Planalto tenta mitigar guerra entre Abin e PF
Ministros do Planalto detectaram ofensiva da cúpula da Polícia Federal para enfraquecer direção da Abin, após operação sobre espionagem
atualizado
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Ministros do Palácio do Planalto vêm atuando, nos bastidores, para mitigar a guerra velada entre as atuais cúpulas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal.
A disputa se intensificou na semana passada, após a PF realizar operação contra servidores da Abin para investigar o uso de um sistema de espionagem ilegal de celulares por meio de geolocalização.
A operação cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes da agência. Um dos alvos das buscas foi a própria sede da Abin, em Brasília, o que irritou muito a cúpula do órgão.
Depois da operação, integrantes da Casa Civil, pasta à qual a Abin está subordinada, detectaram nova investida da atual cúpula da PF para tentar derrubar integrantes da direção da agência.
Alvos da PF
O principal alvo seria o diretor adjunto da Abin, Alessandro Moretti, escolhido para o cargo pelo chefe da agência, Luiz Fernando Corrêa. Ambos são delegados da PF, mas de grupos diferentes da atual cúpula da corporação.
Moretti já tinha sido alvo de ofensiva em março, quando foi nomeado para a Abin. O principal argumento para tentar derrubá-lo era o de que ele seria próximo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
O delegado foi braço-direito de Torres na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele ocupou o cargo de secretário-executivo na primeira gestão de Torres à frente da pasta, entre 2019 e 2021.
Diante da pressão detectada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, avisou nos últimos dias que não pretende demitir nem Luiz Fernando, nome escolhido diretamente por Lula, nem Moretti.
O único “sacrificado” foi Paulo Maurício Fortunato, então número 3 da Abin. Afastado do cargo pelo STF no mesmo dia da operação da PF, Fortunato foi demitido pelo Planalto.