Inquérito do golpe: depoimentos de novos militares intrigam Mauro Cid
Depoimento de um general e quatro coroneis à PF nesta semana, no inquérito do golpe, intrigou Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
atualizado
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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou a colegas de Exército que ficou intrigado com o depoimento à Polícia Federal nesta semana de um general e quatro coroneis no inquérito que investiga a tentativa de golpe.
Segundo militares próximos a Cid, desde que a notícia dos depoimentos veio à tona, ele buscou seu advogado e colegas da caserna para entender por que o general e os quatro coroneis só foram ouvidos agora, no momento em que a PF diz estar concluindo a investigação.
Nas conversas, de acordo com os relatos, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse não acreditar na versão de que o nome dos militares teriam aparecido em novas mensagens encontradas em arquivos recuperados pela PF de aparelhos eletrônicos de Cid.
O tenente-coronel mandou notícias a esses aliados, segundo os mesmos relatos, mostrando que a Polícia Federal tem, desde a época da operação Lava Jato, software isaraelense que permite acessar conteúdos apagados ou na nuvem de celulares e computadores.
Cid, vale lembrar, fechou acordo de delação premiada com a PF e falou sobre a tentativa de golpe. O acordo já foi homologado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O militar espera agora seu julgamento pelo Supremo, que decidirá o tamanho de sua pena.
Quem prestou depoimento à PF
O general da ativa que prestou depoimento à PF foi Nilton Rodrigues, atual comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, na Amazônia. Na época dos fatos, ele era assistente do general Freire Gomes, que comandou o Exército em 2022, último ano do governo Bolsonaro.
À época, conforme a coluna noticiou na quinta-feira (7/11), Nilton Rodrigues ainda era tenente-coronel. Ele só foi promovido a general de Exército em 31 de março de 2023, em ato assinado pelo presidente Lula e pelo atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Já os coroneis ouvidos foram: Anderson de Moura, Fabrício de Bastos, da ativa, e Carlos Giovani Pasini, da reserva. Anderson e Carlos foram indiciados pela PF na semana passada por participar da elaboração de uma carta que pressionava as Forças Armadas a adeir a um golpe após a eleição de Lula em 2022.
Um quarto coronel, Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, que também é da ativa, também foi chamado a prestar depoimento à Polícia Federal nesta semana. A investigação contra o militar, contudo, está suspensa após ele conseguir uma liminar judicial nesse sentido.