Balenciaga retornará à alta-costura após 52 anos
Focada nas coleções de prêt-à-porter desde os anos 1980, a grife marcou o retorno ao calendário de couture para o mês de julho
atualizado
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A Balenciaga acaba de anunciar que voltará a fazer alta-costura, depois de 52 anos. O retorno está marcado para o mês de julho, na temporada de outono/inverno 2020/21, sob o comando do diretor criativo Demna Gvasalia. Fundador da casa, o couturier espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972) ficou conhecido como o “mestre da alta-costura”. Quando se aposentou, em 1968, encerrou as atividades da maison, que só retornou nos anos 1980, com coleções de prêt-à-porter.
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A grife anunciou o retorno nessa segunda-feira (20/01/2020), primeiro dia dos shows de haute couture primavera/verão 2020, em Paris. No comunicado, Gvasalia descreveu o segmento mais luxuoso da moda como “uma expressão de beleza nos mais altos níveis estéticos e qualitativos.”
“A alta-costura é o alicerce desta casa, por isso, é meu dever criativo e visionário trazê-la de volta à Balenciaga. Para mim, é um modo inexplorado de liberdade criativa e uma plataforma de inovação”, declarou.
O estilista disse que o formato é uma possibilidade de voltar às origens da grife com uma “visão moderna”. Para ele, um dos grandes feitos de Cristóbal Balenciaga no setor foi o trabalho com volumes, mais do que o decorativismo, como disse ao WWD.
Com a novidade, a label se torna a primeira do grupo Kering a retornar à alta-costura. A última a deixar o segmento foi a Saint Laurent, em janeiro de 2002.
A Balenciaga anunciou que também vai recriar os próprios salões originais do ateliê da maison no número 10 da Avenida George V, onde ela desembarcou no ano de 1937, em Paris. O endereço histórico funcionará exclusivamente para a linha de couture.
O CEO Cédric Charbit disse que o retorno à alta-costura “foi possível devido ao sucesso da visão criativa de Demna Gvasalia, bem como aos resultados excepcionais de Balenciaga nos últimos anos”. Ao WWD, ele sugeriu que as criações de couture do estilista seriam como “uma síntese entre a rua e o salão.”
Cristóbal Balenciaga
Como couturier, Balenciaga arrancou elogios de grandes nomes da indústria no século passado. Conhecida pela língua afiada, Gabrielle Chanel, por exemplo, o descreveu como “o único costureiro no sentido mais verdadeiro da palavra”.
O designer fundou a própria marca na Espanha, em 1917, e a levou para Paris 20 anos depois. Ele encerrou o trabalho da maison em 1968, quando se aposentou, e morreu em 1972. A casa ficou inativa até reabrir, em 1986. No ano seguinte, o estilista Michel Goma apresentou sua primeira coleção de prêt-à-porter para a etiqueta.
Depois de Goma, o cargo de diretor criativo foi ocupado por Josephus Thimister (1992-1997), Nicholas Ghesquière (1997-2012) e Alexander Wang (2012-2015). O georgiano Demna Gvasalia, fundador do coletivo de design Vetements, ocupa a função desde 2015.
Mesmo dentro das coleções de prêt-à-porter, Gvasalia inovou ao reimaginar silhuetas que o fundador da label havia introduzido na alta-costura. Entre elas, casacos com design de casulo, em referência aos volumes tridimensionais dos vestidos de Cristóbal, e peças com quadril estruturado.
Semana de Alta-Costura
Para serem consideradas casas de alta-costura, ou maisons, as etiquetas precisam seguir uma série de exigências da Câmara Sindical da Alta-Costura.
Em janeiro e julho, todos os anos, aproximadamente 30 casas apresentam coleções no calendário oficial da fashion week mais luxuosa, entre membros permanentes (as maisons), representantes ou convidados.
“Sinto que a maioria das marcas de luxo de hoje se tornaram apenas marcas e não são mais casas. Eu gosto do conceito maison. Quando você é maison, é uma família. Todos nós estamos perdendo isso. Fico feliz por trazer esse link de volta”, disse Cédric Charbit à Vogue americana.
Os desfiles de haute couture da temporada primavera/verão 2020 foram apresentados até essa quinta-feira (23/01/2020), com coleções de casas como Valentino e do costureiro Jean Paul Gaultier, que se aposentou das passarelas após o desfile.
Colaborou Hebert Madeira