Analistas de tendências adiantam as cores da primavera/verão 2021. Confira!
Depois de privilegiar tons escuros nesta temporada, a moda recorrerá aos pigmentos suaves e vívidos para atender as demandas pós-coronavírus
atualizado
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Há dois meses, a moda apostava em estilos agressivos e fetichistas, com itens escuros em couro e látex, sobretudos, bandanas e peças em xadrez figurando entre as principais tendências do outono/inverno 2020. Com a pandemia, no entanto, a indústria têxtil teve que se reestruturar e mirar em moods mais suaves para se adequar às mudanças de comportamento geradas pelo isolamento social, como indica um estudo feito por analistas de tendências do WGSN e especialistas da Coloro, a principal concorrente da Pantone.
Vem comigo conferir quais tons surgirão na próxima temporada, como um reflexo da dura realidade que vivemos atualmente.
O estilista André Carvalhal, autor do livro Moda Com Propósito, acredita que os consumidores, naturalmente, irão gastar menos com roupas após o isolamento social. “Algumas pessoas estarão sem emprego ou sem dinheiro”, afirmou ao Yahoo Finanças.
O profissional adianta que, após tanto tempo sem revisitar o guarda-roupa, os amantes da moda não devem encarar a busca por novos visuais como uma prioridade. “As roupas deixaram de ser um item de necessidade ou interesse para quem está dentro de casa”, defendeu ao portal.
Para Carla Buzasi, diretora executiva da WGSN, empresa que prevê tendências de mercado, as incertezas criadas pelo surto da Covid-19 obrigou a indústria têxtil e os amantes da moda a desacelerarem.
“A pandemia de coronavírus é o maior motor de mudança global observado em muito tempo, alterando as atitudes dos consumidores. As indústrias serão pressionadas a se adaptarem, à medida que enfrentamos uma realidade que exige flexibilidade, resiliência e, acima de tudo, criatividade, tanto dos indivíduos como das empresas”, diz a especialista no relatório Future Consumer 2022, divulgado recentemente.
Segundo ela, quando a crise acabar, iremos lidar com um mundo diferente, o que significa que as marcas deverão proporcionar novos formatos de experiência. “É mais importante do que nunca compreender o que as pessoas ainda querem comprar. Embora dependamos da conectividade digital para sobreviver a estes tempos turbulentos, é a nossa necessidade de conexão humana que realmente moldará nossas vidas”, adianta Buzasi no estudo.
A WGSN destaca que a junção de quatro sentimentos construirá a nova percepção do consumidor: medo, resiliência, resistência e otimismo. Ao unificar essas sensações, os clientes demandarão experiências de compra mais simples. “Deve-se criar ambientes e produtos relaxantes, projetados para aliviar o estresse e a ansiedade”, indica a diretora executiva da empresa.
De olho neste contexto, a empresa de previsão de tendências, em parceria com o catálogo de cores Coloro, investiu em um estudo para apontar quais tons estarão relacionados a este comportamento.
Jenny Clark, diretora de cores da WGSN, conta que os pigmentos serão guiados pelo desejo de energia e equilíbrio. “Com períodos prolongados de isolamento, a natureza e sua vitalidade terão um apelo claro, mas a tecnologia também será celebrada, à medida que as conexões por meio de ferramentas digitais se tornam necessárias. As principais tonalidades da nova estação refletem essa dualidade, indo dos tons orgânicos aos artificialmente aprimorados”, comenta.
Flor de orquídea
Em um momento tão incerto, essa versão um pouco mais escura do magenta será uma ótima maneira de criar uma sensação de positividade e escapismo. A cor vibrante deve causar impacto tanto no beachwear quanto no segmento de festas, além de figurar em estampas e looks monocromáticos.
“A flor de orquídea tem uma qualidade intensa, hiper-real e energizante que se destacará na vida real e nos meios digitais”, observa Joanne Thomas, chefe de conteúdo da Coloro.
Azeite
Depois dos verdes gritantes que tomaram as passarelas nas últimas temporadas, o tom de azeite dominará as roupas de trabalho, lingeries, calçados e acessórios, como preveem a Coloro e a WSGN. A aderência à cor, muitas vezes conectada à cultura militar, já podia ser sentida no street style da temporada de outono/inverno 2020. Agora, graças à demanda por simplicidade, a tonalidade esmaecida deve protagonizar as estações mais quentes do ano.
Manteiga
Também vista no outono/inverno, em desfiles de grifes como Chanel e Bottega Veneta, o amarelo manteiga esticará sua passagem pela moda até o ano que vem. De acordo com o levantamento, a variação clara e suave do pigmento reluzente se popularizará nos segmentos read-to-wear e loungewear, surgindo na alfaiataria e em lingeries.
Sorvete de manga
A variação vívida e levemente alaranjada do amarelo será o ponto de energia nas coleções de primavera/verão 2021. O tom alegre e estimulante já aparece em roupas de banho e peças esportivas, mas deve alcançar, ainda, as padronagens e formas exuberantes típicas da primavera.
Azul atlântico
Após o distanciamento social, a reconexão com a natureza será representada por meio do azul atlântico, que nada mais é do que uma versão similar do classic blue, eleito pela Pantone como a cor de 2020. Reconfortante, o tom remete a elementos como o oceano e o céu, sendo perfeito para criações minimalistas e sofisticadas.
O momento pede cores mais calmas e descomplicadas, porém, em nossa nova realidade, os tons brilhantes dos aparatos tecnológicos se mostraram essenciais. A cartela de cores do próximo semestre, criada pela WGSN e pela Coloro, reflete essa polarização de necessidades, que também deverá ser retratada nas silhuetas e materiais da temporada de primavera/verão 2021.
Caso as semanas de moda de setembro não consigam realizar suas atividades presenciais, essa dualidade poderá ser ainda mais clara. Afinal, tendo as telas LCD como sua grande vitrine de divulgação, a indústria não hesitará em investir em contrastes para captar a atenção do público.
Colaborou Danillo Costa