Fora do MEC, Milton Ribeiro poderá escapar de audiência no Senado
Ex-ministro da Educação pode optar por não comparecer à audiência na Casa, mas senadores ainda querem ouvi-lo sobre “gabinete paralelo”
atualizado
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Oficialmente fora do governo, o agora ex-ministro Milton Ribeiro pode escapar de prestar depoimento na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado na próxima quinta-feira (31/3).
O então ministro da Educação foi “convidado” pelos senadores para explicar o esquema de um suposto “gabinete paralelo” dentro do MEC comandado por dois pastores evangélicos sem cargo oficial na pasta.
Como foi um convite, explicam senadores ouvidos pela coluna, Ribeiro pode não comparecer à sessão no colegiado sem problemas. Antes de pedir demissão, o então ministro havia confirmado presença.
Mesmo após a exoneração, senadores consideram que a presença de Ribeiro na comissão será importante para ajudar a esclarecer o esquema, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Essa saída não impede o Sr. Milton Ribeiro de ir até o Senado na próxima quinta-feira (31) e não afasta a necessidade de imediata e rigorosa apuração das graves condutas de CORRUPÇÃO apontadas a ele e a Bolsonaro”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em seu Twitter.
Entenda o caso
Ribeiro pediu demissão do MEC nessa segunda-feira (28/3), após reportagens revelaram que a pasta priorizou prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos.
Os dois pastores teriam, inclusive, cobrado vantagens ilícitas de prefeitos para facilitar a liberação de verbas no âmbito do FNDE, fundo ligado ao MEC.
Em um áudio atribuído ao ministro revelado pela Folha de S. Paulo, Ribeiro afirmou que a intermediação por meio dos pastores atendia a um pedido de Bolsonaro. O fato foi negado pelo ministro posteriormente, em nota.
Inquéritos
Após a revelação, a ministra do STF Cármen Lúcia autorizou abertura de inquérito para investigar o ministro da Educação no caso. A decisão atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Paralelamente, a Polícia Federal abriu outro inquérito, mas sem incluir Ribeiro no rol de investigados. Segundo a corporação, a apuração atinge apenas pessoas sem foro privilegiado.