A Ponte: profissionais de moda criam projeto de apoio a afetados pela crise

A pandemia do novo coronavírus vem marcando a indústria fashion com muitas mudanças e incertezas. Diante do novo cenário, um grupo de amigos decidiu se mover para criar uma plataforma de apoio aos afetados pela crise da Covid-19. A Ponte é um espaço de compartilhamento de experiências e de busca para soluções entre profissionais do mercado.

Vem comigo conhecer!

A ideia surgiu em uma conversa despretensiosa pelo WhatsApp. Então, personalidades relevantes na moda nacional, de diferentes funções, colocaram a mão na massa para desenvolver o projeto colaborativo.

No time, estão o estilista e escritor André Carvalhal; o estrategista e criador de conteúdo Augusto Mariotti; Barbara Bicudo, fundadora da As Meninas Produções; os stylists Daniel Ueda e Thiago Ferraz; além das editoras de moda Camila Yahn e Renata Corrêa.

O perfil nasceu no Instagram no fim de março. Funciona como uma exposição de talentos e base para troca de contato, dando visibilidade para profissionais e seus portfólios. Assim, acontece uma verdadeira corrente do bem.

O espaço está aberto para pessoas com experiência em diferentes áreas da moda. O intuito é reunir estilistas, stylists, consultores, produtores de eventos, artesãos, fotógrafos, diretores de arte, modelos, e por aí vai.

A plataforma tem ainda uma agenda de transmissões virtuais, com mentorias, entrevistas e bate-papos. “Abordamos com frequência a questão da criatividade, mostrando portfólios de profissionais da moda ou como muitos deles têm se reinventado durante a pandemia”, explica Camila Yahn, uma das idealizadoras da ferramenta.

“Um dos nossos pilares é ser um ponto de encontro entre pessoas que precisam de algo e as que oferecem, como um classificados de moda, não só em relação a empregos, mas também a outros bens, como tecidos”, destaca.

“Se uma empresa está na capacidade de fazer uma doação de tecidos estocados, ela pode oferecer dentro do ambiente da Ponte, porque lá certamente vai encontrar as pessoas que precisam. Este é apenas um dos exemplos de trocas que podem acontecer”, completa Camila Yahn, editora-chefe do portal FFW no Brasil.

Em conversa com a coluna, Camila Yahn esclareceu alguns pontos sobre A Ponte e deu perspectivas sobre o mercado em geral.  Confira:

O resultado da plataforma tem sido positivo?
Sim, tivemos um feedback muito positivo vindo de pessoas de várias regiões do Brasil, não apenas elogiando a iniciativa, mas se oferecendo para ajudar.

Você acredita que o mercado da moda precisa se reinventar pós-coronavírus? O que já vem mudando e o que ainda pode mudar?
Sim, o mercado de moda precisa se reinventar, deixar para trás o que não serve mais, o que representa o velho jeito de pensar e operar, e abrir espaço para que um novo sistema possa ser construído. Porém, não acredito que nada vá mudar radicalmente, mas certamente uma semente dessa mudança que precisa ocorrer foi plantada.

O estímulo ao consumo desenfreado, por exemplo, é uma das mudanças que precisam ocorrer, uma vez que ele é o responsável por essa produção incessante e exagerada e pelo lucro como único propósito. Acredito que, cada vez mais, as pessoas terão mais consciência dos impactos que a indústria da moda causa e esse conhecimento é a base da transformação que precisa ocorrer. Mas é um processo longo, nem sei se totalmente possível, porque requer uma mudança profunda de estrutura de sistema, uma disrupção mesmo.

Vocês pretendem manter a plataforma mesmo depois da pandemia?
Com certeza! Vamos manter o que já estamos fazendo, porque há essa demanda por um espaço neutro de escuta, apoio e troca. E temos muitos planos para a evolução da Ponte, o que ela pode se tornar a longo prazo. Mas ainda estamos bem no começo e começando a construir essa história.

Para participar da iniciativa, a forma mais rápida e direta é por meio de direct message no Instagram. A organização também atende pelo e-mail hellopontebr@gmail.com.

Colaborou Rebeca Ligabue