A investigação contra o deputado André Janones (Avante-MG) pela suposta prática de “rachadinha” provocou um novo embate, nos bastidores, entre a Polícia Federal e a Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.

Integrantes da cúpula da PF avaliam, nos bastidores, como um “escândalo” o fato de membros da Abin terem se reunido com os ex-assessores de Janones responsáveis pela denúncia contra o parlamentar.

Conforme noticiou o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, integrantes da agência teriam se reunido com os denunciantes em Brasília em setembro de 2022, quando Jair Bolsonaro ainda estava no poder.

Segundo a reportagem, a Abin teria gravado relatos de ex-auxiliares de Janones sobre supostas irregularidades cometidas no gabinete do deputado federal, reconhecido opositor de Bolsonaro.

“O espantoso é a Abin fazendo ‘investigação’, isso é um escândalo”, avaliou à coluna um delegado que integra a atual cúpula da Polícia Federal.

Procurada pela coluna para explicar por que decidiu investigar o caso de Janones, mesmo não sendo a instância adequada, a Abin não respondeu. O espaço segue aberto para manifestações.

Nos últimos meses, a agência e a Polícia Federal já tinham entrado em embate por causa da investigação sobre o uso de um sistema irregular de espionagem pela Abin durante o governo Bolsonaro.

Áudios

Além da Abin, a notícia-crime contra André Janones tem sido investigada pela PF e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em razão da prerrogativa de foro do deputado.

A denúncia é baseada em um áudio no qual um aliado Janones, sem saber que estava sendo gravado, diz ter repassado valores ao parlamentar oriundos do esquema de rachadinha.

Nos últimos dias, novos áudios vieram à tona. Dessa vez, do próprio Janones cobrando parte dos salários de seus assessores na Câmara para cobrir despesas de campanha.