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Mourão diz ter “relação protocolar” com Bolsonaro, mas espera apoio

À coluna vice-presidente também avaliou como “totalmente desproposital” tese de que Forças Armadas não respeitarão eventual vitória de Lula

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Bolsonaro e Hamiltom Mourão em evento no Planalto. Eles vestem terno e gravata e tem cabelos escuros - Metrópoles
1 de 1 Bolsonaro e Hamiltom Mourão em evento no Planalto. Eles vestem terno e gravata e tem cabelos escuros - Metrópoles - Foto: Isac Nóbrega/PR

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, em entrevista à coluna, ter chegado ao último ano do mandato numa “relação protocolar” com o presidente Jair Bolsonaro.

O general contou que Bolsonaro ainda não disse claramente, mas que já “subentendeu” que o presidente escolherá outro nome para ser seu candidato a vice neste ano.

A aposta de Mourão é que o atual chefe do Palácio do Planalto escolherá como companheiro de chapa o ministro da Defesa, o também general da reserva Braga Netto.

O atual vice-presidente confidenciou que Braga Netto já o procurou algumas vezes “preocupado” com especulações de que poderia estar “passando a perna” em Mourão, mas ressaltou ter tranquilizado o colega.

“Disse para ele: olha Braguinha, fica tranquilo aí, pô. Não esquenta a cabeça com isso. Quem o Bolsonaro escolher está bem escolhido. Segue o baile”, contou Mourão na entrevista, concedida na tarde dessa terça-feira (8/3).

Mesmo preterido, Mourão afirmou que apoiará a reeleição de Bolsonaro e ressaltou que, numa conversa recente, o presidente também prometeu apoiar sua candidatura ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

Ainda sobre o cenário eleitoral, o general classificou como “totalmente desproposital” a tese de que as Forças Armadas não aceitarão eventual vitória do ex-presidente Lula.

A seguir, alguns dos principais trechos da entrevista:

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula lideram as pesquisas. Acredita que ainda há espaço para algum candidato da chamada terceira via?

Hoje, o que se indica é que os dois candidatos são os que estão com mais capacidade de se apresentarem para um hipotético segundo turno. O presidente Bolsonaro vem recuperando terreno nessas últimas pesquisas, mas, face ao número de pessoas que dizem não votar nem em um nem no outro, sempre existe a possibilidade de aparecer alguém que empolgue esse eleitorado e, consequentemente, seja um terceiro candidato capaz de mudar o cenário. Mas hoje acho difícil.

As Forças Armadas vão respeitar uma eventual vitória do ex-presidente Lula? Há quem aposte na tese de que os militares não aceitarão.

Isso é algo totalmente desproposital. As Forças Armadas têm se mantido dentro dos limites dos deveres constitucionais dela, têm agido dessa forma ao longo de todo esse período, desde o término do período de presidentes militares. As Forças Armadas não se meteram em nenhum processo eleitoral. Fomos aí, ao longo de 12 anos, 13 anos, governados pela esquerda, pelo PT, sem problema nenhum.

Alguém do PT ou próximo do ex-presidente Lula já o procurou para tentar um diálogo?

Não, comigo não. Nada. Zero.

Bolsonaro já o comunicou oficialmente que o senhor não será o vice dele neste ano?

Eu subentendi. Porque preto no branco, ele nunca chegou, sentou comigo, como nós estamos conversando aqui, olho no olho e disse: não vai ser você, por isso, por isso, por isso. Subentendi pelas manifestações dele, por alguns comentários que ele me mandou algumas vezes pelo ‘zap’ (sic) e, na última vez, quando vieram aqui o Ciro Nogueira e o Flávio Bolsonaro, para que eu me definisse se iria pelo Rio. Quando o cara vem me dizer que é para eu me definir se é pelo Rio, é porque eu estou fora do… A mensagem estava bem clara.

Quem o senhor aposta que será o candidato a vice neste ano?

Os indícios mais fortes são de que o candidato a vice junto com o presidente Jair Bolsonaro seria o Braga Netto.

Já conversou com o Braga Netto sobre o assunto?

Não. Nunca toquei nesse assunto. Ele já esteve aqui algumas vezes meio preocupado, por causa das, vamos dizer assim, notícias que são publicadas. De eu achar que ele estaria me passando a perna, alguma coisa do gênero. Eu disse para ele: olha Braguinha, fica tranquilo aí, pô. Não esquenta a cabeça com isso. Quem o Bolsonaro escolher está bem escolhido. Segue o baile, pô.

Acredita que Braga Netto o substituirá à altura?

Até melhor. (Risos)

Há quem diga que o Braga Netto não tem traquejo político…

Isso tudo a gente aprende.

Como o senhor define sua relação com o presidente Jair Bolsonaro neste último ano de mandato?

Uma relação, vamos dizer assim, protocolar. Nossa relação é protocolar. Ele é presidente, eu sou vice-presidente. Procuro executar as tarefas que ele me dá, como essa tarefa que ele me deu de ir ao Chile (para a posse do novo presidente eleito, Gabriel Boric, nesta semana). Ele tem meu apoio no projeto de reeleição dele, e eu também espero contar com o apoio dele no meu projeto de ser eleito senador.

Já pediu esse apoio a ele?

Falei, falei com ele. Ele disse que vai. Vai posar na foto. Está combinado isso aí.

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Pressão essa que, por sinal, explica o motivo pelo qual o "casamento" dos dois nunca andou bem. Prova disso é o fato de o presidente não cogitar continuar com o atual vice para a próxima corrida eleitoral
Por ter posicionamentos muitas vezes divergentes dos de Bolsonaro, Mourão já foi chamado pelo presidente como "cunhado que ele tem que aturar”
Indo para o quarto ano do mandato presidencial, a distância entre o presidente e o vice está cada vez maior. Bolsonaro, inclusive, chegou a dizer que Mourão “atrapalha um pouco” o governo e que “vice bom é aquele que não aparece”
Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão
Entre diversas provocações feitas a Mourão, Carlos Bolsonaro, filho número 2 do presidente, chegou a insinuar em um twitter postado em 2020 que o vice-presidente conspira para derrubar o pai dele
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A relação de Hamilton Mourão e Bolsonaro sempre foi conturbada. O general, na verdade, não foi a primeira, segunda ou terceira opção do mandatário para vice-presidente. Ele foi, na verdade, o quinto nome “escolhido” após pressão política

Igo Estrela/Metrópoles
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Pressão essa que, por sinal, explica o motivo pelo qual o "casamento" dos dois nunca andou bem. Prova disso é o fato de o presidente não cogitar continuar com o atual vice para a próxima corrida eleitoral

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Por ter posicionamentos muitas vezes divergentes dos de Bolsonaro, Mourão já foi chamado pelo presidente como "cunhado que ele tem que aturar”

Igo Estrela/Metrópoles
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Indo para o quarto ano do mandato presidencial, a distância entre o presidente e o vice está cada vez maior. Bolsonaro, inclusive, chegou a dizer que Mourão “atrapalha um pouco” o governo e que “vice bom é aquele que não aparece”

Isac Nóbrega/PR
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Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão

Hugo Barreto/Metrópoles
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Entre diversas provocações feitas a Mourão, Carlos Bolsonaro, filho número 2 do presidente, chegou a insinuar em um twitter postado em 2020 que o vice-presidente conspira para derrubar o pai dele

Caio César/Câmara Municipal do Rio de Janeiro
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No fim de 2020, Bolsonaro alfinetou Mourão afirmando que demitiria quem propusesse expropriação de terras como pena por crimes ambientais. O interessante é que a proposta era do Conselho da Amazônia, presidido pelo vice-presidente

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Apesar das investidas negativas, Hamilton diz que “sente falta” de dialogar e de se reunir com o mandatário do país

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“Não há conversas seguidas entre nós. As conversas são bem esporádicas. Faz falta até para eu entender o que eu preciso fazer”, disse o vice-presidente

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De acordo com especialistas, Mourão poderia ajudar Bolsonaro a manter o convívio com os poderes, mas o presidente insiste em deixar o vice distante

Alan Santos/PR

 

Com qual candidato a governador do Rio Grande do Sul o senhor comporá chapa: com o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) ou com o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni?

Estamos tendo conversas necessárias. Vamos lembrar que, a partir do momento que vou ingressar num partido, não vai depender única e exclusivamente do meu desejo. Vamos ter que ver a política partidária e a quem o partido irá se aliar.

O senhor tem alguma preferência entre os dois?

Não é questão de ter preferência. O que vejo hoje é o seguinte: os dois candidatos têm que se acertar. Porque, se nós queremos vencer a eleição no Rio Grande do Sul, é necessário que haja apenas um candidato. Se ficarem os dois, vamos dividir os votos, e vai favorecer a oposição.

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército
Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros
Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército
Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão
Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço
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Antônio Hamilton Martins Mourão é um general da reserva do Exército do Brasil e atual vice-presidente da República. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Mourão tem mostrado interesse em disputar as eleições de 2022 longe de Bolsonaro

Bruno Batista VPR
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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército

Romério Cunha/VPR
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Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
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Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército

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Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão

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Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço

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Ainda em 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e, após resultados das eleições no mesmo ano, foi eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro

Isac Nóbrega/PR
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Após assumirem os cargos, no entanto, a relação de Bolsonaro e Mourão se tornou conturbada. Por diversas vezes, o presidente chamou os comentários do general de “infelizes”

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Entre as polêmicas envolvendo o nome do vice-presidente estão: comentários racistas, comemoração do “aniversário” do Golpe de 1964 no Brasil e o pedido de impeachment de Mourão feito pelo deputado Marco Feliciano em 2019, que foi arquivado por Rodrigo Maia

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O distanciamento cada vez mais claro entre Bolsonaro e Hamilton tornou evidente a ruptura da atual chapa presidencial. Desprezando o nome do atual vice-presidente para concorrer às eleições de 2022, Bolsonaro já tem ao menos outros três nomes para possível vice

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Por sua vez, Mourão tem mostrado interesse em disputar o governo do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul. Se despedindo do PRTB, o general anunciou filiação ao Republicanos em 16 de março

Bruno Batista/ VPR

 

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