Aos 31 anos, Murillo Carizzio vive grandes conquistas no mercado da moda. O empreendedor encontrou no ramo uma alternativa para se ressocializar após sair da prisão, em 2014. Com o apoio de familiares e amigos, ele recomeçou com um negócio de joias masculinas de prata com vendas na internet. Atualmente, a El Patron Platas tem um amplo acervo de produtos, com anéis, brincos, correntes e pulseiras que conquistam clientes em todo o território nacional.

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Joias de prata

Conseguir uma nova oportunidade de trabalho após deixar a prisão não é uma tarefa fácil. O estigma, o preconceito e a desumanização são algumas das dificuldades enfrentadas por aqueles que já passaram pelas grades. Aos 21 anos, Murillo Carizzio enfrentou na pele o que é ser um ex-presidiário.

Ao ser liberado, o goiano se viu determinado a construir um futuro diferente. “Eu enfrentei momentos difíceis quando saí do cárcere. Foi a partir dessa necessidade que surgiu uma oportunidade de reverter essa situação”, explica, em entrevista à coluna.

A “solução” veio ao compreender uma demanda em relação aos novos costumes: os homens estavam cada vez mais vaidosos. A partir de um empréstimo de R$ 500, que veio por meio da então namorada, Murillo Carizzio começou a vender peças de prata na internet, em paralelo a uma graduação em direito. “Queria atingir uma parcela do público que não consegue consumir ouro. Entendi que poderia oferecer qualidade e ainda atingir os meninos”, conta.

Inicialmente, a empresa era intitulada Dallas Joias, mas, em busca de maior visibilidade, Murillo Carizzio alterou o nome da para El Patron Platas. A ideia surgiu em referência ao protagonista da série Narcos, Pablo Escobar, que usava o jargão. Apesar de ser o fundador da etiqueta, o empresário reconhece a importância das pessoas que o ajudaram na trajetória. “A gente oferece um estilo completo para os nossos clientes, com produtos e um pós-venda bem acertado. Queremos criar uma comunidade familiar entre todos”, afirma.

Ao longo dos anos, a El Patron Platas passou por transformações que aperfeiçoaram o negócio. A etiqueta conquistou artistas do hip-hop e do funk, como Xamã, Hungria e Felipe Ret. “Foi um choque positivo porque eram pessoas que a gente escutava as músicas e assistia na televisão. Quero consolidar ainda mais a empresa nesse segmento”.

El Patron Platas

Com o sucesso da El Patron Platas, Murillo Carrizio conseguiu alterar a própria roda da vida e também dos familiares. Atualmente, a marca tem uma matriz em Goiânia, que fica responsável por toda a operação do e-commerce, além de uma loja física, em São Paulo, no Shopping Itaquera. “Nossa ideia é expandir para o mercado de franquias e, provavelmente, começar a vender internacionalmente. É um nicho muito específico, mas acredito no potencial que temos”, garante o idealizador.

No mercado há 10 anos, a El Patron Platas fatura milhões com a venda de joias de prata. Segundo a marca, em 2024, a receita deve dobrar em relação ao ano anterior.

O medo do julgamento e do preconceito por ser um ex-detento não foram empecilhos para Murillo Carizzio conquistar o sucesso profissional. “Eu escondia de várias pessoas próximas, porque tinha um pouco de receio. Tem cerca de um ano que resolvi compartilhar, com a vontade de que outras pessoas possam se inspirar”, revela.

Da prisão ao milhão

Durante o tempo em que esteve no presidio, Murillo Carizzio encontrou na leitura uma forma de buscar o conhecimento e um refúgio para os dias difíceis. A prática foi estendida para a vida de uma maneira geral, por isso, quando decidiu compartilhar com mais pessoas sobre o passado, ele também quis escrever um livro biográfico.

Intitulada Da Prisão ao Milhão, O Início de um Legado, a obra serve como um testemunho da trajetória de esperança e resiliência. “Não foi fácil escrever, pois é um processo que leva tempo. Acaba que a gente não tem as lembranças de tudo que aconteceu. Porém, me preencheu muito pessoalmente e gostei bastante de ter divulgado”, explica Carizzio.

O fato de ter encontrado uma alternativa aos desafios é o principal motivo de orgulho para Murillo Carizzio. “A gente vai tropeçar, cair, mas só depende de nós levantar. Quero mostrar para as pessoas que o maior obstáculo é a nossa própria mente”, finaliza.