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Visita no hospital e carta na prisão: como Marta fez as pazes com Lula

Reaproximação entre Marta Suplicy e Lula envolveu visita ao hospital, carta enviada na prisão e jantares entre a ex-senadora e petistas

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1 de 1 Imagem do presidente Lula com Marta Suplicy - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Sacramentada nesta semana com o encontro entre os dois no Palácio do Planalto, a reaproximação de Marta Suplicy com Lula envolveu uma visita da ex-senadora ao petista no hospital e até o envio de uma carta para ele durante o período em que esteve preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Marta e Lula romperam em 2015, quando a então senadora deixou o PT após mais de 30 anos de filiação, em meio aos escândalos de corrupção revelados pela Lava Jato. No mesmo ano, ela se filiou ao MDB. Em 2016, rompeu de vez com o petismo após votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

Um ano após o impeachment, Marta fez um primeiro gesto a Lula, ao visitar a já falecida ex-primeira-dama Marísa Letícia no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A visita foi incentivada pelos advogados petistas Sigmariga Seixas e Marco Aurélio de Carvalho, que sempre mantiveram boa relação com a ex-prefeita.

Aliados de Marta que acompanharam o episódio lembram que a visita foi marcada por certo constrangimento. Ao chegar ao hospital para cumprimentar Lula, a ex-senadora teve de passar por um corredor lotado de petistas que não queriam nem ouvir o nome dela, após seu apoio ao impeachment.

A carta de Marta a Lula

Em outubro de 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, Marta fez um novo grande gesto a Lula, mandando um carta ao petista na prisão. No documento, a ex-senadora dizia que ela e o então ex-presidente tinham uma “forte amizade”, “construída por muitos sonhos”.

A carta foi levada a Lula pelo deputado estadual paulista Emídio de Souza (PT). O documento foi precedido por uma declaração do atual presidente da República elogiando a gestão de Marta como prefeita de São Paulo e dizendo que ela seria bem-vinda, caso desejasse voltar ao PT.

Em 2020, Marta voltou a se afastar dos petistas quando decidiu apoiar a reeleição de Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo. Naquela eleição, o PT teve candidato próprio: o secretário nacional de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, que acabou em sexto lugar.

O apoio rendeu a Marta a nomeação como secretária de Relações Internacionais da prefeitura, cargo do qual acabou demitida por Nunes na terça-feira (9/1), um dia após ela se reunir com Lula e indicar que topa voltar ao PT para ser vice de Guilherme Boulos (PSol) em 2024.

O dignóstico de Lula

A ideia de Marta ser vice de Boulos partiu do próprio Lula, em meados de 2023. Até então, o nome do PT mais cotado para a vaga era o de Ana Estela Haddad, atual secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde e esposa do ministro da Fazenda e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Embora tenha uma relação pessoal com Ana Estela, Lula avalia que ela não tem densidade eleitoral como Marta, nem agregaria votos a Boulos. Para o presidente, a aliança de Boulos com Marta passará a mensagem de “frente ampla” para derrotar o “bolsonarismo”, que deve apoiar Nunes.

Lula atuou para vencer resistências a Marta

Com base nesse diagnóstico, Lula começou a conversar com caciques do PT. Ele sabia que precisava vencer resistências. Uma delas era do deputado federal Rui Falcão, que rompeu com Marta desde que ela entregou rosas para advogada Janaína Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma.

Para a missão, Lula escalou o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que organizou um jantar entre Rui Falcão e Marta em sua casa, na capital paulista, em 2023. No encontro, os dois fizeram as pazes, e, desde então, o deputado passou a ser o principal interlocutor de Lula com a ex-senadora.

Foi por meio do celular de Rui, por exemplo, que o presidente falou com Marta em 12 de dezembro. Na conversa, Lula externou diretamente o desejo de que ela retornasse ao PT para ser vice de Boulos. Os dois voltaram a se falar no final do mês, quando o petista ligou para a ex-senadora para desejar Feliz Natal.

Na ligação do final do ano, o presidente convidou Marta para ir a Brasília em 8 de janeiro e participar do ato em alusão ao primeiro aniversário das invasões golpistas. Propôs ainda que aproveitassem a passagem dela pela capital federal para conversarem pessoalmente no Planalto.

Marta chegou a Brasília no domingo (7/1). Na manhã da segunda, se reuniu com Lula no Planalto. Rui Falcão e o marido da ex-senadora, Márcio Toledo, acompanharam o encontro. Na conversa, Lula reiterou a proposta. Marta aceitou, mas pediu um tempo para conversar com Nunes antes de anunciar.

O prefeito não foi informado previamente do encontro de sua secretária com Lula. Marta não falava pessoalmente com Nunes desde que vieram à tona as especulações sobre a volta dela ao PT. Ela estava de férias da prefeitura desde 15 de dezembro de 2023 e, até então, retornaria na segunda-feira (15/1).

Após as notícias de que a ex-senadora já havia fechado uma aliança com Lula e Boulos, o atual prefeito de São Paulo decidiu se antecipar e chamou Marta para uma conversa na sede do Executivo municipal na tarde de terça. No encontro, anunciou a demissão da secretária por “quebra de confiança”.

Marta ajudou Lula em 2022

A reaproximação de Lula e Marta também passou pelas eleições presidenciais de 2022. Foi na casa da ex-senadora, por exemplo, que Lula almoçou com Simone Tebet (MDB), em 5 de outubro, para fechar o apoio da emedebista ao petista no segundo turno do pleito, como noticiou a coluna à época.

Um ano antes, em 2021, Marta ajudou na costura política que levou o ex-tucano Geraldo Alckmin a ser vice de Lula. Petistas e alckmistas dizem, inclusive, que teria sido em um jantar no apartamento da ex-senadora, na capital paulista, que a ideia da chapa Lula-Alckmin surgiu.

Marta também chegou a participar do jantar, no final de 2021, em São Paulo, em que Lula e Alckmin apareceram juntos pela primeira vez. O evento foi organizado pelo Prerrogativas, grupo de advogados progressistas e anti-lavajatistas coordenado por Marco Aurélio de Carvalho.

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