PT bancou nomeação de diretor do Inpa que negou 2ª onda da Covid
Novo diretor do Inpa escolhido pela ministra da Ciência e Tecnologia é autor de artigo polêmico que negava 2ª onda da Covid-19 em Manaus
atualizado
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O Palácio do Planalto nomeou, na quinta-feira (16/11), o pesquisador Henrique dos Santos Pereira como novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Ele foi escolhido pela ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, a partir de uma lista tríplice elaborada pelo órgão. A nomeação causou polêmica, em razão das posições de Henrique na época da pandemia da Covid-19.
O novo diretor do Inpa é autor de um polêmico artigo publicado em maio de 2020 que negava a possibilidade de uma segunda onda da doença no Amazonas, a qual acabou se confirmando meses depois.
Mesmo com o artigo, Henrique foi o escolhido pela ministra graças a padrinhos políticos. Segundo apurou a coluna, o nome dele foi apadrinhado por políticos do PT e do PCdoB, partido de Luciana Santos.
“O PT e PCdoB estavam bancando ele. Os outros nomes da lista eram muito técnicos e sem alinhamento político”, disse à coluna, em reservado, um político amazonense que acompanhou as articulações.
O que diz o ministério
Questionado sobre a nomeação, o Ministério da Ciência e Tecnologia ressaltou o “vasto currículo acadêmico e amplo apoio da comunidade científica” de Henrique Pereira.
“A nomeação do pesquisador Henrique dos Santos Pereira para a direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) ocorreu após processo de seleção conduzido pela Comissão de Busca, formada por cientistas de renomada reputação e experiência”, afirmou o ministério, em nota.
O que diz o artigo
O polêmico artigo de Henrique foi publicado em maio de 2020 com o título “DE EPICENTRO A REDENÇÃO: por que Manaus será a primeira cidade brasileira a vencer a pandemia de COVID-19?”.
O texto foi publicado ainda durante a primeira onda do novo coronavírus, no boletim Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Atlas Amazonas (ODS).
No artigo, Henrique e outros dois pesquisadores alegam que a “aceleração” da transmissão observada não viria a resultar em um novo pico da pandemia.
“A aceleração observada nos últimos dias não indica uma trajetória ascendente que venha a resultar em novo pico da pandemia em Manaus. Trata-se de uma inflexão da curva serrilhada que mesmo em trajetória descendente ainda é influenciada pela maior exposição social que se seguiu após a retomada das atividades de comércio e serviços não essenciais no município em 1º de junho. Vale ressaltar que, apesar da retomada de muitas dessas atividades, a população de Manaus ainda apresenta níveis de exposição inferiores a períodos anteriores à pandemia, o que, certamente, segue contribuindo para a diminuição da velocidade de casos e de óbitos”, diz o artigo.
Ao contrário do que Henrique previu, Manaus foi uma das cidades que mais sofreu com novas ondas da Covid-19. Em janeiro de 2021, a cidade teve colapso no sistema de Saúde, com hospitais sem leitos e sem oxigênio.