Lula “protegeu” Haddad com fala sobre déficit, avaliam auxiliares
Para auxiliares, Lula usou a fala para “chamar para si” a responsabilidade por não cumprir meta de déficit zero, poupando Fernando Haddad
atualizado
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O presidente Lula não contrariou, mas, sim, “protegeu” Fernando Haddad ao afirmar que o governo “dificilmente” conseguirá cumprir a meta de zerar o défict fiscal em 2024, até então defendida pelo ministro da Fazenda.
Essa foi a avaliação feita por alguns aliados e auxiliares presidenciais ao minimizar o impacto da declaração dada presidente da República durante um encontro com jornalistas, na sexta-feira (27/10).
Disse Lula aos jornalistas:
“Muitas vezes, o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida. Então eu sei, conversando com o Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos de obras”.
Para um grupo de auxiliares, Lula usou a fala para “chamar para si” a responsabilidade e “assumir o desgaste” pelo provável não cumprimento da meta de zerar o déficit nas contas públicas prometida por Haddad.
Com isso, o presidente estaria “protegendo” seu ministro da Fazenda de cobranças do mercado financeiro e do Congresso Nacional por não entregar um resultado fiscal prometido.
Lula enfraquece pauta econômica
Se por um lado “protegeu” Haddad, por outro a fala de Lula enfraqueceu a pauta econômica que o ministro da Fazenda vinha tentando aprovar no Congresso para ajudar a cumprir a meta de déficit zero.
Nesta semana, por exemplo, Haddad foi pessoalmente até a casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), interceder pela votação do projeto de lei que de tributação dos investimentos offshore e de fundos exclusivos.
O próprio Lula precisou agir para garantir a análise da matéria. A proposta só foi aprovada após o presidente da República anunciar publicamente a indicação de um aliado de Lira para o comando da Caixa Econômica Federal.
“Trata-se de uma fala brochante para a pauta econômica, que sofre resistências no Legislativo. Até porque o próprio atraso na votação da LDO ocorreu para dar a oportunidade para o governo federal realizar o convencimento acerca das propostas da equipe econômica”, avaliou o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024.