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Afetada pela crise da Covid-19, J.Crew pede proteção judicial nos EUA

Acordo anunciado pelo J.Crew Group propõe passar o controle da empresa para os credores para cancelar dívida de US$ 1,65 bilhão

atualizado

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Jeenah Moon/Getty Images
Homem de máscara passando em frente a loja da J.Crew
1 de 1 Homem de máscara passando em frente a loja da J.Crew - Foto: Jeenah Moon/Getty Images

A pandemia do novo coronavírus fez sua primeira vítima entre as grandes redes varejistas dos Estados Unidos. Nessa segunda-feira (04/05), a companhia dona do J.Crew Group iniciou os procedimentos prévios de proteção judicial em uma corte de falências do estado da Virgínia. A empresa, que vem enfrentando dificuldades há anos, apresentou um acordo para ceder o controle do grupo a credores, como forma de pagamento de dívidas que chegam a US$ 1,65 bilhão.

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Com a reestruturação financeira, a label de roupas formais continuará operando. No momento, as 500 lojas que pertencem ao grupo estão fechadas por causa da Covid-19 e uma parte delas encerrará as atividades definitivamente. Por enquanto, o número e as datas não foram informados.

Para manter as atividades da marca, o acordo prevê uma quantia de US$ 400 milhões fornecida pelos principais credores para que a empresa possa cumprir as exigências do Capítulo 11 da lei de falências dos EUA, que trata da recuperação judicial. Os ativos e passivos listados pela empresa vão de US$ 1 bilhão a US$ 10 bilhões, segundo a imprensa norte-americana.

Os grupos Anchorage Capital, GSO Capital Partners e Davidson Kempner Capital Management, entre outros, que detêm a maior parte das dívidas da marca, assumirão o controle do J.Crew Group. A operação abrange as marcas  J.Crew, J.Crew Factory e a etiqueta de jeans Madewell, que pertence à companhia.

“Este acordo com nossos credores representa um marco crítico no processo em andamento para transformar nossos negócios, com o objetivo de impulsionar o crescimento sustentável a longo prazo para a J.Crew e melhorar ainda mais o ritmo de crescimento de Madewell”, comunica Jan Singer, CEO do grupo. A dívida total da empresa é de US$ 1,7 bilhão.

“Esse processo dá à empresa a chance de sobreviver. No entanto, essa sobrevivência não depende apenas de dívidas reduzidas, requer uma reinvenção da marca J.Crew”, avalia Nail Saunders, diretor-gerente da GlobalData Retail.

Manequins em loja da J.Crew no Canadá
O J.Crew Group, dono das marcas J.Crew e Madewell, entrou com pedido de recuperação judicial nessa segunda-feira (04/05)

 

Homem com máscara passando em frente a loja da J.Crew
Para cancelar dívidas que chegam a US$ 1,65 bilhão, os credores assumirão o controle do grupo

 

Loja da J.Crew
O grupo é dono de 500 lojas, fechadas devido à Covid-19. Quando voltarem às atividades, algumas serão encerradas definitivamente, mas o número não foi informado até então

 

Manequins em loja da J.Crew
O J.Crew Group é o primeiro grande varejista dos Estados Unidos a sucumbir depois da pandemia do novo coronavírus

 

Duas mulheres na praia usando peças da marca J.Crew
A novidade vale para a J.Crew e a J.Crew Factory, etiquetas que pertencem ao grupo

 

Modelo com macacão jeans da marca Madewell
Também abrange a dona da marca de jeans Madewell

 

Antes da pandemia, o J.Crew Group pretendia levar a Madewell a uma oferta pública inicial, na intenção de pagar parte da dívida com os recursos obtidos. Dessa forma, não precisaria recorrer à recuperação judicial. Porém, o coronavírus estragou os planos da empresa, que manteve a etiqueta sob seu domínio. Libby Wadle, atual diretora-executiva da Madewell, continuará no cargo.

A crise na empresa foi agravada pelo fechamento das lojas por causa do novo coronavírus, mas já vinha correndo há anos. No varejo norte-americano de uma maneira geral, marcas que ainda se apegam às lojas físicas têm lutado para concorrer com o comércio eletrônico.

No caso da J.Crew, os preços elevados também contribuíram para que o grupo perdesse compradores. A marca é primeira grande varejista dos EUA a sucumbir ao impacto da crise atual, mas pode não ser a única. Exemplos atuais disso são a Sears e a JC Penney, que também têm sofrido para manter as atividades.

Em 2011, o J.Crew Group foi comprado por uma subsidiária da Chino Holdings, sua atual dona, por cerca de US$ 3 bilhões. Três anos depois, a companhia chegou a negociar a venda do grupo para a holding japonesa Fast Retailing, mas o acordo não se concretizou. Já em 2017, a varejista quase recorreu ao Capítulo 11, mas conseguiu diminuir a dívida com os credores e adiar alguns vencimentos.

Modelos com calças da marca de jeans Madewell
A Madewell quase foi colocada em oferta pública, mas a pandemia atrapalhou os planos da companhia

 

Modelo com camiseta listrada da marca J.Crew
A J.Crew é uma das marcas que estão sofrendo com o crescimento do comércio eletrônico

 

Modelo com jaqueta, camiseta, saia rosa e bolsa em foto da marca J.Crew
Os preços elevados também têm afastado compradores

 

Modelo posando com peças da marca J.Crew
Desde 2011, o J.Crew Group pertence à empresa Chino Holdings

 

Sobre a J.Crew

Especializada em moda masculina, feminina e infantil, a J.Crew foi fundada por Michtell Cinader e Saul Charles em 1947. Oferece roupas com uma pegada clássica, que vão do casual ao formal. A marca é usada por celebridades como Meghan Markle, Kate Middleton, Emma Roberts e Reese Witherspoon. A ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, é uma das clientes mais conhecidas.

Michelle Obama na posse do segundo mandato de Barack Obama como presidente dos EUA, usando cinto J.Crew
Michelle Obama na posse do segundo mandato de Barack Obama como presidente dos EUA, em 2013, usando cinto e sapatos J.Crew

 

Meghan Markle com jaqueta verde-militar da J.Crew, camiseta listrada, de mãos dadas com o príncipe Harry durante viagem ao Marrocos
Durante viagem ao Marrocos, em fevereiro de 2019, Meghan Markle usou esta jaqueta verde J.Crew

 

Emma Roberts usando cardigan J.Crew
A atriz Emma Roberts também usa peças da label! Na foto, ela veste um cardigã rosa da marca

 

“Durante todo esse processo, continuaremos a fornecer a nossos clientes mercadorias e serviços excepcionais que eles esperam de nós, e continuaremos todas as operações diárias, embora sob essas circunstâncias extraordinárias relacionadas à Covid-19”, disse o CEO do J.Crew Group sobre a reestruturação atual.

Por ora, as lojas físicas do grupo seguem sem previsão de abertura, mas os e-commerces continuam funcionando.

 

Colaborou Hebert Madeira

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