Lula e Boric almoçam com ex-presidente chilena atacada por Bolsonaro
Ex-presidente chilena Michele Bachelet, atacada por Bolsonaro em 2019, participa de almoço de Gabriel Boric com Lula no Palácio de La Moneda
atualizado
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Enviado especial a Santiago — Atacada por Jair Bolsonaro em 2019, a ex-presidente chilena Michele Bachelet participa, nesta segunda-feira (5/8), do almoço oferecido pelo atual presidente do Chile, Gabriel Boric, ao presidente Lula. O almoço acontece no Palacio de La Moneda, sede do governo chileno.
Ao chegar ao palácio, Bachelet disse à imprensa que pretende abordar a situação da Venezuela durante o almoço com Lula e Boric. Ela afirmou esperar uma solução para que todos saibam o “resultado verdadeiro” das eleições venezuelanas, alvo de disputa entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição.
Bachelet foi atacada por Bolsonaro em setembro de 2019, quando o brasileiro ainda era presidente da República e a chilena atuava como comissária das ONU para Direitos Humanos. Bolsonaro reagiu a uma crítica feita por Bachelet à “redução do espaço cívico e democrático” no Brasil na época.
“Observamos uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições ao trabalho da sociedade civil e ataques a instituições de ensino”, disse Bachelet, que criticou ainda o aumento da violência policial no Brasil desde 2019, após a posse de Bolsonaro.
“(Bachelet) está acusando que não estou punindo policiais que estão matando muita gente no Brasil. Essa é a acusação dela. Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Eu acho que não preciso falar mais nada para ela”, reagiu Bolsonaro em 2019.
O pai da ex-presidente chilena, general Alberto Bachelet, foi torturado e morto pela ditadura de Augusto Pinochet, que começou em 1973 e terminou em 1990. Nesse período, números oficiais apontam que mais de três mil pessoas morreram no Chile. A própria Michelle Bachelet e sua mãe foram torturadas na época.