Além do look do dia: 4 perfis no Instagram para quem gosta de moda
Páginas apostam em conteúdos com viés político, socioambiental e humorístico para tratar a moda além do consumo
atualizado
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As redes sociais inundam nossos cotidianos com conteúdos variados a todo momento. No entanto, filtrando as contas certas nas quais você decide apertar em “seguir”, é possível encontrar conteúdos instigantes sobre qualquer assunto do seu interesse. Entre eles, a moda. Por isso, a coluna selecionou quatro perfis do Instagram que abordam a indústria fashion de diferentes formas, segmentados em temas como humor e abordagens de cunho mais político, social e ambiental.
Vem conferir!
Não é Moda
O Não é Moda marca presença no Instagram pela abordagem politizada sobre a moda, nos formatos de Reels ou texto. Muitas vezes acompanhadas de perguntas, as postagens analisam questões como o impacto das coleções de fast fashion feitas em 24 horas, além de assuntos mais quentes, como a presença da moda nas Olimpíadas. Dessa forma, convida os seguidores ao diálogo.
Formado em publicidade, Gabriel Coutinho fundou a página em julho de 2020 para ocupar a lacuna de pautas sociais, ambientais e políticas que enxergava no mercado da moda. Também à frente do projeto, a estudante de design de moda Lella Parma passou a colaborar pouco tempo depois. O cuidado na criação de conteúdo e a honestidade com o público são pilares importantes para a dupla, constantemente procurada pelos seguidores para comentar determinados assuntos.
“Já houve vezes em que descartamos postagens porque sentíamos que não tínhamos know-how o suficiente para abordar aquela pauta”, conta Gabriel à coluna. “Recebemos muitas mensagens de pessoas dizendo que mudaram a maneira como pensavam e enxergavam a moda por conta dos nossos posts. É gratificante ter um retorno positivo.”
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“O Não é Moda sempre traz a moda de forma política, com um olhar que, muitas vezes, as pessoas não têm”, compartilha Lella. “A gente acredita que a moda é uma ferramenta de transformação e vai muito além de um look do dia, de uma tendência, e é isso que a gente aborda nos conteúdos: uma moda política e capaz de transformar a maneira como vivemos.”
Mais recentemente, Gabriel e Lella ganharam apoio de mais seis colaboradores na produção de conteúdo, reforço que promete enriquecer a experiência, no Instagram ou nas outras plataformas: TikTok, Twitter e o podcast Esse Não é um Podcast Fashion. “Nós vimos o podcast como uma maneira de nos aproximar mais ainda de quem acompanha o perfil e criar discussões muito mais aprofundadas e com convidados especializados nas pautas que abordamos”, completa Lella.
As postagens de cunho social são as favoritas dos seguidores do perfil. Entre elas, temas como o louvor a corpos magros em relação à exclusão de corpos gordos, ou malefícios da masculinidade frágil. “O mais recente e com grande repercussão falava sobre o papel social de influenciadores e artistas do nosso país. Esse post nos rendeu o follow da [atriz e comediante] Samantha Schmütz”, comenta Gabriel.
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Breguíssimxs
No início deste ano, uma série de montagens mostrando personagens da série A Grande Família como estrelas de campanhas de marcas de luxo rodou o Instagram. O crédito do meme fashion é do trio Lucas Amorim (designer gráfico), Luiz Machado (estudante de direito) e Vinicius Gonzaga (estudante de moda). Eles são os criadores da página Breguíssimxs, que reúne humor, curiosidades e indicações variadas sobre moda e entretenimento.
Além do meme inspirado no seriado da Rede Globo, entre vários outros posts bem-humorados, a página fez paródias de fotos de lendas da música popular brasileira como se fossem campanhas de moda. Pense em um clique de Caetano Veloso de sunga como se fosse uma foto veranil para a Jacquemus. Em outro formato, a página relembra fatos importantes sobre ícones da moda mundial, a exemplo de Karl Lagerfeld, Marc Jacobs e Diane Von Furstenberg.
À coluna o trio por trás do Breguíssimxs conta que criou a página para abordar a moda de maneira descontraída e repleta de referências pop. “O Breguíssimxs nasceu da nossa vontade de fazer algo diferente do que já estava por aí”, contam os idealizadores, em entrevista por escrito à coluna.
O processo começou em setembro de 2020, e a primeira postagem foi ao ar em novembro. O meme sobre A Grande Família foi o divisor de águas e fez o número de seguidores saltar de 100 para milhares. Atualmente, são mais de 12,7 mil.
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“Já faz alguns anos que, entre nós, vivemos trocando memes e fazendo piadas sobre desfiles, campanhas, capas de revista e celebridades. O universo da moda e a cultura pop sempre foram temas que nos interessaram. Estávamos sempre compartilhando opiniões, indicações e fofocas sobre esses assuntos. Isso acabou se expandido e terminou no Instagram. Lá, temos alguma voz, em um espaço que é do nosso jeito”, explicam os amigos e colaboradores da página.
Embora o humor seja um dos pontos fortes do projeto, o trio considera que alguns assuntos merecem abordagens mais sérias e aprofundadas. Nem tudo vira meme. Os três colaboradores participam de todas as etapas de criação de cada post. “Quando surge uma ideia, conversamos muito a respeito e agregamos as referências pessoais de cada um até ir tomando forma, sempre lembrando das possibilidades e dos limites da plataforma”, comentam.
Neste momento, não há planos concretos para novos formatos. Porém, os fundadores da página recentemente participaram de um podcast e não descartam a ideia de comandar um próprio. “Quem sabe no futuro role um podcast feito por nós? Não temos certeza, mas sabemos que temos inúmeras possibilidades e gostamos de nos manter imprevisíveis. Por hora, seguimos inventando moda e fazendo graça no Instagram”, sugerem.
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Não Tenho Roupa
A Não Tenho Roupa é um serviço de aluguel de roupas e acessórios casuais, criada pelos amigos Paula Salum, Victória Scherer e Mario Cherubini. No Instagram, a marca chama a atenção com posts bem-humorados, que esbanjam referências icônicas da cultura pop; postagens sobre “opiniões impopulares”; dicas para combinar peças em alta; e, é claro, textos sobre as vantagens de alugar roupas. Um dos diferenciais do conteúdo é a valorização de corpos diversificados.
Com um simples passeio no feed da página, é possível mergulhar em reflexões mais sérias sobre referenciais de beleza e apropriação cultural. A thread “Estilosa ou apenas magra?” teve uma das maiores repercussões da página, ao promover uma reflexão sobre as peças de roupa para além da modelo que a está vestindo.
Os posts descontraídos não ficam de lado, como a série Universidade do Pop. Os assuntos vão desde as possíveis referências nas músicas da cantora Olivia Rodrigo ao revival do casal J.Lo e Ben Affleck.
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Todas as postagens são “pensadas, executadas e avaliadas” pelas fundadoras da iniciativa, como conta Victória. Inclusive, os conteúdos começaram em maio de 2019, antes mesmo de o serviço de aluguel de roupas começar a funcionar, em setembro daquele ano. Durante alguns meses de 2020, o negócio ficou parado por causa da pandemia. “Já estamos a todo vapor, prestes a inaugurar nosso primeiro espaço físico”, adianta a empresária. A guide shop da NTR tem previsão de abrir em outubro.
Victória explica que os conteúdos – sempre sobre moda, aluguel de roupas e cultura pop – são divididos em: aquilo que é preciso falar, aquilo que ela e a sócia gostariam de falar, e aquilo que a comunidade gostaria de ouvir. “Sentamos toda a segunda-feira para definir as pautas da semana, mas estamos constantemente conversando com a nossa comunidade sobre assuntos que podemos falar no futuro”, comenta.
Além de acompanhar a conta no Instagram, quem curte a Não Tenho Roupa pode acompanhar os conteúdos pelo TikTok, pelo Twitter, pelo Pinterest e pela newsletter quinzenal – “Que é o nosso xodó”, conta Victória – e também seguir as playlists no Spotify. “Esse segundo semestre de 2021 vai ser turbulento, mas muito feliz e cheio de novidades. O que eu posso dizer é que, em outubro, as coisas vão mudar bastante – e para melhor!”, adianta a empresária.
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Trameiras
O Trameiras foi fundado por Amanda Saverino, Erika Gottsfritz e Nathalia Scerban, com página no Instagram, site e podcast. A grande missão do projeto, que estreou em novembro de 2019 (e o podcast, em fevereiro de 2020) e tem apoio de um grupo de colaboradores, é ressignificar o jornalismo de moda para além de discursos vazios, com objetivo de educar e contribuir para uma consciência socioambiental dentro e fora dessa indústria.
As postagens passeiam por assuntos variados, como dicas sobre o universo acadêmico da moda, um dos motivos que levaram à criação da iniciativa, além do desejo de “desfutilizar” a moda. “Hoje, vemos o Trameiras como uma plataforma e uma comunidade. Um lugar crítico e que tem como objetivo fazer as pessoas refletirem efetivamente sobre isso que chamamos de moda, para além do que os veículos tradicionais de comunicação pregam”, conta Erika.
O nome do projeto vem do verbo “tramar”, em referência a significados como entrelaçar, idealizar e conspirar. “Para nós, é importante sermos um veículo plural, tanto em pontos de vista quanto em vozes diversas”, complementa a cofundadora. “Não faz sentido compartilharmos apenas pensamentos que discutimos [entre] nós três. É somente dando espaço para outras pessoas também falarem sobre moda, a partir de suas realidades, que conseguiremos, ainda que minimamente, democratizar esse conceito e esse mercado.”
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Os temas do Trameiras seguem uma agenda editorial mensal e abordam assuntos variados, como dicas para se libertar das tendências de consumo, e a relação entre moda, funk e cultura brasileira. “É algo bem livre para quem está criando a pauta em questão. Apenas no fim do processo, tentamos chegar em um consenso para ver se algo precisa ser adaptado. No fim das contas, uma dá pitaco na pauta final da outra, e isso faz com que o processo e o resultado sejam muito mais ricos”, acrescenta Erika.
No momento, o foco do Trameiras é o site (que está em reforma) e o podcast, disponível em todas as plataformas de streaming. Erika Gottsfritz adianta que existe o desejo de explorar outros formatos de comunicação em 2022.
Se você gosta de acompanhar conteúdos de moda, mas está cansado do feed resumido a anúncios de produtos, vale a pena deixar seu follow para iniciativas que trazem novos olhares para a indústria.
Colaborou Hebert Madeira