Possíveis delações do caso “Rei do Lixo” aterrorizam Brasília
Investigadores veem possíveis delações do “Rei do Lixo” e de outros presos da Operação Overclean com potencial para virar nova Lava Jato
atualizado
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As notícias sobre propostas de delação premiada da Polícia Federal ao empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo” da Bahia, e a outros presos na Operação Overclean têm aterrorizado alguns gabinetes em Brasília.
A coluna apurou que Marcos Moura prestou depoimento à PF na segunda-feira (16/12), em Salvador, no âmbito da Operação Overclean, que investiga suposto esquema de desvio de recursos públicos e fraudes em licitações.
Durante o depoimento, o delegado da Polícia Federal responsável pela oitiva chegou a ofertar a possibilidade de colaboração para o empresário. O “Rei do Lixo”, no entanto, recusou a oferta inicialmente, segundo aliados.
O empresário foi preso em 10 de dezembro e, desde então, está no Centro de Observação Penal da Penitenciária Lemos Brito. Fontes da PF não descartam, porém, que Marcos Moura venha a mudar de ideia sobre delação premiada.
A avaliação entre os investigadores é de que uma eventual colaboração do “Rei do Lixo” e de outros envolvidos na Operação Overclean teria potencial de tornar a investigação uma espécie de “nova Lava Jato”, atingindo políticos graúdos.
Defesas refutam colaboração nesse momento
Além de Marcos Moura, a PF fez proposta de colaboração ao vereador eleito Francisco Nascimento (União-BA), que também está preso. Francisquinho, como é conhecido, é primo do líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA).
A oferta foi feita ao vereador eleito durante depoimento na segunda-feira (16/12). Francisquinho, contudo, também recusou a proposta e se manteve em silêncio durante toda a oitiva, conforme a coluna noticiou mais cedo.
Advogados do vereador eleito e do Rei do Lixo refutam qualquer possibilidade de delação nesse momento. Eles avaliam que a investigação precisa ser completamente conhecida e que o caso ainda é recente para acordos de colaboração.
Prefeitura de Salvador em “pânico”
A prisão de Marcos Moura também provocou pânico na Prefeitura de Salvador, comandada atualmente por Bruno Reis (União Brasil). Membros do alto escalão da gestão Reis se dizem apreensivos e temem que a investigação chegue ao prefeito.
Marcos Moura é dono da MM Consultoria Construções e Serviços, empresa investigada na operação e que possui contratos bilionários com a gestão da capital baiana e com prefeituras administradas pelo União Brasil.
O empresário também tem relação com outros caciques do partido, ao qual ele próprio é filiado. Entre eles, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o senador Davi Alcolumbre (AP), provável próximo presidente do Senado.