Timberland Yellow Boot: 50 anos de um clássico do streetwear
Modelo atemporal da moda urbana, a Timberland Yellow Boot ganhou mais força ao completar cinco décadas de história
atualizado
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Fundada em 1952 pelo sapateiro Nathan Swartz, a empresa Abington Shoe Company, antigo nome da Timberland, entrou no mercado vendendo calçados especializados para funcionários da construção civil. Os modelos, feitos em couro e com solados emborrachados, eram robustos e funcionais para o serviço. Com 50 anos de história, a Yellow Boot reconquista força no mercado atualmente.
Vem saber mais!
Em 1973, a Abington Shoe Company lançou o que viria a ser o carro-chefe da marca, a Timberland Yellow Boot. O sucesso da bota foi tão estrondoso para uma companhia recém-criada que, em 1978, a Abington Shoe mudou o nome para The Timberland Company.
Apesar do sucesso inicial, o modelo se tornou um hit na década de 1980, principalmente devido à aposta de um empresário italiano que levou a novidade fashion para a Europa. O executivo começou a importar o produto para a Itália e transformou a Timberland em uma febre entre os jovens do país.
Ainda nos anos 1980, o conglomerado VF Corporation, atualmente dono de marcas como Vans, Supreme e The North Face, ofereceu cerca de US$60 milhões pela empresa. Contudo, por complicações da Timberland, as negociações não foram concluídas.
A influência do hip-hop
Em 1989, a companhia abriu uma flagship na Madison Avenue, no sul de Nova York. A unidade foi a responsável por fazer a Timberland virar um ícone cultural da cidade, junto ao movimento hip-hop, que crescia em bairros como Bronx, Harlem e Brooklyn.
Os consumidores da Timberland e adeptos do movimento tomaram a bota como um símbolo de status e colocaram a marca no patamar de outras grandes empresas, como a Nike, que na cidade de Nova York não conseguia atingir o público com o mesmo estilo de calçado.
Em pouco tempo, a etiqueta passou a ser citada em músicas e artistas apareciam constantemente com o calçado. No entanto, a empresa não aceitava o posto de queridinha do hip-hop, tendo em vista que na época era um movimento visto como periférico e marginalizado.
Como reflexo do caso de Rodney King, espancado violentamente pela polícia norte-americana em 1991, diversos protestos raciais tomaram conta dos Estados Unidos. A relação da Timberland com os negros ficou estremecida nesse período devido a uma fala do então CEO da empresa, Jeffrey Swartz, de 1993. Em entrevista, ele disse que não procurava “construir o negócio com fumaça”, quando questionado sobre a aceitação da marca em bairros periféricos.
Nesse contexto, surgiu a campanha Give Racism The Boot (Dê Um Chute no Racismo, em tradução livre), como forma de reparação aos consumidores negros da marca. A ação teve a participação de famosos, como a lenda do hip-hop LL Cool J, que foi fotografado com uma camiseta estampada com o slogan.
O movimento, no auge dos protestos que mudariam a relação dos Estados Unidos com os negros, foi suficiente para manter o público do hip-hop junto à marca. Com a aceitação por meio da campanha bem-sucedida, as vendas da Timberland dispararam. No ano de 2000, a label atingiu o valor de US$1 bilhão.
Uma bota de bilhões
Como uma medida para atender também ao público da construção civil, a Timberland buscou criar novas linhas que tivessem funcionalidades especiais. Assim, nasceu a Timberland Pro, uma linha de modelos mais resistentes que a Yellow Boot, e a submarca Mion, voltada para esportes aquáticos. As vendas não saíram tão bem, pois na época os consumidores já tinham uma visão mais casual do que funcional sobre as botas, resultando em uma baixa de US$ 1.6 bilhão em 2005 para US$ 1.3 bilhão em 2009.
Com as vendas em queda, os acionistas da Timberland viram a empresa beirando o colapso. Assim, em 2011, a VF. Corporation, que tentou adquirir a etiqueta na década de 1980, articulou uma nova proposta e comprou a empresa por US$ 2 bilhões.
Sob o comando do conglomerado, a empresa começou a abraçar ainda mais o ramo fashion e passou a dar mais destaque para modelos de uso casual. A Timberland criou versões premium da Yellow Boot e fez colaborações com marcas de streetwear. A gestão da VF Corporation fez com que a marca atingisse a marca de US$6 bilhões em 2014.
A aquisição fez com que a Timberland se mantivesse no radar da moda por anos, além de todo o contexto da bota com as pautas raciais e o hip-hop. A marca fez colaborações com outras companhias que também integram o grupo, como The North Face e Supreme.
No ano passado, a colaboração entre a Supreme e a Timberland conquistou o público. Como parte da collab, o cabedal da bota foi feito com uma elevação no couro, que simulava as tampas dos bueiros de Nova York.
Outra colaboração recente da Timberland foi com a gigante da moda Louis Vuitton. Apresentada neste mês, no Paris Fashion Week Menswear, a coleção de outono/inverno 2024 teve o Velho Oeste como tema, com direito a várias versões da Yellow Boot.
No desfile, um dos calçados apareceu dentro de uma caixa da grife, estampada com o logotipo da LV, em tom marrom escuro. O próprio diretor da linha masculina, Pharrell Williams, apareceu no Instagram vestindo uma peça da colaboração, com o monograma na parte de trás da língua da bota.
Além da Yellow Boot, a LV trabalhou em outros quatro modelos da Timberland que também foram apresentados no desfile de fall/winter 2024. As botas fazem parte da estética de faroeste que inspirou o compilado.
Devido às novas colaborações, a Timberland Yellow Boot vem como uma forte aposta para as tendências de 2024. Nas redes sociais, como TikTok e Instagram, sobram vídeos mostrando as possibilidades para o styling da bota em looks casuais e fashionistas.
As atividades da Timberland foram encerradas no Brasil, em 2019, devido aos baixos resultados de vendas da empresa. Por enquanto, resta esperar um possível retorno das botas em solo nacional.
Confira celebridades internacionais que são adeptas dos calçados da Timberland: