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PT tem que fazer uma “grande guinada”, defende ministro de Lula

Em entrevista à coluna, ministro Alexandre Padilha diz que PT tem que fazer “grande guinada” e buscar eleitor que ganha de 2 a 10 salários

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Alexandre Padilha em entrevista à coluna de Igor Gadelha
1 de 1 Alexandre Padilha em entrevista à coluna de Igor Gadelha - Foto: Metrópoles

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, defendeu que o PT faça uma “grande guinada ao povo brasileiro” após o resultado ruim nas eleições municipais de 2024.

Em entrevista à coluna, Padilha avaliou que esse é um “bom momento” para o partido fazer uma avaliação de como retomar o protagonismo nas grandes e médias cidades brasileiras.

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Na avaliação do ministro, o PT precisa focar, sobretudo, em compreender porque os eleitores que ganham entre dois e dez salários mínimos resistem a votar em candidatos da sigla.

“Acho que o PT tem que fazer uma grande guinada ao povo brasileiro, enquanto organização local, no município, nas cidades. Compreender esse perfil de organização, compreender por que essa faixa salarial de dois salários mínimos até dez salários mínimos é a faixa onde a gente tem mais dificuldade hoje de ter os votos. Compreender isso, para que a gente tenha, no nível local, no nível municipal, um protagonismo semelhante, à altura que a gente tem nas eleições presidenciais”, afirmou o ministro, que é responsável pela articulação política do governo.

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Relação com Gleisi

Na entrevista, Padilha minimizou as críticas públicas contra ele disparadas pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, após o ministro dizer que o partido ainda não saiu da zona de rebaixamento da política.

O petista afirmou que, no PT, eles estão “acostumados a debates calorosos” e que, quem viu sua declaração, percebeu que ele ressaltou o crescimento no número de prefeituras e votos do PT nas eleições de 2024.

“Agora, isso não significa que o PT tenha saído de uma situação que enfiaram a gente lá em 2016. Toda a crise política. A gente melhorou em 2022, 2024. Mas tenho consciência absoluta que a gente vai fazer uma avaliação de como a gente retoma o protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades do país. A Gleisi é minha companheira, tem todo o respeito dela como presidente. O importante é vai existir esse debate dentro do PT. Tenho certeza sobre isso. Acho que todo mundo quer promover o debate, inclusive a presidente do PT”, disse.

Padilha admitiu, porém, que não falou com Gleisi desde o episódio da troca de farpas. “Não encontrei com ela. Mas isso aí está tranquilo, gente. Se tem uma coisa que tem dentro do PT é debate”, declarou.

Confira esse trecho da entrevista:

Como está a sua relação com a presidente do PT depois que que ela reagiu àquela sua crítica de que o PT estaria na zona de rebaixamento da política após o resultado das eleições?

Tranquila. No PT, a gente está acostumado a ter debates calorosos. Eu falo que o PT cresceu nessas eleições. Foi o terceiro partido que mais cresceu em número de prefeituras. O PT aumentou em mais de 40% o número de votos pra prefeito, mesmo sem ter candidato os maiores colégios eleitorais. E o PT aumentou o número de vereadores. Agora, isso não significa que o PT tenha saído de uma situação que enfiaram a gente lá em 2016. Toda a crise política, a gente melhorou em 2022, 2024.

Mas tenho consciência absoluta que a gente vai fazer uma avaliação de como que a gente retoma o protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades do país e apresentar. A Gleisi é minha companheira, tem todo o respeito dela como presidente. O importante é que o debate vai existir, vai existir esse debate dentro do PT. Tenho certeza sobre isso. Acho que todo mundo quer promover o debate, inclusive a presidente do PT. (…) Acho que é um bom momento para o PT fazer uma avaliação de como retomar o protagonismo, sobretudo nas grandes médias cidades do país.

O senhor e a presidente Gleisi já se falaram depois desse episódio que aconteceu na semana passada?

Não. Eu não encontrei com ela, Mas isso aí está tranquilo. Se tem uma coisa que tem dentro do PT é debate. Nós vamos fazer um debate interno. Inclusive eu acho que captaneado pela presidente Gleisi. Acho que uma coisa que fez a força do PT sempre, inclusive em relação a outros partidos de esquerda, foi conseguir compreender muito o povo brasileiro, os trabalhadores e trabalhadoras, a maioria do povo brasileiro. Compreender como que se organiza e se reorganizar a partir inclusive desse sentimento, desse povo, da formação desse povo.

Eu acho que o PT precisa dar uma grande guinada ao povo brasileiro, enquanto organização local, município, nas cidades. Compreender esse perfil de organização. Compreender por que que essa faixa salarial de dois salários até 10 salários mínimos é a faixa onde que tem mais dificuldade hoje de de teus votos. Compreender isso para que a gente tenha no nível local e no municipal o protagonismo semelhante à altura que a gente tem nas eleições presidenciais.

Já começou um debate interno no PT sobre a sucessão de Gleisi na presidência do partido. Tem uma aula que defende um nome do PT do Nordeste e outra ala que defende o Edinho Silva, prefeito de Araraquara. Em qual ala o senhor se encontra?

Sou da ala que quer o debate. Da ala que, mais do que nomes, tem que concentrar no debate. Como que o PT cumpre um papel protagonista, que significa não seja hegemonista, mas protagonista. Compartilhando com outros partidos de centro-esquerda primeiro, primeiro esse projeto nacional liderado pelo presidente Lula. (…)

Eu convivi com o companheiro Edinho, ele na condição de presidente estadual do PT de São Paulo. Ele foi ministro da Secom no governo Dilma, participou das coordenações nacionais da campanha do Lula em 2010. Então, apesar de ser de São Paulo, ele tem uma visão nacional também. Como eu acho que o Nordeste também tem um peso muito importante, é um crescimento importante. Eu acho que tanto o Nordeste e a Amazônia, eu vivi seis anos na Amazônia e o PT na Amazônia. Esse campo na Amazônia tem um papel muito importante no debate. O Rio Grande do Sul teve um crescimento importante. (…)

Então o PT é um partido nacional. Tem que debater as regiões, mas é sobretudo um partido nacional. E os desafios que nós temos, sobretudo como interagir. Ser representante desse setor de trabalhadores e trabalhadoras que estão naquela faixa salarial de 2 a 10 salários mínimos, que alguns são empreendedores, outro setor tem um novo perfil de trabalho, outros tem trabalho em espaço que não tem mais local de organização. (…)

Então, eu sou daqueles que tem que fazer um debate nacional, que passa pelas regiões, mas passa sobretudo com o Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores.

O ex-ministro José Dirceu foi reabilitado eleitoralmente após o ministro do STF Gilmar Mendes anular as condenações dele na Lava Jato. Muito se fala que Dirceu vai ajudar na articulação política do governo agora e talvez em 2026, se ele for para o Congresso Nacional. Ele vai mesmo? Como que ele vai ajudar?

Todo mundo ajuda, né? Todo mundo ajuda nos espaços que possa ter capacidade, interlocução que possa ter. (…) Uma coisa muito boa desse governo é que a gente sabe enfrentar todas as várias das situações porque a gente já governou esse país. (…) Ninguém é marinheiro de primeira viagem.

Colaborou Gustavo Zucchi

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