Para Centrão, PT desistiu de CPI contra Moro por cálculo eleitoral
Caciques do Centrão veem estratégia eleitoral do PT após sigla desistir de CPI na Câmara para investigar o ex-juiz Sergio Moro
atualizado
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Lideranças do Centrão avaliam ter sido por puro cálculo eleitoral que o PT desistiu de tentar instalar uma CPI na Câmara dos Deputados para investigar a atuação do ex-juiz da Lava Jato e atual presidenciável do Podemos, Sergio Moro, na consultoria Alvarez & Marsal.
A ideia de colher assinaturas para criar a CPI foi anunciada pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) na segunda-feira (24/1). Um dia depois, porém, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse ao portal Uol não ver “necessidade” de instalar a comissão para apurar o assunto.
Para caciques do Centrão que apoiavam a CPI, o PT teria recuado da ideia por calcular que seria cedo para dar “um tiro de morte” eleitoral em Moro a sete meses do pleito. A avaliação dessas lideranças é de que os petistas “precisam” manter o ex-juiz como pré-candidato à Presidência por mais tempo.
“Enquanto ele for candidato, ninguém da terceira via decola. O PT tem medo que os eleitores do Moro migrem para (o governador de São Paulo, João) Doria (PSDB). Isso faria Doria ir para 10% a 13%”, explicou à coluna uma influente liderança ligada ao Centrão.
Há também quem avalie que o PT teria recuado da ideia da CPI contra Moro para não dar “palanque” ao ex-juiz. O diagnóstico seria de que a comissão poderia servir de palco não só para o presidenciável se defender, como para contra-atacar os petistas em meio à pré-campanha eleitoral.
Investigação
A atuação de Moro junto à consultoria está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A tese é de que pode ter havido conflito de interesse, uma vez que, como juiz da Lava Jato, Moro julgou e condenou empresas que são clientes da Alvarez & Marsal em processos de recuperação judicial.
O presidenciável do Podemos, por sua vez, nega conflito de interesse. Ele sustenta que não atuou em processos dessas empresas. O ex-juiz, porém, se nega a apresentar ao TCU os valores recebidos por ele pelo trabalho na consultoria, boa parte dele executado dos Estados Unidos.
Ao Uol, a presidente do PT disse esperar que o tribunal compartilhe essas informações com o partido, quando as receber. Segundo Gleisi, a consultoria jurídica da sigla avaliou que uma CPI sobre o tema não seria possível, porque envolveria falência de empresas.