Pedido para desenterrar projeto sobre delação partiu de aliado de Lula
Pedido para Arthur Lira desenterrar projeto que muda regras sobre delações premiadas partiu de um deputado aliado ao governo Lula
atualizado
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu nesta semana desenterrar um projeto de lei que torna crime a divulgação do conteúdo de delação premiada e proíbe a homologação desses acordos enquanto a pessoa estiver presa.
A proposta foi protocolada em 2016 pelo ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ), atual secretário Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça. À época, o projeto foi apresentado como uma reação à Operação Lava Jato, que antingia diversos petistas.
Oito anos depois, Lira resolveu desenterrar o tema e pautou um requerimento de urgência do projeto. Se o requerimento for aprovado, a proposta poderá ser analisada diretamente no plenário da Câmara, sem precisar passar pelas comissões temáticas.
A decisão de Lira provocou reação de petistas, que reclamam de uma possível manobra do deputado para ajudar Jair Bolsonaro. O ex-presidente da República, como já noticiado, foi citado na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.
Autor do pedido é aliado de Renan Calheiros
O pedido para o presidente da Câmara desenterrar o projeto, no entanto, não partiu de parlamentares bolsonaristas. Pelo contrário. Ele foi articulado pelo deputado Luciano Amaral (AL), atual líder na Câmara do PV, partido que integra uma federação com o PT de Lula.
Eleitor declarado do atual presidente da República, Luciano é aliado de primeira hora do senador Renan Calheiros (MDB) e do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), em Alagoas. Alem disso, é primo do atual governador alagoano, Paulo Dantas (MDB).
Segundo apurou a coluna, foi Luciano quem procurou outros líderes da Câmara para pedir que assinassem o pedido de urgência. Além do PV, assinaram o requerimento os líderes de outros cinco partidos: PL, União Brasil, Solidariedade, MDB e Podemos.
A coluna procurou Luciano Amaral para entender por que ele pediu para desenterrar o projeto, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto. Aliados do parlamentar ressaltam que ele sempre teria sido um crítico dos métodos da delação premiada.
Mais recentemente, Luciano foi um dos poucos integrantes da esquerda na Câmara a votarem para soltar o deputado Chiquinho Brazão (RJ), apontado em delação premiada como um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSol) em 2018.
Luciano vem pedindo para Lira pautar a urgência desde a semana passada. O pedido foi reforçado na reunião de líderes na terça-feira (4/6). Lira até pautou para a quarta-feira (5/6), mas sessão foi encerrada antes da hora após a deputada Luiza Erundina (PSol-SP) passar mal.