Lula embarca para o Chile com discussão sobre Venezuela no radar
Presidente Lula embarca neste domingo (4/8) para uma visita oficial de dois dias ao Chile, acompanhado de mais de 10 ministros do governo
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Lula embarca, na tarde deste domingo (4/8), para uma visita oficial de dois dias ao Chile. Na agenda, estão previstos encontros com empresários e membros dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário chileno, além da assinatura de pelo menos 17 acordos e memorandos bilaterais.
O petista viajará acompanhado de 14 ministros do governo. Entre eles, Mauro Vieira (Itamaraty), Carlos Fávaro (Agricultura), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).
Lula embarcará para Santiago direto de São Paulo, onde o presidente passou parte do fim de semana. A previsão é de que o mandatário brasileiro chegue à capital chilena na noite de domingo e siga direto para “The Ritz-Carlton”, hotel cinco estrelas em que ficará hospedado na cidade.
Os compromissos oficiais de Lula, porém, só começarão na segunda-feira (5/8). O principal deles será uma reunião com o presidente do Chile, o progressista Gabriel Boric. O encontro acontecerá no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, e se estenderá até a hora do almoço.
Reunião bilateral com Boric
Na reunião bilateral, Lula e Boric deverão conversar sobre temas como a necessidade do fim da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e as medidas pela preservação do meio ambiente, especialmente com a aproximação do G20, que terá uma cúpula em novembro no Rio de Janeiro.
Uma das bandeiras de Lula à frente do G20 este ano é o lançamento da Aliança Contra a Fome e a Pobreza. A ideia do petista, segundo o Itamaraty, é pedir apoio do Chile ao programa. Já Boric pretende pautar no encontro temas como segurança e combate ao crime organizado.
Eleição na Venezuela poderá ser abordada
Auxiliares de Lula não descartam que a polêmica eleição presidencial na Venezuela seja abordada na conversa entre o petista e o presidente chileno. Boric tem tido uma postura bem mais crítica que Lula em relação ao regime do ditador Nicolás Maduro, que se diz vencedor do pleito.
Embora seja de esquerda, Boric afirmou que o Chile não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”. Já Lula cobrou a apresentação das atas das zonas eleitorais da Venezula, mas, em compensação, afirmou não ter visto nada de “anormal” ou “grave” no pleito do país vizinho.
“É mais do que natural que dois presidentes conversem sobre a região. Principalmente o encontro privado é o momento de falar mais livremente. Acho que é natural que falem dos assuntos do dia. Mas não é um tema da agenda. Nossa agenda é eminentemente bilateral”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, em conversa com a imprensa na quinta-feira (1º/8).
Acordos previstos
Segundo integrantes do Itamaraty, há pelo menos 17 acordos e memorandos de entendimento prontos para serem assinados por Lula e Boric durante a vista oficial. Os acordos são em áreas como turismo, comércio, saúde, direitos humanos, ciência e tecnologia e temas consulares.
Um deles, como noticiou a coluna, prevê um novo tratado de extradição entre Brasil e Chile. O atual foi ratificado em 1935. Outro acordo prevê uma facilitação para conversão das carteiras da habilitação para brasileiros que moram no Chile e para chilenos que moram no Brasil.
Isso significa que brasileiros que moram no Chile poderão converter a sua CNH para “Licencia de Conducir” e os chilenos residentes no Brasil farão a conversão da “Licencia” para a CNH sem processos burocráticos.
Lula deve encontrar CEO da Latam
Após a agenda com Boric, Lula fará uma visita às sedes dos poderes legislativo e judiciário chileno. A primeira delas será ao presidente da Suprema Corte, ministro Ricardo Branco Herrera. Na sequência, o mandatário brasileiro deve se encontrar com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.
Ainda na segunda, está previsto um encontro de Lula com Roberto Alvo, atual CEO da Latam, companhia área multinacional com forte operação no Brasil. O petista encerrará a noite em um fórum empresarial promovido pela Apex-Brasil, seguido de um jantar na embaixada brasileira em Santiago.
Na terça-feira (6/8), Lula retomará os encontros políticos. Pela manhã, ele deve ter uma reunião com a atual prefeita da capital chilena, Irací Hassler. Filiada ao Partido Comunista Chileno, Irací é filha de uma brasileira — ela tem raiz brasileira também no primeiro nome, de origem tupi-guarani.
A expectativa é de que o mandatário brasileiro retorne a Brasília já no início da tarde da terça-feira. A viagem de Lula ao Chile, vale lembrar, estava prevista para ocorrer em maio de 2024, mas acabou adiada em razão das fortes chuvas que atingiram o estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
Veja a previsão de agenda de Lula no Chile:
Domingo (4/8):
- 17h: partida de São Paulo para Santiago;
- 20h: chegada de Lula ao aeroporto de Santiago.
Segunda-feira (5/8):
- 9h40: cerimônia de oferenda floral no Monumento al Libertador Bernardo O’Higgins;
- 10h: chegada ao Palácio de La Moneda;
- 11h: reunião bilateral com o presidente do Chile, Gabriel Boric;
- 12h: Cerimônia de assinatura de atos;
- 12h30: declaração conjunta à imprensa;
- 12h45: cerimônia de condecorações;
- 13h: almoço oferecido pelo presidente Boric a Lula;
- 14h35: visita ao presidente da Suprema Corte do Chile, ministro Ricardo Blanco Herrera;
- 15h: visita aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados chilenos;
- 17h45: audiência com o secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs;
- 18h30: audiência com o CEO da Latam chilena, Roberto Alvo;
- 19h: encerramento do fórum empresarial Chile-Brasil;
- Jantar oferecido pelo embaixador do Brasil no Chile.
Terça-feira (6/8):
- 9h: audiência de Lula com a prefeita de Santiago, Irací Hassler;
- 11h20: cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Centro Espacial Nacional (CEN);
- 12h30: partida de volta ao Brasil.