Feminista, promotora de São Paulo negocia filiação a PL de Bolsonaro
Negociação preocupa alguns integrantes do Ministério Público paulista, que temem que ela seja “usada” por bolsonaristas
atualizado
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Referência em investigações de violência e assédio contra mulheres, a promotora de Justiça Gabriela Manssur negocia filiação ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
A negociação é para que ela seja candidata pelo partido a deputada federal em São Paulo. Se confirmada a filiação, ela terá de renunciar ao cargo no Ministério Público até 2 de abril.
A articulação preocupa alguns promotores paulistas. Nos bastidores, eles dizem temer que Gabriela seja “usada” por bolsonaristas para ajudar a diminuir a rejeição de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino.
Procurada pela coluna, a promotora não negou a negociação com o PL. Ela disse ter recebido convites de diversos partidos, mas ressaltou ainda estar avaliando se vai mesmo concorrer as eleições.
“Recebi convites de partidos diversos e estou avaliando em qual posição poderia, da melhor forma, defender e efetivar as ideias que pautam minha atuação, caso decida concorrer às eleições. No momento certo e se o caso, divulgarei minha filiação com o respeito às pessoas que sempre me impulsionaram a fazer o melhor pelo bem comum”, informou Gabriela.
Além do PL, a coluna apurou que a promotora recebeu convites do Podemos do ex-juiz Sergio Moro e do MDB da senadora Simone Tebet (MS).
Gabriela Manssur é idealizadora do movimento Justiceiras, voltado para combater a violência contra a mulher, e trabalha há 18 anos no Ministério Público em São Paulo.
Almoço com Bolsonaro
Em maio de 2021, a promotora participou de um almoço de Bolsonaro com lideranças femininas, o que provocou críticas de algumas integrantes do movimento Justiceiras.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em agosto do ano passado, ela afirmou que feminismo não é de direita ou de esquerda e sustentou ter uma atuação partidária.
“Não converso com políticos para fazer política, converso com pessoas que estão no poder para fazer e lutar por políticas públicas para as mulheres”, argumentou.