PT turbina Boulos e “abandona” candidatos petistas em outras capitais
Levantamento da coluna mostra que nove dos 13 candidatos do PT a prefeito de capitais receberam proporcionalmente menos que Guilherme Boulos
atualizado
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O PT turbinou as doações para a campanha do candidato do PSol à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, mas deixou os próprios candidatos petistas a prefeito em segundo plano.
Enquanto contribuiu com quase metade do que Boulos pode gastar no primeiro turno, o partido de Lula doou bem menos, proporcionalmente, a candidatos do PT à prefeitura de outras capitais.
Levantamento feito pela coluna mostra que nove dos 13 candidatos petistas a prefeitos de capitais receberam, proporcionalmente, bem menos da metade do teto de gastos de suas campanhas — e menos que Boulos.
O valor máximo que cada candidato pode gastar na campanha é estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e leva em consideração o tamanho da cidade e o número de eleitores aptos a votar.
Na campanha a prefeito de São Paulo, por exemplo, o teto de gastos é de R$ 67 milhões por candidato no primeiro turno. No caso de Boulos, o PT sozinho doou R$ 30 milhões ao psolista, o equivalente a 44% do teto.
Enquanto isso, candidatos do PT em outras capitais como Manaus (Marcelo Ramos), Vitória (João Coser) e Cuiabá (Lúdio Cabral) receberam da sigla até agora cerca de 15% do máximo que podem gastar no primeiro turno.
O partido de Lula não foi generoso nem mesmo com os candidatos de grandes capitais, como Rogério Correia. Candidato em Belo Horizonte, o petista recebeu R$ 7 milhões da sigla, o que corresponde a aproximadamente 17,7% do teto.
Os candidatos do PT a prefeito que receberam proporcionalmente mais são todos mulheres, o que ajuda o partido a cumprir a cota que o obriga a destinar ao menos 30% do fundo eleitoral a candidaturas femininas.
Para Maria do Rosário em Porto Alegre, por exemplo, o PT repassou R$ 2,9 milhões do partido, o equivalente a 74% do máximo que a candidata pode gastar na campanha para o primeiro turno.
Doações do PT a candidatos do partido nas capitais:
– Manaus (Marcelo Ramos): R$ 1.995.238,69 ( cerca de 15% do teto)
– Vitória (João Coser): R$ 1.437.675,00 (cerca de 15% do teto)
– Cuiabá (Lúdio Cabral): R$ 2.104;599,42 (cerca de 15,7% do teto)
– Goiânia (Adriana Arccosi ): R$ 4.892.326,14 (cerca de 17% do teto)
– Belo Horizonte (Rogério Correia): R$ 7.000.000,00 (cerca de 17,7% do teto)
– Florianópolis (Vanderlei Farias): R$ 1.002.466,33 (cerca de 18,6% do teto)
– Fortaleza (Evandro Leitão): R$ 3.350.000,00 (cerca de 18,% do teto)
– Aracaju (Candisse Carvalho): R$ 2.000.000,00 (cerca de 36% do teto)
– Campo Grande (Camila Jara): R$ 3.502.703,35 (cerca de 35%do teto)
– João Pessoa (Luciano Cartaxo): R$ 2.353.803,14 (cerca de 64,5% do teto)
– Natal (Natália Bonevides): R$5.500.000,00 (cerca de 67,7% do teto)
– Porto Alegre (Maria do Rosário): R$ 6.460.170,9 (cerca de 74,6% do teto)
– Teresina (Fabio Novo): R$ 2.900.000 (cerca de 89,4% do teto)
Falta de dinheiro atrapalha desempenho
A ordem de priorizar a campanha de Boulos partiu do próprio Lula. Segundo apurou a coluna, o presidente autorizou realocar doações que poderiam ir a candidatos do PT para a campanha do psolista em São Paulo.
A falta de verba, entrentanto, tem inviabilizado as campanhas de petistas nas capitais, que se dizem “abandonados” pela sigla. Há queixas sobre a falta de dinheiro até mesmo para a contratação de marqueteiros experientes.
A maioria dos candidatos petistas relegados pela sigla não tem apresentado bom desempenho nas pesquisas. Rogério Correia, por exemplo, apareceu em quinto lugar, com 5%, na Quaest divulgada na quarta-feira (18/8).
Lula solta a mão
Em segundo plano na divisão dos recursos do PT, os candidatos a prefeito do partido tentam, nos bastidores, fazer com que Lula pelo menos vá as cidades cumprir agendas ao lado dos correligionários.
O presidente, porém, já avisou que pretende priorizar São Paulo. Como noticiou a coluna, ele pretende ir pelo menos mais duas vezes à capital paulista antes do primeiro turno para agendas com Boulos.
O chefe do Palácio Planalto deve participar de caminhadas com o psolista no Grajaú e em bairros da Zona Leste em 28 de setembro e de outra caminhada no dia 5 de outubro, véspera do primeiro turno.
O que diz o PT
Em nota, a assessoria da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, argumentou que Boulos é o candidato apoiado pela sigla em São Paulo e tem como vice Marta Suplicy, que é filiada à legenda.
O partido disse ainda que o recursos destinados à chapa Boulos-Marta são “proporcionais à população da capital (paulista) e correspondem às prioridades eleitorais do PT”.