Artesã brasiliense conquista o mundo com marca de casacos de crochê
O que começou como um hobby, hoje, é a base para um dos empreendimentos da Alana Nunes
atualizado
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O fio de malha ecológico para crochê, derivado de resíduos têxteis, vai e vem. É solto, segurado firme, e logo se alinha novamente pelas mãos de Alana Nunes. Com a marca La Nina, a artesã brasiliense crocheta casacos e acessórios. A cada ponto tramado pelas agulhas, a empresária enlaça seu papel na moda circular local. As criações, que também são feitas a partir de encomendas de clientes, já foram comercializadas nas principais cidades do país e também em outros lugares do mundo.
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A arte do crochê sempre atraiu o olhar criativo de Alana. A profissional conta que, quando criança, costumava viajar com frequência para o Nordeste, onde visitava os avós. Enquanto desfrutava o momento em família, diariamente, gostava de observar e ficava maravilhada ao encontrar crianças e idosas nas calçadas tecendo os fios de linha.
Não demorou para querer se aventurar nas técnicas. Aos 14 anos, ela passou a aprender a arte com a própria mãe. “Ela trabalhava no posto de saúde e começou a dar aulas de crochê no expediente, para ensinar as grávidas a fazerem os próprios enxovais”, relembra, em entrevista à coluna.
O que começou como um hobby, hoje, é a base para um dos empreendimentos da artesã. “Eu comecei a tricotar para dar presentes! Entre os itens, eu fazia mais bolsas e acessórios; e só depois comecei a comercializar os produtos”, conta, a respeito de seus primeiros passos.
Com as agulhas em mãos rotineiramente, a paixão de longa data pelo crochê também despertou o desejo de produzir roupas, mas Alana só começou a tramar o sonho após o convite do projeto Moda Conect. Os casacos foram os primeiros modelitos criados e, em sequência, outros itens ganharam sua atenção.
“O crochê é um alivio; quando eu me sento para fazer, acabo penso na vida e vou resolvendo as coisas. Enquanto vou tecendo, vou resolvendo diálogos internos. Quando não estou muito bem, acabo optando por cores mais sóbrias, mais fechadas. Quando estou mais tranquila, sai uma peça mais colorida”, revela Alana Nunes.
A artesã também é “livreira” (proprietária de um sebo), graduada em história e, atualmente, está estudando sociologia. Além das agulhas, Alana sempre está próxima a algum livro.
As obras literárias também costumam inspirar seu processo criativo. “Geralmente, estou atenta para o que estão usando e o que as marcas estão criando, mas estou sempre com algum livro e, de acordo com a ideia da publicação, pego meu saquinho de linhas, faço uma bagunça e vou tecendo”, explica.
Ao longo de sua trajetória em meio às linhas, Alana fundou a própria etiqueta, nomeada de La Nina. “Em 2008 oficializei a marca após ser selecionada em um projeto que estava tendo no Gama (em Brasília), consegui uma banca e aí abri a empresa”, conta.
Quem desejar investir em algum dos produtos, pode encontrar a La Nina no espaço físico Infinu, em Brasília, ou encomendar diretamente com a artesã pelo Instagram. Pela rede social, a profissional também oferece atendimento personalizado.
Sustentabilidade
Depois que descobriu as linhas de resíduos têxteis, Alana passou a trabalhar com o material. “Meu cliente recebe uma peça que está contribuindo com as questões sustentáveis, evitando o desperdício de água na confecção da matéria-prima, já que ela é obtida a partir de um tecido já confeccionado”, destaca.
Focada na economia circular, a artesã também reaproveita os fios de outros produtos e peças, evitando desperdícios. “Saiu um relatório da ONU apontando que já atingimos a temperatura global da terra que estava prevista para 2050. Temos que fazer a nossa parte”, reforça.
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Talento reconhecido
Os produtos produzidos em Brasília já foram expostos em feirinhas que a marca La Nina participou pelo país. Entre as principais cidades, estão Recife, São Paulo e Belo Horizonte. Clientes pelo globo também encomendam produtos com Alana. Recentemente, a empresária enviou uma peça para a Suíça.
Apesar de o Moda Connect ter confirmado a participação de Alana Nunes na próxima Semana de Moda de Milão, as peças da artesã não serão exibidas no evento. Por conta dessa mudança, a coluna atualizou a reportagem na terça-feira (31/8).
Colaborou Sabrina Pessoa