Haddad alfineta Guedes e diz que ex-ministro era quem defendia moeda única
Haddad declarou que a proposta dos dois países é diferente da ideia de “moeda única” defendida pelo ex-ministro da Economia de Bolsonaro
atualizado
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Buenos Aires — O ministro da Economia, Fernando Haddad, respondeu indiretamente, nesta segunda-feira (23/1), em Buenos Aires, às críticas feitas por bolsonaristas à ideia discutida por Brasil e Argentina de criar uma “moeda em comum” para transações financeiras.
Em entrevista à imprensa após reunião com o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, Haddad fez questão de ressaltar que a proposta dos dois países é diferente da ideia de “moeda única” defendida pelo ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes.
“Nós recebemos dos nossos presidentes uma incumbência, não adotar, e deixo isso muito claro, uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, o Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Não se trata da ideia do ministro Paulo Guedes de uma moeda única, se trata de nós avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento”, afirmou Haddad a jornalistas.
A estratégia de citar Guedes para rebater as críticas de bolsonaristas foi antecipada pela coluna mais cedo. Guedes já defendeu a criação da moeda única entre Brasil e Argentina em diversas ocasiões, inclusive, durante suas participações no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
Cronograma
Na entrevista, Haddad afirmou ainda que não sabe de que país partiu inicialmente a ideia da “moeda em comum”. Ele também não deu uma previsão de quando o instrumento deve entrar em vigor. Segundo o ministro, a ideia visa retomar o nível de comércio entre os dois países, que teria caído 40%.
“Como disse, meu colega, Sergio Massa, caiu 40% o comércio entre os nossos dois países, e não foi por razões competitivas. O comércio caiu por uma situação que não foi enfrentrada: estabelecer um tipo de parceria dada a conjuntura que permita a Argentina voltar a comprar, o Brasil voltar a comprar e reestabelecer, se não, o patamar recorde, do nosso comércio exterior, pelo menos, recuperar uma parte desse tempo e desses recursos ao longo dos últimos 10 anos. Temos que ser engenhosos e estabelecer uma relação que possa servir de modelo para relação do Brasil e Argentina com outros países da América do Sul. Obviamente o ponto de partida é desafiador”, declarou Haddad.
Na entrevista, o ministro da Economia da Argentina contou que integrantes da sua equipe devem viajar para o Brasil na primeira semana de fevereiro. O objetivo é seguir com as negociações e debates com o time de Haddad sobre a implantação da moeda única.