Governo Lula deu cargo de confiança a delegado suspeito de espionagem
Delegado apontado como membro do núcleo de alta gestão do esquema de espionagem na Abin ganhou cargo de coordenação no governo Lula
atualizado
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Um dos investigados por esquema de espionagem ilegal de autoridades pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Bolsonaro ganhou cargo de confiança no governo Lula.
Trata-se do delegado da Polícia Federal Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, afastado das funções na corporação na quinta-feira (25/1) em razão das suspeitas do esquema de espionagem.
Carlos Afonso foi secretário de Planejamento e Gestão na Abin durante o governo Bolsonaro até abril de 2022, quando foi exonerado da agência e enviado pela PF para um curso em Washington, nos Estados Unidos.
O delegado deveria ter ficado na capital americana até julho de 2024, mas a direção da PF, já sob o governo Lula, antecipou seu retorno ao Brasil para julho de 2023.
Três meses depois, em outubro do ano passado, Carlos Afonso foi designado como coordenador do Comando de Aviação Operacional da Polícia Federal, cargo de confiança dentro da corporação.
A designação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 16 de outubro, com assinatura do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli.
Na investigação da PF, Carlos Afonso é apontado como um dos integrantes do “núcleo de alta gestão” da organização que se instalou na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
“As apurações internas, conforme comprovado pela Polícia Federal, realizadas sobre a utilização da solução tecnológica na Abin, teriam sido obstadas por interferência dos ‘delegados de entonces’, identificados como Alexandre Ramagem Rodrigues (ex-diretor-geral da Abin) e Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho (ex-secretário de Planejamento e Gestão e ex-diretor-adjunto)”, diz o relatório da PF.
Em sua decisão, o ministro do STF Alexandre de Moraes atendeu a pedido da PF e ordenou o afastamento imediato de Carlos Afonso e outros seis integrantes da corporação das funções públicas.