Bolsonaristas resistem a novo candidato para sucessão de Lira
Apesar de ter recebido uma medalha de Bolsonaro, Hugo Motta enfrenta resistência na bancada bolsonarista para se eleger sucessor de Lira
atualizado
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Apesar de ter recebido uma medalha de Jair Bolsonaro, o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), não é consenso entre deputados bolsonaristas para se eleger sucessor de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa.
Nos bastidores, parte da bancada bolsonarista na Câmara demonstrou resistência ao nome de Motta nessa quarta-feira (4/9), após o deputado paraibano ascender como um candidato competitivo à sucessão de Lira.
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Lideranças bolsonaristas dizem ter ressalvas em relação a Motta tanto pelo fato de ele ser aliado de Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, quanto pelo governismo que o paraibano demonstrou em votações na Casa.
Pereira, que até a terça-feira (4/9) se colocava como candidato à presidência da Câmara, abriu mão de sua candidatura em prol de Motta. Após a desistência, Motta buscou tanto Lula quanto Bolsonaro.
Caso continuasse na disputa, o presidente do Republicanos não teria apoio massivo entre bolsonaristas. A resistência estaria ligada ao apoio de Pereira ao PL das Fake News e à proximidade dele com o PT desde o início do governo.
Motta, segundo aliados de Bolsonaro, teria rejeição só pelo fato de ser do Republicanos. Além disso, bolsonaristas compartilharam em um grupo de WhatsApp da oposição dados do índice de governismo do deputado.
Segundo os números compartilhados, o líder do Republicanos teria atualmente uma taxa de governismo de 75% em votações na Câmara. O percentual seria maior que o de Elmar Nascimento (União-BA), que tem 70%.
Antes da desistência de Marcos Pereira, Elmar era visto como o favorito de Lira e da maioria dos bolsonaristas, por ser considerado “mais independente” em relação ao Palácio do Planalto.
Lista de exigências
Apesar das ressalvas a Motta, bolsonaristas já esperam que Lira anuncie apoio ao líder do Republicanos nos próximos dias. Após a oficialização, aliados de Bolsonaro pretendem fazer pedidos ao candidatos.
Além das negociações por espaço na Mesa Diretora e nas comissões da Câmara, eles devem pedir que Motta faça uma defesa pública de algumas pautas. Entre elas, do PL da Anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.
Motta com Bolsonaro
Conforme noticiou a coluna, Motta se reuniu com Bolsonaro nessa quarta na casa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em Brasília. Amigo do deputado, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) também participou da conversa.
Segundo relatos, o encontro de Motta com Bolsonaro teve tom amistoso. O ex-presidente, inclusive, contou à coluna ter dado ao deputado a medalha dos três “is”: “imbrochável, imorrível e incomível”.
A entrega da medalha foi vista pelos aliados de Motta como uma sinalização de que Bolsonaro não teria resistência à candidatura do parlamentar paraibano, como tinha em relação a Marcos Pereira.
Bolsonaro costuma entregar a medalha para personalidades com a qual tem boa relação. Ele chegou a dar o objeto a outros candidatos na Câmara, como ao deputado Antônio Brito (PSD-BA).
Candidato também se reuniu com Lula
Após o encontro com Bolsonaro, Hugo Motta foi ao Palácio do Planalto para uma reunião com o presidente Lula. Desta vez, estava acompanhado de Pereira e do ministro dos Portos, Silvio Costa Filho (Republicanos).