Artistas mesclam moda, beleza e tecnologia em criações digitais impactantes
Em uma seleção especial, a Vogue Itália apresentou profissionais que usam as redes sociais para dar significado ao conceito de autoexpressão
atualizado
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É fato que a tecnologia mudou a sociedade e muitas percepções do cotidiano. Quando se trata de moda e beleza, as novas ferramentas virtuais viraram aliadas. Muito além da maquiagem e de looks potentes, que sempre tiveram um papel importante na autoexpressão, artistas vêm usando as redes sociais para divulgar criações digitais cheias de significado.
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Em uma seleção especial, com curadoria da editora de fotografia Chiara Bardelli-Nonino, a Vogue Itália apresentou profissionais inovadores, de diferentes origens. O veículo definiu o trabalho desses artistas como uma expansão do conceito de beleza e da própria humanidade. Afinal, eles vão muito além de representações reais.
Com criatividade e talento, os escolhidos usam avatares, tridimensionalidade e outros métodos tecnológicos para criar um mundo repleto de fantasia. O resultado são personagens icônicos, outfits fashionistas e muita imaginação. Vale reparar nas cores e nas texturas usadas nas obras de arte on-line.
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Bryan Huynh
Um dos talentos revelados é o fotógrafo e diretor Bryan Huynh. O vietnamita-canadense vive entre Toronto e Nova York. Segundo a Vogue Itália, depois de se formar no Sheridan College, há oito anos, mudou-se para Londres, no Reino Unido, onde iniciou a própria carreira. Ele já fez trabalhos com publicações renomadas, como Paper Magazine, Dazed, Time e V Magazine.
A partir de conteúdos surreais, Huynh explora temas como ficção científica, ilustração e mitologia asiática. “Com a moda, a minha porta de entrada sempre foi através da tecnologia. Cresci jogando RPGs japoneses, como Final Fantasy. Por meio dessas experiências, percebi como a moda pode ser eficaz na criação de identidade e, em última análise, de uma sensação de poder”, contou. “O que sempre quero alcançar com cada imagem é criar uma sensação de escapismo, onde as percepções de beleza de alguém não estejam amarradas ao que é realista”, completou.
Blake Kathryn
Outra participante do compilado é Blake Kathryn, especialista em 3D radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos. Com estética futurista e atenção voltada para mulheres performáticas, ela investe em cores vibrantes e nuances metalizadas, em meio a expressões faciais intimistas. O toque espiritual e onírico é nítido. Na trajetória, ela já fez parceria com labels como Adidas, Fendi e Jimmy Choo.
À Vogue Itália, ela explicou que as criações evoluem paralelamente à tecnologia. “O assunto abrangente do meu trabalho examina visões surreais do futuro – de espaços de sonho arquitetônicos a mulheres humanoides”, esclareceu. “As representações convencionais do futuro muitas vezes se manifestam a partir do olhar masculino, emprestando-se às mulheres que parecem objetos manufaturados e desejados. Focando na arte da moda e beleza, meu trabalho busca criar personagens biônicas que exalam autonomia e independência”.
Samy La Crapule
O francês Samy La Crapule também entrou na curadoria. Tendo a evolução da internet como fonte de inspiração, ele produz imagens digitais, com avatares humanoides que usam looks de grifes. Entre elas, Hermès, Fendi, Louis Vuitton e Marine Serre. Formado em design gráfico, o artista já colaborou com a Vogue Itália e fez campanhas para marcas como Adidas e Daily Paper.
Beleza, identidade e tecnologia são pontos-chaves do trabalho de La Crapule. “Nos últimos anos, a multiplicação de fotos idealizadas e retocadas saturou o fluxo da imagem e tornou o belo banal. Foi, então, que o digital apareceu para mim como uma nova forma de representar o belo, de aumentá-lo”, apontou. “O digital torna o corpo maleável, como uma escultura, e permite a desconstrução, deformação, exagero. O digital possibilita, assim, modificar a própria essência do corpo humano”, complementou.
Serwah Attafuah
Autodidata e baseada em West Sydney, na Austrália, Serwah Attafuah é artista digital, pintora e musicista. Tendo o afrofuturismo como principal vertente, ela aborda temáticas como empoderamento e ancestralidade. Segundo a artista, o material envolve “ciborgues delicados e terrenos baldios surreais”.
“Vejo meus personagens digitais como extensões virtuais de mim mesma, sou capaz de me expressar de maneiras que não posso na realidade. Isso me permite ser de outro mundo, mítica ou até mesmo uma fada”, celebrou na Vogue Itália. “Também me ajuda a lidar com a ‘agorafobia’ porque posso interagir com o mundo da maneira que eu quiser, sendo quem eu quero ser”.
Hatti Rees
Diretora de arte, a britânica Hatti Rees é multifuncional. Também artista, cantora, modelo e jornalista, ela se apresenta como uma pessoa não-binária e atribui as personas que desenvolve a uma necessidade de expressão fluida. Recentemente, formou-se em moda na Central Saint Martins, em Londres, na Inglaterra.
Rees já trabalhou no departamento de design da Marc Jacobs e também como editora de beleza da Love Magazine digital. Como maquiadora, ela aposta em visuais nada convencionais, com um toque bizarro proposital e interessante. O objetivo é demonstrar, sobretudo, liberdade.
“A relação entre beleza, identidade e tecnologia é central na minha prática. Mover-se de um mundo de imagens estáticas, fluidez por meio de animação, Photoshop e inteligência artificial é o futuro. Já existimos como criaturas tecnológicas, nossos telefones agora são extensões de nossos corpos humanos”, declarou à Vogue Itália.
A seleção completa da Vogue Itália reuniu 15 artistas. Vale a pena conferir! O fato é que os limites da realidade são constantemente desafiados. A moda e a beleza não têm regras fixas. O que vale, afinal, é a diversão e a consciência do efêmero.
Colaborou Rebeca Ligabue