“Rei do Lixo” já foi citado pela PGR em esquema de venda de sentenças
Preso pela PF em operação que apura desvio de recursos, “Rei do Lixo” já foi citado em relatório da PGR sobre esquema de venda de sentenças
atualizado
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Preso pela Polícia Federal em operação que apura desvio de recursos públicos, o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo” da Bahia, já se envolveu em outros problemas com a Justiça.
Em 2020, o empresário foi citado pela Procuradoria Geral da República (PGR) na Operação Faroeste, que apura um grande esquema de vendas de sentenças na região oeste da Bahia.
De acordo com o relatório da PGR, ao qual a coluna teve acesso, recursos do esquema de vendas de sentenças teriam sido lavados por meio da empresa de Marcos Moura, a “MM Consultoria Construções e Serviços.
Segundo o Ministério Público Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou R$ 9,7 milhões em movimentações suspeitas na empresa do “Rei do Lixo” baiano.
“O investigado José Pinheiro foi sinalizado pelo Coaf por movimentação suspeita adstrita ao investigado José Marcos de Moura e MM Consultoria, os quais foram vencedores de licitação milionária de lixo na região do oeste, podendo ser essa a fonte para oxigenação de divisas ilícitas em espécie”, diz um trecho do documento.
O relatório da PGR afirma que Marcos Moura integrava o “núcleo de defesa social” da suposta organização criminosa. De acordo do documento, o Rei do Lixo seria o financiador do grupo.
Além de Moura, o núcleo era composto pela ex-procuradora-geral do Ministério Público baiano Ediene Lousado, pelo então secretário de Segurança Pública Maurício Barbosa e pela sua então chefe de gabinete, Gabriela Macedo.
“Feitos tais registros, deve ser tracejado que José Marcos de Moura pode ter funcionado para capitalizar divisas criminosas para os atores aqui investigados, que se deleitavam com vantagens indevidas em espécie ou talhadas em ouro, jantares e viagens, de modo que a impunidade pudesse imperar a favor de todos”, diz um trecho do relatório.
Apesar dos indícios de lavagem de dinheiro para corrupção e de ter tido seu nome citado no relatório, Moura não aparece na lista de pessoas oficialmente investigadas no caso da venda de sentenças.
Nova investigação e prisão
Nas últimas semanas, Marcos voltou a ser investigado e acabou preso pela PF no âmbito na Operação Overclean, que apura fraudes em licitações e desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Como o Metrópoles mostrou, o empresário foi preso na mesma operação que também prendeu Francisquinho Nascimento, primo do atual líder do União Brasil na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA).
Quando os policiais federais chegaram ao endereço de Francisquinho, o primo de Elmar jogou uma sacola com R$ 200 mil pela janela. A ação foi flagrada pela PF.
A MM Consultoria, empresa de Marcos, é especializada em serviços de limpeza urbana. A companhia tem contratos bilionários com a gestão da capital baiana e com prefeituras administradas pelo União Brasil.
Filiado ao União Brasil, o empresário é amigo dos principais caciques do partido. Entre eles, do ex-prefeito de Salvador ACM Neto e do presidente nacional da sigla, Antônio Rueda.