Balenciaga tenta limpar a barra após polêmica de pornografia infantil
A marca lançou duas campanhas controversas em novembro. Diretor criativo Demna Gvasalia afirmou que foi “erro de julgamento”
atualizado
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A Balenciaga tem feito esforços para limpar a própria imagem. Uma das marcas de moda de maior sucesso perdeu relevância após divulgar duas campanhas publicitárias com imagens relacionadas à pornografia infantil. Em uma sequência de esforços para se retratar, a grife anunciou parceria com a ONG National Children’s Alliance. O diretor criativo Demna Gvasalia deu uma longa entrevista na qual comentou o caso.
O ano de 2022 não acabou bem para a Balenciaga. A grife, que durante anos ditou tendências com um estilo arrojado e peças polêmicas, “perdeu-se no personagem” com duas campanhas.
Na ação criticada, foi desenvolvida uma Gift Shop que trazia bolsas em formato de ursos de pelúcia usando roupas e acessórios, de couro e correntes, que remetiam ao fetiche em sadomasoquismo. A problemática das fotos é que crianças seguravam essas peças.
A campanha de primavera/verão 2023 somou à polêmica. As imagens, que traziam pessoas com peças da marca em um escritório, “escondiam” três itens que não passaram despercebido dos olhos atentos:
- Uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, de 1996, que reverte a Lei de Prevenção de Pornografia Infantil sob a justificativa de liberdade de expressão;
- Um livro do artista Michaël Borremans, com uma obra em que crianças aparecem nuas em uma espécie de ritual;
- O certificado universitário com um nome que, quando pesquisado no Google, revela-se ser o de um abusador.
Parceria com a NCA
Na última quarta-feira (8/2), a Balenciaga anunciou a sua primeira ação concreta após apagar as campanhas e se desculpar. A grife passará a apoiar a National Children’s Alliance (NCA), ONG internacional que presta apoio jurídico e psicológico para crianças vítimas de abuso.
Segundo o comunicado, será uma via de mão dupla. A organização ministrará pequenos cursos sobre proteção infantil para os funcionários da Balenciaga. Já a marca se comprometeu a apoiar a NCA financeiramente e aumentar a conscientização pública sobre abuso infantil.
Entrevista à Vogue
O estilista Demna Gvasalia, responsável pelo rebranding da Balenciaga, deu uma longa entrevista à publicação no início do ano. A íntegra foi divulgada na última quinta-feira (9/2). Sobre a campanha que traz as crianças como protagonistas, o designer afirmou que foi um “erro de julgamento”.
“Não deveríamos ter apresentado crianças em imagens que incluíssem objetos inapropriados para elas. Ninguém, inclusive eu, levantou a questão de ser inapropriado. Eu me arrependo muito disso, quero dizer que sinto muito”, confessou o estilista.
Já sobre a segunda campanha, com os objetos “cenográficos” inapropriados, Demna Gvasalia se mostrou relutante. Segundo ele, “foi um conjunto de coincidências negligentes e infelizes, mas não intencionais”. “A princípio, fomos informados de que os documentos eram falsos. Não sei como eles foram parar lá. Eles não deveriam estar lá”, lamentou.
O peso das polêmicas para a marca já pôde ser mensurado. A Balenciaga caiu no ranking de marcas mais desejadas da moda da Lyst, da 4ª para a 11ª posição. Os dados usados para a lista levam em conta o quarto trimestre de 2022, justamente o período das polêmicas. Agora, só o tempo mostrará se as novas ações da grife serão suficientes para melhorar sua reputação.