Novo chanceler quer Filipe Martins fora do Planalto
Com perfil moderado, Carlos França tem divergências com o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência desde que assumiu o Itamaraty
atualizado
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No cargo desde o início de abril de 2021, o novo chanceler brasileiro, Carlos França, passou a trabalhar nos bastidores para convencer o presidente Jair Bolsonaro a tirar o olavista Filipe Martins da assessoria para Assuntos Internacionais da Presidência.
Segundo fontes do Itamaraty e do Palácio do Planalto ouvidas pela coluna, o ministro das Relações Exteriores tem atuado para que Bolsonaro nomeie Martins para outro cargo no exterior ou na Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.
Com perfil mais moderado, França tem mostrado divergências com o assessor olavista em relação à política externa brasileira desde que assumiu o cargo. Por isso, o chanceler quer evitar que Martins siga influenciando Bolsonaro em assuntos internacionais.
Fontes dizem que o chanceler e o assessor hoje praticamente não se falam. Com o clima ruim, Martins não acompanhou Bolsonaro ao Equador, na semana passada. Foi a primeira vez que o assessor ficou fora de uma viagem internacional do presidente. França viajou com o chefe.
Outros ministros do governo ouvidos pela coluna admitem a pressão do chanceler, de senadores e de militares pela saída de Martins do Planalto. Mas ponderam que o presidente da República ainda resiste a demitir o olavista da Assessoria para Assuntos Internacionais.
Bolsonaro tem sido pressionado a demitir Martins desde março, quando o assessor foi acusado por senadores de fazer um suposto gesto supremacista durante uma sessão do Senado. A Polícia Legislativa, inclusive, já indiciou o olavista pela atitude.
Lideranças governistas ressaltam, porém, que Martins se sustenta no posto pois tem apoio dos filhos de Bolsonaro e porque vem ajudando a pensar a estratégia de defesa do governo na CPI da Covid no Senado, onde o assessor será ouvido em 22 de junho.
Procurados pela coluna, Martins e França não responderam. O Planalto também não se pronunciou.