MyCalvins, protagonizada por vários artistas da atualidade que compartilham narrativas pessoais sobre autoexpressão. No entanto, o beijo entre as duas personalidades não foi visto com bons olhos por parte da comunidade LGBT, que acusou a marca de queerbaiting.
Vem comigo entender o caso!
Queerbaiting é uma estratégia de marketing na qual há sugestão de um relacionamento homossexual com a finalidade de atrair o público LGBT, mas sem a verdadeira intenção de representá-lo.
Toda a polêmica girou em torno de Bella. Ela namora o cantor da grupo The Weeknd e nunca se declarou bissexual ou queer, ainda que rumores levantados pela canção Lost in the Fire, do artista, tenham sugerido essa possibilidade.
Em comunicado publicado no Twitter, a marca norte-americana reconheceu que o material pode ser interpretado como queerbaiting, mas, até o momento, a campanha segue no ar. Leia na íntegra:
“O conceito para nossa última campanha, #MyCalvins, é promover liberdade e expressão para uma ampla variedade de identidades, incluindo o espectro de gênero e identidades sexuais. Esta campanha específica foi criada para desafiar normas convencionais e estereótipos na publicidade. Neste vídeo particular, nós exploramos as linhas borradas entre realidade e imaginação.
Entendemos e reconhecemos como uma pessoa que se identifica como heterossexual em um beijo homossexual pode ser percebida como queerbaiting. Como uma companhia com uma longa tradição de lutar pelos direitos LGBTQ+, certamente não foi nossa intenção deturpar a comunidade LGBTQ+. Nós nos arrependemos sinceramente por qualquer ofensa que causamos.”
Entre as personalidades da campanha, há pessoas LGBT: o cantor gay Troye Sivan, Indya Moore (atriz e ativista não binária) e o rapper Kevin Abstract. Nomes conhecidos como Shawn Mendes, Billie Eilish, A$AP Rocky e Kendall Jenner também revelam suas narrativas na série de imagens. As fotos são de Mario Sorrenti, enquanto o diretor Jonas Lindstroem assina os vídeos.
Por meio dos relatos das celebridades, a marca incentiva o público a contar sua própria verdade usando a hashtag #MyCalvins. Os vídeos são as principais abordagens da iniciativa, que demonstra maior investimento da CK no meio digital. Antes de Raf Simons sair da direção criativa da label, em dezembro de 2018, essa foi uma das mudanças anunciadas.
“Estou cansado de mentir para mim mesmo, não me proteja do que eu quero”, diz Kevin Abstract em um dos vídeos. Troye Sivan fala sobre ser o “garoto gay esquelético” e ter que fingir confiança mesmo depois de crescido. Indya Moore confessa que costumava se sentir feia antes das 10 horas da manhã, mas agora “não espera para ser livre”. “As pessoas acham que veem tudo, mas elas só veem o que eu mostro para elas”, reflete Kendall Jenner.
InCKubator
Depois de mudanças na grife, como o fim da linha de prêt-à-porter, o grupo PVH Corp continua a reestruturação da CK. Segundo o Business of Fashion, a marca vai lançar o projeto InCKubator, uma série de estreias anuais – entre quatro e seis – que serão comandados por um time de jovens criativos. A proposta vai funcionar por meio de uma nova marca da Calvin Klein, a ser lançada em setembro.
Colaborou Hebert Madeira