O que está por trás da decisão de Lira de atrasar o PL da Anistia
Arthur Lira decidiu retirar o PL da Anistia da CCJ e mandar o projeto para uma comissão especial, o que atrasa a tramitação da proposta
atualizado
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A decisão de Arthur Lira (PP-AL) de enviar o projeto da anistia os condenados pelo 8 de Janeiro para uma comissão especial faz parte da estratégia dele para emplacar seu candidato favorito como seu sucessor no comando da Câmara.
Em um ato assinado na segunda-feira (28/10), dia em que a Casa estava fechada em razão do Dia do Servidor Público, Lira tirou o projeto da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e mandou para uma comissão especial.
Com a jogada, Lira atrasou a tramitação da proposta, que poderia ser votada nesta semana na CCJ, e tirou o tema do debate envolvendo a sua sucessão no momento em que os partidos definem que candidatos apoiarão na disputa.
A estratégia foi vista como um aceno direto do presidente da Câmara ao PT de Lula, que é contrário à proposta. O partido realiza nesta semana reuniões para decidir o nome que chancelará na disputa pela sucessão de Lira.
Lira avisou o PL de Bolsonaro
Para evitar problemas com a bancada do PL, o atual chefe da Câmara também discutiu o futuro do projeto previamente com figuras do partido. Entre elas, Valdemar Costa Neto, atual presidente da sigla, e Jair Bolsonaro.
O mandatário também conversou previamente com a presidente da CCJ, a deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), que havia pautado a votação da matéria na comissão para esta semana.
O discurso de Lira é de que, com açodamento, dificilmente os bolsonaristas conseguiriam apoio suficiente para aprovar o texto. O melhor, então, seria discutir o mérito do projeto na comissão especial.
A avaliação dos bolsonaristas é de que, na discussão do mérito, seria possível negociar um texto que possa ser aprovado não só na Câmara, como no Senado, onde o governo tem uma maioria mais consolidada.
O candidato do atual presidente da Câmara é o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). O apoio, inclusive, foi formalizado por Lira na manhã desta terça-feira (29/10), horas após a decisão sobre o PL da Anistia.
Como noticiou a coluna, o anúncio contou com a presença de pelo menos um deputado federal do PT de Lula e dois do PL de Bolsonaro, que também deve decidir nesta semana que candidato apoiará na disputa na Câmara.
Favorito de Lira vai evitar bola divida sobre PL da Anistia
Na campanha de Hugo Motta, a ordem é evitar polêmicas em relação à anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro, de modo a não irritar nem o PL de Bolsonaro, nem o PT de Lula.
Em entrevista nesta terça após o Republicanos oficializar seu nome à presidência da Câmara, Motta deixou claro que não considera o projeto um tema da campanha e disse quem cuidará disso é Arthur Lira.
“Acho injusto misturar o tema do PL da Anistia com as eleições para presidência da Câmara”, disse Motta, ressaltando não ter assumido qualquer compromisso contra a proposta.