Em seu depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (16/5), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi questionado se tomou conhecimento da existência de um áudio em que um aliado seu dizia saber quem seria o mandante do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) em 2018.

Atribuído ao ex-major Aílton Barros, que se apresentava na campanha eleitoral de 2022 como “01 de Bolsonaro”, o áudio foi encontrado pela PF no telefone do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Na gravação, Aílton disse a Cid saber “quem mandou” matar Marielle.

No termo de declaração sobre o depoimento, ao qual a coluna teve acesso, é possível ver que os investigadores da PF mostraram a Bolsonaro a transcrição do áudio e indagaram se Cid havia relatado ao ex-presidente sobre o teor da conversa. Bolsonaro respondeu que o ex-ajudante de ordens “nunca comentou” sobre a mensagem.

O que diz o áudio

Na transcrição do áudio, Aílton fala sobre o ex-vereador Marcello Moraes Siciliano, que foi investigado pela morte de Marielle. Ele diz que supostamente alguém da Polícia Federal “inventou a história” e passou a acusar o político fluminense Domingos Brazão de arquitetar o assassinato da vereadora.

“Entre a gente, não vai, não vai existir nunca essa história, entendeu? Então vamos lá. O assunto é visto cancelado, injustamente. Agora vou dizer, porque é justamente. Quem é esse garoto? Esse garoto, Marcello Siciliano, era um vereador do Rio de Janeiro e que foi acusado de ser o mandante da morte da Marielle. Ai depois o camarada confessou que inventou a história (o cara da polícia federal), confessou que inventou a história dele, que não foi ele aí passou a acusar o Brazão, tá tudo na conta do Brazão. E já se chegou, ele não…o, o garoto Marcello Siciliano, ele não consta em processo nenhum. Foi a imprensa que acabou com a vida dele inicialmente, entende? (…) Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu° Está de bucha nessa parada aí”, diz Aílton no áudio.