Joias: Cid diz à PF que Bolsonaro recebeu US$ 30 mil em espécie em NY
Relatório da PF diz que Jair Bolsonaro recebeu US$ 30 mil em espécie durante viagem oficial a Nova York, em 2022, referente a venda de joias
atualizado
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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que entregou US$ 30 mil em espécie ao ex-presidente da República referente a venda de joias em Nova York.
Os recursos foram entregues em setembro de 2022, quando Bolsonaro estava na cidade americana para fazer aquele que seria seu último discurso como presidente brasileiro na Assembleia Geral da ONU.
A informação, antecipada pela coluna em 19 de junho deste ano, consta no relatório da Polícia Federal sobre o inquérito das joias, cujo sigilo foi levantado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
“Em termo de depoimento, prestado na data de 28 de agosto de 2023, o colaborador MAURO CESAR CID relatou que viajou em setembro de 2022, na comitiva do então Presidente JAIR BOLSONARO para a abertura da Assembleia-Geral da ONU na cidade de Nova Iorque. Neste mesmo período, o pai do colaborador, MAURO CESA LOURENA CID, também viajou para a cidade de Nova Iorque, pois integrava a comitiva presidencial. MAURO CID confirmou que seu pai, LOURENA CID entregou cerca de US$ 30.000,00 (trinta mil dólares) em espécie a JAIR BOLSONARO, por meio do colaborador, na cidade de Nova Iorque.”, diz a PF no relatório.
No documento, a Polícia Federal afirma que o pai de Mauro Cid confirmou em depoimento ter entregue parte do valor a Bolsonaro durante a viagem oficial a Nova York.
À época, o general reformado morava em Miami, onde ele comandou o escritório da Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex) durante o governo Bolsonaro.
Bolsonaro também recebeu dinheiro em Miami
No relatório, a PF diz ainda que Bolsonaro também recebeu recursos da venda das joias em Miami já depois de deixar o Palácio do Planalto, por meio de Osmar Crivelatti, que atuava como segurança do ex-presidente.
Os recursos teriam sido repassados nos meses de fevereiro e março de 2023, quando Bolsonaro estava morando em Orlando, cidade onde se refugiou após deixar a Presidência.
“Em novo termo de declarações prestado na data de 26/03/2024, LOURENA CID ratificou que repassou valores ao então Presidente da República JAIR BOLSOANRO, por meio de seu assessor OSMAR CRIVELATTI. O declarante disse que repassou os valores em duas oportunidades nos meses de fevereiro e março de 2023. Uma das entregas ocorreu quando ex-presidente JAIR BOLSONARO e seu assessor OSMAR CRIVELATTI foram até a residência do declarante na cidade de Miami. Na outra oportunidade, LOURENA CID disse que o assessor OSMAR CRIVELATTI foi sozinho até a residência do declarante e pegou parte dos valores decorrentes da venda dos relógios. Por fim, afirmou que não sabe informar o motivo de não ter passado os valores diretamente para o ex-Presidente JAIR BOLSONARO”, diz o documento.
Defesa de Bolsonaro nega
Procurado, o advogado e assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse à coluna em 19 de junho que o ex-presidente nega com veemência ter mandado vender ou recebido dinheiro referente à suposta venda de joias.
Para Wajngarten, Mauro Cid foi pressionado a fechar o acordo de delação premiada com a PF porque estava preso à época, sem poder sequer receber familiares. “Quem acusa tem que provar”, afirmou o advogado.
O assessor sustentou ainda que Bolsonaro não costumava ter acesso aos presentes que recebia no exterior. Prova disso, diz, seriam os dois conjuntos de joias trazidos por uma comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque.
Conforme o jornal o Estado de S. Paulo noticiou em março de 2023, a comitiva tentou entrar no Brasil em outubro de 2021 com dois conjuntos de joias enviados pelo governo da Arábia Saudita a Bolsonaro.
Os estojos foram transportados em mochilas de assessores do então ministro. Um deles passou sem ser percebido pelas autoridades. Já o outro foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
Segundo Wajngarten, Bolsonaro só teria tomado conhecimento dos dois conjuntos 14 meses depois. “Se os dois conjuntos tivessem passado, será que teriam chegado ao presidente?”, questionou o assessor.