Anna Wintour pede que convidados do Met Gala não solicitem reembolso
Após cancelamento do evento beneficente, o público demonstrou interesse em reaver o valor das entradas, impactando o futuro do Met Museum
atualizado
Compartilhar notícia
Depois de adiar a abertura da exposição anual do instituto de vestuário para outubro, o Museu Metropolitano de Arte de Nova York optou por cancelar o Met Gala, evento beneficente que inaugura a tradicional mostra de moda. Com a decisão, a organizadora da ação e editora-chefe da Vogue América, Anna Wintour, pede que os convidados do baile não peçam reembolso, já que a venda dos ingressos financia as exibições do centro cultural norte-americano.
Vem comigo saber mais!
Assim como quase todos os eventos programados para acontecerem em 2020, o Met Gala, baile anual que inaugura a principal exposição do Museu Metropolitano de Arte de Nova York, foi impactado pelo distanciamento social. Como de costume, a ação aconteceria na primeira segunda-feira de maio, mas, devido às medidas de contenção, inicialmente, o lançamento da mostra foi adiado para outubro.
Desafios na internet mantinham vivas as esperanças de que o tapete vermelho mais aguardado da moda tomaria as escadarias do Met Museum ainda este ano. Porém, na semana passada, a organização fez bem em cancelar definitivamente o evento por conta crise de saúde global.
“Passamos por muitas coisas em 150 anos e vamos continuar sendo um símbolo de esperança. Este museu é uma lembrança profunda da força do espírito humano e do poder da arte em oferecer conforto, inspiração e comunidade às pessoas. Enquanto passamos por estes tempos desafiadores e incertos, nos sentimos encorajados em olhar para o futuro, para o dia em que poderemos voltar a aproveitar as exposições do Met pessoalmente”, comentou Daniel H. Weiss, presidente a instituição, sobre o cancelamento.
Segundo o site Page Six, a equipe de Anna Wintour tem procurado as pessoas que compraram as entradas, cujo o valor é redirecionado aos projetos do centro cultural, para pedir que elas não peçam reembolso.
A atitude não é inédita. A grande maioria dos eventos filantrópicos que foram cancelados por conta do novo coronavírus tem solicitado aos convidados que mantenham as doações mesmo sem as festas e jantares. No entanto, diferente das demais ações, nas quais o intuito é única e exclusivamente ajudar uma causa social, o Met Gala vende uma noite mágica com as maiores estrelas do entretenimento, e cobra caro por isso.
O valor para cruzar as escadarias do Met Museum ao lado de nomes como Rihanna, Lady Gaga e Kim Kardashian é de US$ 30 mil por pessoa, sem qualquer direito sobre a escolha dos lugares no jantar que marca a abertura da mostra. Caso você queira decidir onde se sentar, é possível comprar uma mesa com 12 lugares por US$ 300 mil, algo em torno de R$ 1,66 milhão.
Se antes da pandemia, o investimento parecia valer a pena graças à oportunidade de presenciar a primeira aparição de Meryl Street no evento, por exemplo, no contexto atual, um gasto dessa magnitude soa inadequado, principalmente quando não há qualquer celebridade envolvida.
Sem o baile, muitas pessoas estão procurando a organização do evento para reaver a quantia paga pelas entradas, colocando o futuro do Met Museum em risco. “O Met Gala é a principal fonte de financiamento instituto de vestuário. Esperamos que os convidados considerem transformar seus ingressos em doação ou deixar as entradas para o baile do próximo ano reservadas. Se isso não for possível, é claro que o dinheiro será devolvido. Tanto o Met quanto a comunidade global de artes e cultura sofrem enormes perdas por conta da pandemia”, relatou uma fonte do museu ao Page Six.
No ano passado, o baile arrecadou US$ 15 milhões para o centro cultural norte-americano. Sem a verba, o futuro do local, bem como o de seus projetos, é incerto, principalmente, após os prejuízos causados pela pandemia. O presidente e CEO do Met, Daniel Weiss, estima que o surto desfalcará os rendimentos do estabelecimento em US$ 100 milhões. Com isso, boa parte dos 2.200 funcionários do staff pode perder os empregos.
A exibição da mostra Sobre Tempo: Moda e Duração, que comemora os 150 anos do museu, está programada para o período entre 29 de novembro de 2020 e 7 de fevereiro de 2021. A instituição liberou um preview de quase 12 minutos em seu canal do YouTube.
Ao longo do vídeo, o espectador é apresentado a uma sequência de visuais dispostos em ordem cronológica, de 1870 até os dias atuais. As 120 peças que compõem a exposição prometem mergulhos históricos e reflexões filosóficas acerca da relação da moda com o tempo. Nesta edição, as instalações serão assinadas pela cenógrafa Es Devlin, conhecida por ambientar palcos de artistas como Beyoncé e Kanye West.
O Met Gala, oficialmente batizado de Costume Institute Gala, foi criado em 1948, com o intuito de incentivar a alta sociedade a financiar as exposições do Met Museum. Atualmente, a festa ainda tem esse objetivo, mas são as celebridades e grifes que contribuem com a instituição, comprando mesas no evento ou patrocinando mostras.
Muitas marcas usam o baile como vitrine ao convocar um time de estrelas para ostentar as criações da casa ao lado dos respectivos diretor criativo. Em 2019, a Gucci foi a grande benemérita da mostra, convidando nomes como Harry Styles, Lana Del Rey e Jared Leto para formar o squad de Alessandro Michelle, diretor criativo da label italiana. Neste ano, o posto é da Louis Vuitton.
Colaborou Danillo Costa